Brasil aciona EUA para investigar negócios de Bolsonaro e asseclas na Flórida
Brasil pede ajuda dos EUA para investigações sobre atuação de Bolsonaro e auxiliares nos negócios escusos feitos na Flórida
Tio Sam vai participar das investigações e situação de Bolsonaro se complica
Não bastassem os problemas do ex-presidente Jair Bolsonaro junto às autoridades judiciais brasileiras, suspeito de crimes que vão de peculato, corrupção, improbidade administrativa até tentativa de golpe de Estado e investida contra autoridades e o próprio Estado Democrático de Direito, agora o ex-presidente do Brasil pode vir a ser alvo dos Estados Unidos.
O Brasil solicitou formalmente assistência policial dos EUA em investigações que envolvem Bolsonaro depois que seu ex-ajudante de ordens concordou em cooperar com investigadores brasileiros. As informações são de investigadores da Polícia Federal.
O governo brasileiro solicitou ajuda dos EUA para corroborar as declarações do ex-AJO de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, sobre seu papel em várias investigações criminais envolvendo Bolsonaro, incluindo registros de vacinação falsificados e a venda de jóias de alto valor doadas por governos estrangeiros.
Cid foi libertado na semana passada da prisão, onde estava detido desde maio, depois de concordar em cooperar com a polícia. Os termos do acordo de delação premiada ainda não foram tornados públicos, mas o ex-ajudante de ordens prestou depoimento de mais de 30 horas junto aos investigadores da Polícia Federal. O acordo foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro insiste que não teve qualquer envolvimento com crimes, mas o volume de indícios e evidências têm crescido desde janeiro, depois dos ataques às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele enfrenta crescente perigo depois de perder as eleições. A Reuters divulgou reportagem ao longo da última semana apontando que o risco dele vir a acabar na prisão é real. O Tribunal Superior Eleitoral julgou-o inelegível até 2030.
Segundo autoridades da PF envolvidas nas investigações, os Estados Unidos já estão fornecendo assistência inicial e informal,. O pedido oficial, feito através do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão do Ministério da Justiça, formalizará o acordo e permitirá que quaisquer evidências possam vir a ser usadas contra Bolsonaro na Suprema Corte. O ministro da Justiça, Flavio Dino, anunciou que o pedido foi enviado na última terça-feira, 12.
Os advogados de Bolsonaro e Cid não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. A polícia acredita que Cid é peça central em vários esquemas envolvendo Bolsonaro. Depois de perder por pouco a eleição de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro e Cid partiram para uma estadia prolongada nos EUA, onde alguns dos supostos crimes ocorreram. A avaliação da PF é que pode levar de três a seis meses para o Brasil receber as informações de que precisa dos Estados Unidos. •
