3 de setembro de 1939 – Declarada guerra contra Alemanha

A Grã-Bretanha e a França declararam guerra contra a Alemanha em 3 de setembro de 1939. Isso ocorreu depois que, em 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia. > Para justificar a ação, os propagandistas alemães acusaram a Polônia de perseguir grupos de origem étnica alemã que viviam naquele país. Outra alegação falsa foi a de que a Polônia estava planejando, juntamente com seus aliados, França e Grã-Bretanha, cercar e desmembrar a Alemanha. 

As SS, em conluio com militares alemães, forjaram um ataque a uma estação de rádio alemã, e os nazistas acusaram os poloneses pelo evento. Hitler, então, usou aquele factóide para lançar uma campanha de “retaliação” contra a Polônia. A Alemanha lançou um ataque surpresa contra a Polônia na madrugada de 1º de setembro de 1939, utilizando uma força avançada de mais de 2 mil tanques, apoiados por quase 900 bombardeiros e cerca de 400 aviões de combate. No total, a Alemanha destacou 60 divisões e aproximadamente 1,5 milhão de homens para a invasão. 

A partir de 17 de setembro, a Polônia logo encontrou-se lutando em duas frentes quando a União Soviética invadiu aquele país pelo leste. O governo polonês fugiu do país naquele mesmo dia. Depois de sofrer pesado bombardeio, Varsóvia rendeu-se aos alemães, em 27 de setembro de 1939.

7 de setembro de 1961 – Jango assume, mas sob o parlamentarismo

A semana na história - De 3 a 9 de setembro

O vice-presidente João Goulart assume a Presidência em substituição a Jânio Quadros, que renunciara havia 13 dias. Seus poderes como presidente, porém, estão reduzidos pela emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo. 

“Sabem os partidos, sabem os parlamentares, sabem todos que, inclusive por temperamento, inclino-me mais a unir do que a dividir, prefiro pacificar a acirrar ódios, prefiro harmonizar a estimular ressentimento”, disse Goulart em seu discurso de posse. Sua concordância com a mudança do sistema de governo para contornar o veto militar à sua posse era a principal prova de suas intenções conciliatórias.

No dia seguinte à posse, Goulart encaminharia ao Congresso a indicação do deputado Tancredo Neves (PSD) para primeiro-ministro, o que reiterava a pouca disposição do novo presidente para o confronto. Tancredo havia exercido importante papel na articulação da solução parlamentarista para derrubar o veto militar à posse de Jango. Era um político que, em situações de conflito, preferia a negociação e a cautela.

Com o nome aprovado, o deputado mineiro lideraria o chamado “gabinete de conciliação nacional”, onde estavam representados os principais partidos nacionais: o PSD, maior no Congresso Nacional; o PTB, partido do presidente; a oposicionista UDN; o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Social Progressista (PSP). O plano de governo do gabinete tentaria combinar medidas de austeridade fiscal, para controlar a inflação, com políticas sociais.

4 de setembro de 1969 – Embaixador dos EUA é sequestrado no Brasil

A semana na história - De 3 a 9 de setembro

Na mais espetacular ação da guerrilha urbana, um grupo formado por militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) captura o embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, numa rua de Botafogo, no Rio de Janeiro. 

Em troca do diplomata, as duas organizações exigem a libertação de 15 presos políticos e a divulgação em rádio e TV de um manifesto revolucionário. O prazo fixado para resposta é de 48 horas.

O sequestro surpreendeu a Junta Militar, que havia assumido o poder poucos dias antes. Alguns oficiais das Forças Armadas foram contra a libertação dos presos, mas a pressão do governo dos EUA, fiador do Golpe de 1964 e da ditadura brasileira, falou mais alto. Washington exigiu que o embaixador fosse resgatado com vida. 

Durante três dias, o Rio foi tomado por um imenso aparato policial e militar, que vasculhou toda a cidade em busca dos sequestradores e do diplomata norte-americano. A casa onde eles estavam, na rua Barão de Petrópolis, chegou a ser vigiada por agentes da Marinha, mas não foi invadida. 

Encurralada, a Junta cedeu às exigências, e os 15 presos foram enviados para o México, que aceitou recebê-los. Entre os libertados estavam os líderes estudantis Vladimir Palmeira, José Dirceu e Luiz Travassos, o dirigente do PCB Gregório Bezerra, o jornalista Flavio Tavares e o líder da greve de Osasco, José Ibrahim. 

Os demais eram membros de organizações revolucionárias, como a ALN, o MR-8 e a VPR. Para formalizar a libertação de presos, que nem sequer respondiam a processo, foi assinado às pressas o Ato Institucional n° 13, implantando o banimento do país.

O embarque dos “banidos” num Hércules da FAB e a viagem ao México foram cercados de tensão, devido ao temor de que o avião fosse atacado no solo ou em voo por militares descontentes com a libertação dos presos políticos. 

4 de setembro de 1976 – Os atentados a bomba da direita

A semana na história - De 3 a 9 de setembro

Um mês depois do atentado contra a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), uma bomba explode no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em São Paulo (foto). Fundado em 1969 e financiado pela Fundação Ford, o Cebrap reunia pesquisadores e professores das áreas de economia e ciências sociais afastados da USP pela ditadura.

Entre os fundadores da instituição estavam Boris Fausto, Carlos Estevam Martins, Elza Berquó, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, Francisco de Oliveira, José Arthur Giannotti, José Reginaldo Prandi, Juarez Brandão Lopes, Leôncio Martins Rodrigues, Luciano Martins, Octavio Ianni, Paul Singer e Roberto Schwarz.

Em 15 de novembro, a redação do jornal alternativo “Opinião”, no Rio, também seria alvo de ataque a bomba. As ações, assumidas pela Aliança Anticomunista Brasileira (AAB), nunca foram esclarecidas pelas autoridades de segurança.

6 de setembro de 1979 – Principais líderes exilados voltam para casa

A semana na história - De 3 a 9 de setembro
Foz do Iguaçu (PR) 06/09/1979 – Leonel Brizola (Ex-Governador do RS) – Chegada ao Brasil, após 15 anos no exílio – Brizola acena ao lado da esposa, Dona Neusa e de sua neta Laila – Foto Olívio Lamas / Agência O Globo – Negativo: 79-14325

O ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola  (foto acima) desembarca no aeroporto de Foz do Iguaçu (PR), encerrando um exílio de mais de 15 anos. Dez dias após a promulgação da Lei da Anistia, é o primeiro dos grandes líderes políticos cassados pelo golpe de 1964 a retornar ao Brasil.

Cunhado do presidente deposto João Goulart, Brizola pretendia disputar as eleições presidenciais de 1965 pelo PTB. Era o político mais odiado pelos golpistas e teve de deixar o país. Ao retornar, depois de passar por Foz do Iguaçu, foi a São Borja (RS) visitar os túmulos de Jango e Getúlio Vargas, onde foi aclamado por uma multidão.

Dez dias depois, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (foto à direita) desembarcou no aeroporto do Recife, de onde seguiu para o bairro de Santo Amaro, sendo recebido em festa por 50 mil pessoas. Arraes, que era do PST (Partido Social Trabalhista), foi deposto e preso por oficiais do Exército no dia do golpe. Em maio de 1964, obteve um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal e partiu para a Argélia. Também viveu na França posteriormente. No exílio, deu apoio a grupos brasileiros de esquerda e organizou a Frente Brasileira de Informações, que denunciou ao mundo os crimes da ditadura no Brasil.

A semana na história - De 3 a 9 de setembro

No dia 20 de outubro foi a vez do secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Luís Carlos Prestes, desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio, onde foi recebido por uma multidão. Prestes viveu clandestinamente no Brasil nos primeiros sete anos da ditadura e depois seguiu para a ex-União Soviética. Também viveu na França parte de seus oito anos de exílio. Na época do golpe, o PCB, que Prestes dirigia desde 1934, era uma organização política bastante poderosa. Mesmo ilegal, controlava grandes sindicatos, publicava jornais e revistas, tinha influência no Congresso e estava se reaproximando do governo Jango em torno das reformas de base.

Para a ditadura, Brizola, Arraes e Prestes formavam uma tríade de líderes malditos e, ao mesmo tempo, temidos pela influência que exerceram na esquerda e nos movimentos populares em 1964. 

Além deles, voltariam ao país ou deixariam a clandestinidade após a anistia os líderes do movimento estudantil de 1968 (Vladimir Palmeira, José Dirceu, Luiz Travassos), o ex-deputado Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas, e centenas de militantes das organizações revolucionárias, sobreviventes da repressão, além de sindicalistas, artistas e intelectuais.

8 de setembro de 1989 – Documentário traz depoimentos de dor

O filme “Que Bom Te Ver Viva” é lançado em momento de grande ebulição política, poucos meses antes das primeiras eleições diretas para presidente da República pós-ditadura. O documentário expõe as dificuldades de reintegração social de oito ex-presas políticas, vítimas de torturas. A diretora do filme, Lucia Murat, expõe o comportamento da sociedade, que evita olhar para trás e encarar de frente os anos terríveis do terrorismo de Estado.

Militantes de diversas organizações e origens políticas dão depoimentos que são intercalados pela interpretação dramática da atriz Irene Ravache como alter ego da diretora, que também militou na resistência armada e foi torturada.

7 de setembro de 1995 – Acontece o primeiro Grito dos Excluídos

O Grito dos Excluídos realiza pela primeira vez marchas em 170 cidades brasileiras. O movimento foi uma iniciativa das pastorais sociais da Igreja Católica. Naquele ano, o Grito dialogava com o tema da Campanha da Fraternidade – “Fraternidade e os Excluídos”.

A marcha foi organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em conjunto com organizações sindicais e reuniu trabalhadores e romeiros. A caminhada tinha como lema “Vida em Primeiro Lugar” e visava chamar atenção para o problema da desigualdade, tornando visível a face dos ignorados pela sociedade e buscando alternativas para a inclusão social.

4 de setembro de 1990 – Em Perus, a primeira vala clandestina

A semana na história - De 3 a 9 de setembro

Uma tumba com 1.049 ossadas é descoberta no cemitério Dom Bosco, no distrito de Perus, zona noroeste de São Paulo, após solicitação de investigação feita pela Prefeitura da capital. Segundo os registros oficiais, em 1970 o prefeito Paulo Maluf havia autorizado a construção de uma vala naquele cemitério com a finalidade exclusiva de abrigar restos mortais de mendigos e indigentes. No entanto, o administrador do local, Antônio Pires Eustáquio, apontou evidências de que nem todos os corpos seriam de indigentes, como a existência de marca-passos ou incrustações em ouro e platina nas arcadas dentárias.

A Comissão de Direitos Humanos da Arquidiocese São Paulo denunciou que a vala clandestina teria sido usada para enterrar os corpos de presos políticos assassinados nos porões da ditadura, frequentemente em decorrência de torturas. 

Após o recolhimento das ossadas, a então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, deu apoio à criação da Comissão Especial de Investigação das Ossadas de Perus. O trabalho de identificação, com apoio da Unicamp, foi interrompido dez anos depois.

Os corpos de três militantes de esquerda foram identificados: Denis Casemiro, desaparecido em 1971; Frederico Eduardo Mayr, morto em 1972; e Flávio de Carvalho Molina, enterrado em 1972 sob o nome de Álvaro Lopes Peralta.

Em setembro de 2014, a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, a prefeitura da cidade de São Paulo e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos anunciaram a retomada das análises dos restos mortais com apoio de peritos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).