Ministros e líderes políticos manifestam apoio e confiança no nome do economista, indicado por Lula. Ex-presidente do IPEA, ele tem perfil técnico para conduzir o órgão federal, mas foi criticado por liberais e pela velha mídia corporativa

Pochmann vai comandar o IBGE

A velha mídia torceu o nariz, tentou criar uma crise artificialmente entre o Palácio do Planalto e o Ministério do Planejamento, mas não levou. Na quarta-feira, 26, o economista Marcio Pochmann foi anunciado como novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O anúncio foi feito pelo ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

O nome de Pochmann tem respaldo político e técnico, mas houve uma tentativa de miná-lo, com plantações na imprensa corporativa de que o economista seria um “terraplanista”. Em vão. “O Globo”insinuou que sob o novo comando, dados estatísticos poderiam ser manipulados em benefício do governo Lula. Ex-presidente do IBGE, Sérgio Besserman, declarou que é impossível qualquer manipulação de dados no órgão, devido à estrutura profissional de seu corpo de funcionários.

“Foi uma reestreia em grande nível da pior fase da mídia brasileira: o jornalismo de esgoto, através do qual a mídia difundia as acusações mais inverossímeis visando estimular o estouro da boiada, o gado que atuava de maneira irracional nas grandes ondas de linchamento”, lamentou o jornalista Luis Nassif, no portal GGN. “Lembrou as acusações de Cuba enviando dólares ao PT através de garrafas de rum, as FARCs invadindo o Brasil, a ABIN espionando o Supremo, ministros recebendo propinas nas garagens do Palácio, e factóides em geral”.

Marcio Pochmann tem perfil técnico, acadêmico e também experiência profissional em gestão pública, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pós-graduado em  Ciências Políticas pela Associação de Ensino Superior do Distrito Federal, doutor em Ciência Econômica pela Universidade de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho.

Nos governos Lula e Dilma, ele foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre 2007 e 2012 e também presidiu a Fundação Perseu Abramo, entre 2012 a 2020. Atualmente, ele presidia o Instituto Lula, com sede em São Paulo.

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, saudou a escolha do presidente Lula. “A indicação de Marcio Pochmann para o IBGE é muito bem-vinda”, destaca. “Intelectual histórico, Pochmann tem um olhar aguçado para as pesquisas na área social, é um democrata que pensa um Brasil mais justo. Em tempos de profunda desigualdade, é a escolha ideal para o cargo”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou não ver problemas com a escolha do nome de Pochmann para dirigir o IBGE e ressaltou que ele não terá dificuldade de trabalhar. Segundo “O Globo”, a indicação do economista teria causado contrariedade à ministra do Planejamento, Simone Tebet. Ela saiu a desmentir o noticiário: “Não há desgaste com Lula ou PT. Se o presidente confia em Pochmann, vamos abrir as portas”.

De acordo com a reportagem do jornal carioca, a indicação do economista do PT para presidir IBGE “coloca em alerta equipe de Simone Tebet” e que “a ida de Marcio Pochmann causou tensão na equipe da ministra do Planejamento”. Disse o jornal: “Desenvolvimentista e heterodoxo da escola da Universidade de Campinas, Pochmann é considerado por alguns auxiliares de Tebet como um ‘terraplanista econômico’”.

Nassif sacou a maldade “tipicamente bolsonarista” nas críticas à indicação. “É de uma ignorância ciclópica. Nenhuma pessoa minimamente informada consideraria a possibilidade de um dirigente maquiar os dados do IBGE”, destacou o veterano jornalista. “É desconhecimento total sobre a forma como são feitas as pesquisas do Instituto e os diversos filtros a que são submetidas”. •