Zeca Dirceu: Lula e a nova ordem global
Artigo do líder Zeca Dirceu: Presidente brasileiro colocou nosso país no centro do mundo durante a abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Seu discurso deu voz a pobres, migrantes e refugiados
O pronunciamento histórico que o presidente Lula fez na abertura da 78º Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, colocou o Brasil no centro do mundo. Com postura de líder mundial, deu voz aos pobres, migrantes, refugiados, miseráveis, excluídos e a todas as pessoas marginalizadas do planeta. Lula tocou em temas essenciais aos brasileiros e a todos os povos, como o combate à fome, à desigualdade, ao racismo, à discriminação, à destruição ambiental e às guerras. E, sobretudo, deixou evidente a necessidade de construção de uma nova ordem global.
O mundo não pode girar mais na lógica da concentração das riquezas que produz pobreza e exclusão das pessoas do Estado de bem-estar social, com base em modelo que depreda a natureza e ameaça o planeta em nome do lucro insano e antiecológico. Para a construção de um mundo mais justo, solidário e sustentável, é preciso agir rápido, a começar pela reconfiguração do papel das instituições multilaterais, com mais protagonismo dos países em desenvolvimento, inclusive com a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, ao qual o Brasil pleiteia um assento permanente.
Mudar as instituições multilaterais criadas no pós- Segunda Guerra é tarefa urgente. Já não é mais admissível o controle das nações ricas sobre a agenda global. E o momento é propício, com a gradual perda de hegemonia do Ocidente e a emergência do chamado Sul Global. O mundo está maduro para mudanças.
Na nova geopolítica desponta, por exemplo, um novo papel do Brics, agora ampliado. O multilateralismo precisa ser reconstruído em novas bases, com maior peso dos emergentes nos processos de decisão. Como disse Lula: a ampliação recente do Brics “fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21.”
Um maior protagonismo dos países em desenvolvimento é um objetivo articulado há mais de 60 anos, com o Movimento dos Países Não Alinhados, criado para lutar contra o imperialismo, o colonialismo, o neocolonialismo, o racismo e todas as formas de agressão estrangeira, ou com o Grupo dos 77 – uma coalizão de nações em desenvolvimento, que visa promover os interesses econômicos coletivos de seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na ONU. Fatores diversos durante a Guerra Fria, inclusive os golpes patrocinados pelos Estados Unidos — como o que derrubou e assassinou Salvador Allende, em 1973, no Chile— , inviabilizaram os pleitos do então chamado Terceiro Mundo. Hoje, o mundo é outro.
Lula deixou claro: Os países em desenvolvimento não querem mais se submeter ou ir a reboque de uma agenda ditada pelas nações ricas. Os foros alternativos ganharam muita força, mas para assegurar uma nova ordem mundial, será preciso muito diálogo entre as nações. As condições objetivas são favoráveis. Hoje, é necessário haver união em torno da paz e criar uma nova arquitetura de segurança e governança internacional, reduzir as desigualdades socioeconômicas e enfrentar com firmeza a mudança climática, uma ameaça sobre todo o planeta.
No âmbito interno, o Brasil tem feito com Lula o que ele disse na ONU. Ou seja, não foram palavras vazias. O Brasil, com o governo atual, resgatou programas de combate à fome e à miséria, como o Bolsa Família, aumentou os repasses para a aquisição de merenda escolar, retomou o Minha Casa, Minha Vida e a valorização do salário mínimo. No campo ambiental, reduziu drasticamente o desmatamento na Amazônia e passou a implementar programas estruturantes para assegurar uma transição energética de baixa pegada de carbono, com fontes limpas e sustentáveis.
Lula mostrou que o Brasil mudou, com um governo que busca o diálogo, o entendimento e a união do País. É um exemplo a ser replicado em escala global. •
Deputado federal pelo Paraná, é líder da bancada do Partido dos Trabalhadores
na Câmara dos Deputados