Revista britânica destaca que investidores estão cada vez mais otimistas com o Brasil: “Um ministro da Fazenda eficiente e o cenário internacional favorável têm melhorado as expectativas”

‘Economist’ elogia governo

A revista britânica The Economist destaca nesta semana a atuação do governo Lula para melhorar o ambiente de negócios no Brasil. Inclusive para investidores estrangeiros. “Quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil no ano passado, houve um arrepio entre os investidores”, lembra a semanal. “Seis meses após assumir o cargo, os mercados começam a se aquecer para o governo Lula. Em uma pesquisa recente com 94 gestores de fundos e analistas brasileiros, apenas 44% tinham uma visão desfavorável do governo, ante 90% em março”.

No ano passado, o Brasil recebeu mais de US$ 91 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED), tornando-se o quinto maior destino de investimentos do mundo. Isso foi o dobro do que recebeu em 2021. O salto ocorreu apesar da queda de 12% dos investimentos diretos globais no ano passado em relação a 2021. “As pessoas definitivamente estão olhando para o Brasil agora de uma forma que não faziam nos últimos dez anos”, diz Robin Brooks, do Institute of International Finance (IIF) em Washington.

“Várias políticas anunciadas pelo governo Lula também animaram os investidores. Muitos economistas creditam ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, grande parte do otimismo”, destaca a revista. A reportagem lembra que Haddad é o cabeça por trás das grandes reformas que podem vir a colocar o Brasil em uma base mais estável. Em 7 de julho, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto da reforma tributária, em andamento há três décadas. E ainda este ano o Congresso deve aprovar o novo arcabouço fiscal para estabilizar as finanças públicas.

Considere em primeiro lugar a reforma tributária. É muito necessária: atualmente, o governo federal, todos os 27 Estados e mais de 5 mil municípios estabelecem seus próprios impostos. Em 2019, o Banco Mundial estimou que as empresas levam 1,5 mil horas por ano para cumprir a legislação tributária brasileira, em comparação com uma média global de 233 horas. A reforma tributária vai unir cinco impostos sobre bens e serviços em dois impostos sobre valor agregado, um federal e outro para Estados e municípios. A expectativa é que seja aprovada ainda este ano. Segundo o Banco Central, no primeiro ano da implementação da reforma, o PIB pode vir a crescer 1,5%.

A Economist ressalta que os investidores também estão de olho no potencial do Brasil para produzir energia limpa e nas ambições de Lula de tornar o país uma potência verde. Este mês, o governo deve apresentar um pacote de cerca de 100 iniciativas ambientais, incluindo uma lei para criar um mercado regulado de emissões de carbono e outra para impulsionar indústrias verdes. O governo avalia que o pacote exigirá centenas de bilhões de dólares em investimentos, principalmente privados.

Um acordo de livre-comércio também pode ser assinado em breve, após mais de duas décadas de negociações entre a União Europeia e o Mercosul, bloco comercial composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (embora instintos protecionistas, tanto no Brasil quanto na UE, ainda possam sabotar o acordo).

A reportagem da Economist lembra ainda que, embora o crescimento tenha se recuperado desde o fim da pandemia, em 2021, ficou muito atrás de países como China ou Índia. “O cenário global e as proezas de Haddad estão aumentando o otimismo dos investidores agora. Mas será necessária uma boa e consistente política para reverter a tendência de longo prazo do Brasil”, conclui. •