Os negócios escusos da deputada bolsonarista e o hacker
A Polícia Federal investiga o envolvimento de Carla Zambelli com Walter Delgatti; a deputada é acusada de solicitar ao hacker que demonstrasse que as urnas eletrônicas eram vulneráveis e que expedisse falso mandado de prisão para Alexandre de Moraes numa trama tão golpista quanto atrapalhada
A deputada Carla Zambelli amanheceu na quarta-feira, dia 02, recebendo a Polícia Federal com mandados de busca e apreensão. Na mesma, foi preso Walter Delgatti, o hacker responsável pelos vazamentos da Lava-Jato em xxx e que se aproximou da campanha de Jair Bolsonaro em 2022. A dupla est[á sendo investigada por tentativas de descredibilizar as urnas eletrônicas e comprometer o STF (Supremo Tribunal Federal). , e que resultou na invasão dos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos.
As investigações da polícia referem-se justamente a esse período em que Carla Zambelli intermediou os encontros entre Delgatti e Jair Bolsonaro, em agosto de 2022. No dia 27 de junho, o hacker, que havia sido alvo de busca e apreensão, afirmou em depoimento prestado à polícia que recebido pedido de Zambelli em agosto de 2022 para ele invadir uma urna eletrônica “ou qualquer sistema da Justiça Brasileira”, bem como invadir o celular de Moraes e obter conversas comprometedoras.
Aos investigadores, Delgatti afirmou só ter conseguido invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que resultou na inclusão de um mandado de prisão falso contra Moraes, entre outros documentos falsos. Ainda de acordo com Delgatti, duas pessoas próximas a Zambelli teriam pago o total de R$ 13.500,00 por esses serviços, em várias operações via PIX.
Depois de receber a Polícia Federal, Zambelli tentou se justificar. Em coletiva, negou haver pedido ao hacker qualquer serviço relacionado à fraude das urnas nem para atingir o ministro do STF: “Não participaria de uma piada de mau gosto com o Alexandre de Moraes. Eu sei o que pode acontecer com um deputado que brinca com ministros do Supremo Tribunal Federal, haja visto nosso amigo Daniel Silveira.” A deputada também disse que Jair Bolsonaro, que passou a campanha de 2022 inteira duvidando das urnas eletrônicas e do processo eleitoral, não tinha nenhuma participação no complô.
No entanto, não apenas houve um encontro entre Delgatti e Bolsonaro, como revelou a revista Veja à época e confirmado pelo hacker no depoimento à PF, como há indícios que Zambelli é quem teria intermediado o encontro. Na próxima segunda-feira, ela vai prestar depoimento à PF, mas sua defesa avisou que, caso não tenha acesso ao processo, a deputada permanecerá em silêncio.•