Golpe: a hora da verdade
A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro mobiliza o país. Considerada por todos os analistas de Brasília como“tiro no pé” disparado por bolsonaristas, a CPI tem a obrigação de escarnecer e pôr à luz as vísceras do golpismo enrustido.
É preciso que a CPI vá a fundo nos porões que financiaram, estimularam e apologeticamente insuflaram as pessoas a depredarem a sede dos Três Poderes da República. “Não tenho dúvidas que Bolsonaro tentou dar um golpe”, disse o presidente Lula em entrevista ao jornal El País, da Espanha. Mas não só. A minuta que roteirizava a intentona e que foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres é um dos fios do novelo.
A participação por ação ou omissão do antigo chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro, general Augusto Heleno, bem como de outros altos oficiais merecem a mais ampla investigação pela gravidade dos fatos. Se comprovado o crime de lesa-pátria, eles merecem a prisão.
Apesar de ser o personagem principal da patranha, Jair Messias Bolsonaro não agiu sozinho. As conexões internacionais da extrema-direita tupiniquim também merecem o escrutínio da sociedade brasileira.
É inegável as digitais do trumpismo representado por Steve Bannon na disseminação da indústria das fakes news que inundaram as eleições de 2018, com claro transbordamento para o pleito iniciado em julho e concluído em outubro de 2022 com a vitória esmagadora de Lula.
O fenômeno da emergência do fascismo ultrapassa em muito as fronteiras nacionais. É uma praga que se expande nos quatro cantos do mundo.
É hora das forças democráticas e progressistas se unirem cada vez mais em uma grande concertação global, na luta contra a xenofobia, o machismo, o racismo que compõem a espinha-dorsal dessa camarilha.
Nesta luta, devemos também permanecer unidos contra a exclusão e a concentração de renda e riquezas. O esvaziamento econômico dos países centrais e a luta de todos contra todos estimuladas por eles, não pode perdurar.
A chance de ouro das forças progressistas brasileiras é a CPI e para isso devemos contar com os parlamentares comprometidos com a luta contra o fascismo, dispostos a fazer o enfrentamento à luz do dia. Os porta vozes da mentira não podem prevalecer.
É preciso derrotar a regressão reacionária. A hora é agora!