Uma força no Banco Central
Haddad oficializa duas indicações para diretorias do BC: Gabriel Galípolo, secretário-executivo da Fazenda, e um servidor de carreira do banco. Nomes precisam ser aprovados pelo Senado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na segunda-feira, 8, os nomes do governo Lula para o Banco Central. Foram feitas as indicações do atual secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, para a Diretoria de Política Monetária do BC, e do servidor de carreira do banco Ailton Aquino para a Diretoria de Fiscalização.
Os nomes deverão ser apreciados e aprovados durante sabatinas pelo Senado Federal. Em caso positivo, Aquino será o primeiro negro na história do BC a ocupar uma diretoria do Conselho de Política Monetária (Copom).
De acordo com Haddad, o governo federal entende que esse movimento vai fortalecer ainda mais a aproximação com o Banco Central, buscando a convergência plena da política econômica para oferecer ao país as condições de crescer com inflação baixa.
Segundo o ministro, o governo “procura uma coordenação maior das políticas fiscal e monetária”, além de promover uma perspectiva uniforme e direcionamento único para o Brasil.
Integrante da equipe de transição de governo e peça importante na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gabriel Galípolo foi convidado por Haddad para assumir a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda.
Em abril de 2022, o economista chamou atenção ao participar de um jantar com empresários na companhia de Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT. O evento, organizado pelo grupo Esfera Brasil, reuniu nomes de peso do empresariado e mercado financeiro, como André Esteves (BGT Pactual) e Abílio Diniz (Grupo Península).
De 2017 a 2021, Galípolo foi presidente do banco Fator, instituição com expertise em parcerias público-privadas e programas de privatização. Em sua atuação no banco, conduziu os estudos para a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), processo que teve início em 2018. Em 2021, o banco Fator e o BNDES lideraram o leilão da estatal, operação que arrecadou R$ 22,6 bilhões com a venda de três dos quatro blocos ofertados.
Galípolo construiu em sua vida acadêmica sendo visto como um heterodoxo moderado. Embora defenda claramente a atuação estatal como propulsora do desenvolvimento econômico, é conciliador e aberto ao diálogo.
Ao lado do economista Luiz Gonzada Belluzzo, um dos fundadores da Facamp (Faculdade de Campinas), escreveu três livros: “Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo” (2017); “A escassez na abundância capitalista” (2019) e “Dinheiro: o poder da abstração real (2021)”.
Para substituir Gabriel Galípolo no cargo de secretário-executivo da Fazenda, Haddad convidou o advogado Dario Durigan. Ele deve assumir o posto após apreciação e tramitação no Senado Federal do nome do indicado para a diretoria do BC.
Durigan foi servidor efetivo da Advocacia Geral da União (AGU) e atuou como assessor de Assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência na gestão de Dilma Rousseff. Anteriormente, ele chefiou a área jurídica da Prefeitura de São Paulo na gestão de Fernando Haddad. •