No segundo trimestre, a economia nacional supera as estimativas em um grande impulso para o terceiro governo de Lula. O presidente diz que não adianta o PIB crescer sem distribuição. Mas o melhor é que a taxa de desemprego caiu

A economia brasileira vai bem, obrigado. Ainda com todas as dificuldades impostas pela política monetária restritiva, que ainda mantém os juros na estratosfera, dificultando a retomada do crescimento, o cenário para os negócios e as perspectivas para o país são animadoras.

A economia do Brasil cresceu mais do que o esperado no segundo trimestre, em acordo com o aumento da atividade na indústria e serviços, em um impulso para a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de elevar os padrões de vida na maior economia da América Latina. O Produto Interno Bruto expandiu 0,9% nos três meses até junho, superando as previsões de um aumento de 0,3% trimestre a trimestre em uma pesquisa de analistas feita pela agência Reuters.  

Apesar da boa nova, o presidente disse que é possível melhorar ainda mais. Ele declarou na sexta-feira, 1º, que “não adianta” o PIB do país crescer sem que seja “distribuída” renda. Em evento no Ceará, Lula ligou a concentração de renda aos juros altos e voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“A gente não pode assistir na TV que o PIB cresceu, mas não foi distribuído. […] O PIB começou a ser distribuído quando nós aumentamos o salário mínimo [em mandatos anteriores]”, disse. “Essa gente precisa compreender que o dinheiro que existe neste país precisa circular nas mãos de muita gente. Se o dinheiro ficar parado nas mãos de poucas pessoas, é concentração de riqueza”.

Para Lula, a economia estaria melhor se os juros tivessem caído mais e antes. “Como um empresário vai investir? Como eles vão construir uma fábrica?”, questionou. “Como um empresário fará qualquer investimento se obtiver taxas de juros muito altas?” A Selic está em 13,25% ao ano. Em termos reais, os juros mais altos do planeta.

Apesar da bronca do presidente com o BC, a alta do PIB surpreendeu economistas e analistas de mercado, mas não é a única nova. Outra boa notícia na economia é que a taxa de desemprego no Brasil atingiu o patamar de 7,9% no trimestre encerrado em julho, marcando o menor índice para o período desde 2014, quando estava fixada em 7%. 

Os dados foram divulgados na quinta-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Aproximadamente 8,5 milhões de pessoas estão em busca de oportunidades de emprego, queda de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em abril, que serve como base de comparação.

O aumento da produção de bens e serviços do país e a queda do desemprego são boas notícias que foram comemoradas. “A gente fica feliz que as projeções do início do ano, feitas pelo Ministério da Fazenda, que era um crescimento superior a 2%, estão sendo superadas, e o crescimento do PIB desse ano deve atingir a marca de 3%”, celebrou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

As previsões para o crescimento do Brasil em 2023 estão sendo consistentemente revisadas para cima desde o início do ano, quando Lula assumiu o cargo após uma estreita vitória eleitoral sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro.

O banco Goldman Sachs revisou a projeção para o PIB do país neste ano de 2,7% para 3,25%, após a divulgação de alta. “O crescimento durante o segundo trimestre foi impulsionado pelo consumo (privado e público) e pelo acúmulo de estoques”, destacou Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina da instituição. Com o resultado do segundo trimestre, a “herança estatística” para o ano passou de 2,4% para 3,1%, observa Ramos. •

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