Carta ao leitor: 50 anos da tragédia no Chile

No fatídico dia 11 de setembro de 1973, ruía sob o som terrificante dos bombardeios por aviões sobre o Palacio de La Moneda, a experiência do socialismo democrático no Chile.

O martírio de Salvador Allende, que preferiu a morte à desonra, calou fundo nas forças democráticas mundo afora. Enquanto isso em solo chileno os militares golpistas liderados pelo general Augusto Pinochet banhavam em sangue as ruas, praças e porões. Sangue daqueles que acreditavam e lutavam por uma nova perspectiva na América Latina.

“…Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. Eles têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos…”  Foram as últimas palavras em público de Allende, em pronunciamento na rádio.

Às centenas, brasileiros e brasileiras acorreram aquele país banidos pelo regime militar brasileiro que, como espelho para as demais ditaduras do continente, esmagou pelas baionetas a experiência democrática do governo João Goulart.

Atropelados por um novo golpe, alguns quedaram desaparecidos inicialmente nas masmorras estabelecidas no Estádio Nacional e posteriormente nas casas de detenção que se proliferaram.

Recentemente, testemunhamos o suicídio de um general chileno que fora condenado pelo assassinato do cantor e compositor comunista Victor Jara, morto barbaramente e depois esquartejado nas instalações do referido estádio. 

Outro fato relevante foi a descoberta recente do envenenamento do poeta Pablo Neruda, dias após o golpe militar. Crime que, juntamente com o de Victor Jara, demonstra o desprezo e o medo dos nazi-fascistas da cultura.

A memória de Salvador Allende permanece na sua inteireza nos corações e nas mentes dos valores democráticos e por uma sociedade mais justa e igualitária no mundo. Já os golpistas simbolizados pelo criminoso Augusto Pinochet estão no limbo da história. •