Queda nas importações deve ajudar a garantir superávit comercial recorde em 2023. Especialistas estimam alta de US$ 90 bilhões este ano, mesmo que a queda nas compras externas seja menor

O país segue surpreendendo também no fluxo de comércio exterior. Com exportações praticamente estáveis, a queda nas importações de quase 20% em agosto ajudou o Brasil a garantir um superávit comercial de US$ 9,8 bilhões, recorde para o mês, segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal. 

A dinâmica da balança de agosto deve continuar e, a julgar pelo saldo acumulado em oito meses – de US$ 63,3 bilhões, também recorde para o período –, especialistas apontam que o superávit possa chegar perto de US$ 90 bilhões em 2023, mesmo que a queda nas importações seja mais amena nos próximos meses.

Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB),  José Augusto de Castro lembra que sua última projeção, divulgada em julho, apontava superávit comercial de US$ 86 bilhões para este ano. Dado os resultados até agora, porém, ele admite que é razoável esperar saldos comerciais mensais médios acima de US$ 5 bilhões até dezembro, o que levaria a um superávit “provável” de cerca de US$ 90 bilhões na balança comercial brasileira em 2023.

Castro destaca, porém, que o saldo positivo deve vir de maior queda do valor das importações, resultado principalmente do ajuste de preços após a inflação global puxada pelos descompassos provocados pela pandemia de covid-19 e também pela explosão de preços de petróleo com a guerra entre Rússia e Ucrânia, desencadeada ainda no ano passado.

Dados da Secex mostram que, de janeiro a agosto, os desembolsos com importações somaram US$ 162,1 bilhões, valor 10,4% abaixo de iguais meses de 2022. A queda resultou de recuo de 8,1% nos preços, embora o volume das compras externas tenha ficado praticamente estável, com queda de 0,3%.

Do lado das exportações, lembra Castro, também houve ajuste de preços de magnitude igual, com queda de 8,1% nos mesmos oito meses. A boa safra agrícola e a recuperação nos embarques de minério de ferro, porém, ajudaram a garantir alta de 10,4% no volume, resultando em uma quase estabilidade para a receita de exportação, que avançou 0,3% em igual período. •

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