Carta ao Leitor: A cadela do fascismo não latiu na Argentina
Alberto Cantalice
A surpreendente ultrapassagem do candidato peronista Sérgio Massa, no primeiro turno das eleições argentinas, é um grande alento para as forças progressistas no continente. Javier Milei — a mistura mal ajambrada de Jair Bolsonaro e Donald Trump — amargou uma derrota catastrófica nos principais redutos populares do país.
A exuberante vitória do governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, no primeiro turno ajudou a catapultar a candidatura de Massa e abre uma janela de oportunidades para a vitória do peronismo no segundo, em 19 de novembro. “A campanha só termina quando Sergio Massa for o próximo presidente da Argentina”, disse.
A candidata do ex-presidente Maurício Macri, a neoliberal Patrícia Bullrich, amargou um distante terceiro lugar. Parte do seu eleitorado foi tragado pelo farsante. Bullrich e parte do establishment que comandava sua campanha podem ser decisivos na próxima disputa.
“Precisamos de um governo nacional comprometido com o povo, com sua felicidade e com a grandeza de nossa nação”, discursou Kicillof. “Foi um voto que conseguimos pela democracia, pela memória, pelas Malvinas, pelos trabalhadores e pelos aposentados. A grande maioria sabe que existem problemas, mas que se resolvem com mais Estado e mais solidariedade.”
A capacidade de articulação de Sergio Massa será fundamental para a ampliação de suas alianças políticas. O candidato já sinaliza buscar o apoio da União Cívica Radical (UCR), que no primeiro turno apoiou Bulrich.
O mal intitulado anarco-capitalista Javier Milei terá dificuldades nesta segunda volta. Seus candidatos nas províncias — o equivalente aos estados brasileiros — tiveram desempenhos pífios. Isso sem dúvida será um complicador a mais em sua atabalhoada caminhada.
As forças progressistas da América Latina, que já respiravam novos ares com as eleições de Lula no Brasil, Boric no Chile e Petro na Colômbia, estarão mais fortes para enfrentar a cadela do fascismo.