As fortes chuvas que atingiram o estado de São Paulo deixaram 2,5 milhões de imóveis sem luz. Moradores criticaram lentidão da Enel e estudantes correram risco de perder o Enem. Seis pessoas morreram

Apagão: milhões ficam sem luz após chuvas em São Paulo
TRAGÉDIA Seis pessoas morrem em São Paulo em decorrência das chuvas. Na capital paulista, rajadas chegaram a 103,7km/h. Milhões ficaram sem luz.

As intensas chuvas que atingiram o estado de São Paulo na última sexta-feira (3) ainda causam transtornos e deixam um rastro de destruição. Até o momento, são seis os mortos confirmados. De acordo com a Defesa Civil de SP, os ventos atingiram marcas de até 151 km/h em Santos e 103,7 km/h em São Paulo, a maior velocidade registrada em meia década. Mesmo 24h depois do forte temporal, mais de 2.5 milhões de imóveis estavam sem energia.

As defesas civis e o Corpo de Bombeiros registraram mais de 2 mil chamados em ocorrências em 40 municípios do estado, a maioria por queda de árvore. Quatro pessoas morreram por conta da queda de árvores, sendo uma em Osasco, uma em Suzano, municípios da Grande São Paulo; e duas na zona leste da capital paulista. 

Também houve óbito em Limeira, por desabamento de um muro, e em Santo André, devido à queda da parede de um prédio. Na capital, o Parque do Ibirapuera ficou fechado no sábado.

Uma nota da organização da 35a Bienal de São Paulo comunicou a suspensão das atividades, sem informar a previsão de retorno. Já na OCA, as visitas também foram canceladas e o público foi orientado a reagendar seus bilhetes. 

Ainda no sábado, esteve no trend topics do X (antigo Twitter) o nome das principais empresas privadas que prestam o serviço no Estado. Nas redes sociais, vídeos que registraram árvores em queda, carros atingidos e fortes chuvas circularam com queixas e muita revolta gerada pela falta de agilidade das empresas em responder aos chamados. 

O perfil do Deputado Estadual Simão Pedro denunciou que a empresa Enel, responsável pelo fornecimento da capital, “cortou os canais de relacionamento” e não comunicava “a previsão de retorno da energia”.

“As questões das mudanças climáticas nos colocam grandes desafios”, disse o prefeito Ricardo Nunes, em coletiva de imprensa na sede da Enel, referindo-se ao acontecimento como excepcional. 

Ele informou que foram 618 chamados na área de iluminação pública, sendo que 133 estão em aberto e 99 ainda com espera para início do atendimento. Neste momento, 1.470 profissionais trabalham no corte de árvores, antes eram 300. Dos 6,5 mil semáforos, 247 seguem apagados por falta de energia e 20 por falha no equipamento. 

No sábado, Alexandre Silveira determinou a abertura de uma sala de situação para acompanhar o fornecimento de energia elétrica em São Paulo. “Desde o início do dia, o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vêm trabalhando junto às concessionárias de distribuição de energia elétrica do estado, buscando identificar as situações de falta de fornecimento em decorrência das fortes chuvas de ontem.”

Até o fechamento desta edição, a conta é de que 1,1 milhão de imóveis ficaram sem energia elétrica em São Paulo por mais de 48h. A lenta resposta da Enel, criticada e ironizada por moradores em redes sociais, fez ressurgir também as críticas à privatização da Sabesp, a maior empresa de saneamento do mundo, uma promessa de campanha do governador Tarcísio de Freitas. A votação sobre a privatização deve ocorrer ainda este ano na Assembleia Legislativa estadual (Alesp).

O deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL de São Paulo, fez um comunicado em suas redes sociais informando irá solicitar à Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (ARSESP) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma “punição rigorosa” à Enel, concessionária privada de energia que atende São Paulo e 23 municípios da região metropolitana da capital paulista.

Enem em São Paulo

O Ministério de Minas e Energia (MME) criou uma sala de situação para acompanhar o fornecimento de energia elétrica no estado. Já no sábado, a pasta anunciou que o fornecimento de energia nos locais de realização do Enem seria garantido com geradores e ressaltou que já havia solicitado que todas as distribuidoras organizassem planos de contingência para a garantia do fornecimento de energia elétrica nas datas de realização do Enem 2023, buscando reforçar equipes de plantão e suspender atividades que pudessem comprometer ou colocar o atendimento em risco. 

O risco de prejuízo aos estudantes e ao Inep foi grande. De acordo com Vincenzo Ruotolo, diretor de distribuição da Enel, das 308 escolas que receberiam o Exame, 84 tiveram algum problema de fornecimento de energia elétrica. Até a noite de sábado, 47 escolas ainda estavam sem energia, mas no domingo todas as escolas em São Paulo que estavam com problema de energia e que recebem o Enem tiveram o serviço restabelecido, informou o governo do estado.

Apagão: milhões ficam sem luz após chuvas em São Paulo
RESPOSTA RÁPIDA Presidente Lula visitou o Inep no domingo e garantiu aos estudantes que nenhuma escola ficaria sem energia em São Paulo.

O presidente Lula garantiu, no domingo, que todas as escolas do país participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023 realizariam, conforme planejado, as provas do primeiro dia, mesmo aquelas unidades que registraram falta de energia, afetadas pelas fortes chuvas. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) afirmou que monitora a situação climática em todo o país, inclusive os impactos causados pelas fortes chuvas em São Paulo. 

“Liguei para o ministro Alexandre [Silveira, de Minas e Energia], ele está em São Paulo garantindo que 100% das escolas estão com os problemas de energia resolvidos. Portanto, as crianças e os nossos jovens vão ter a possibilidade de fazer a prova. Pode ser que em alguma cidade, por conta da chuva, no Paraná ou em Santa Catarina, tenha algum problema. Mas se tiver problema, esses meninos e meninas serão beneficiados na outra prova do Enem.” De acordo com o Ministério da Educação (MEC), as novas datas serão 12 e 13 de dezembro.

O presidente deu a declaração no fim da manhã, durante visita à sala de situação na sede do Inep, em Brasília, cerca de uma hora antes do fechamento dos portões dos locais de aplicação das provas do Enem, marcado para as 13h, no horário de Brasília. Na sala de situação, são monitoradas as possíveis ocorrência durante a aplicação das provas. 

Na visita ao Inep, o presidente Lula esteve acompanhado do ministro Camilo Santana; do presidente do Inep, Manuel Palácios; do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta; e da primeira-dama, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja.

Lula detalhou a articulação do governo federal desde que os problemas foram identificados: “Ontem, nós estávamos um pouco preocupados com a informação de que por volta de 400 escolas não poderiam ter o Enem por causa da chuva e da falta de energia, em algumas escolas. Eu conversei com o ministro de Minas e Energia, que conversou com o Camilo [Santana, ministro da Educação], que conversou com a Agência Nacional [de Energia Elétrica, Aneel]. Eles se comprometeram que, hoje, todas as escolas estariam prontas para fazer o Enem ou estariam prontas com energia consertada, ou aquela que não estivesse pronta, teria gerador.”•

Com informações da Agência Brasil