Brasil chega à marca triste de segundo país no mundo com mais mortes pela doença, atrás ainda dos Estados Unidos. Isso apesar dos esforço do governo Lula e da sociedade civil para levar vacinas a todos

Covid, ano três: 700 mil mortos

Em três anos, 700 mil pessoas morreram de covid no Brasil. A triste marca alcançada pelo país na pandemia foi superada na terça-feira, 28 de março, 36 meses e 17 dias desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a Covid-17 um fenômeno global, por conta da disseminação da mutação do vírus, batizado como coronavírus, que provocava uma infecção respiratória que poderia ser muitas vezes letal.

Em nota oficial, o Ministério da Saúde lembrou que a pasta lançou o Movimento Nacional pela Vacinação no fim de fevereiro e informou que mais de 6 milhões de doses de reforço bivalentes já foram aplicadas. “Temos que olhar para o passado, mas ao mesmo tempo, afirmar que o Ministério da Saúde não pode mais incorrer em erro de não coordenar, de não cuidar, de não tratar”, disse a ministra Nísia Trindade. “Precisamos estar unidos para que novas tragédias não se repitam. Estamos juntos nessa luta. A memória não morrerá”.

Para efeito de comparação, 700 mil pessoas é equivalente a toda população de cidades grandes como Aracaju, capital de Sergipe, ou municípios como Sorocaba (SP) ou Contagem (MG). O Brasil ocupa um desonroso posto de segundo lugar  entre os países com mais mortes — apenas os Estados Unidos estão à frente, com mais de 1,1 milhão de mortos.

É preciso lembrar que ambos os países, não por coincidência, viveram a pandemia total ou parcialmente sob governos de extrema-direita, que menosprezaram a gravidade da doença, negaram evidências científicas, contrariaram a ciência e desassistiram a população em um momento de crise sanitária sem precedentes.

Para além das piadas, do deboche e da falta de empatia, Jair Bolsonaro, como tentou mostrar a CPI da Covid, foi o responsável direto pela farsa do “tratamento precoce”, incentivando o uso de remédios na melhor das hipóteses ineficazes, como a cloroquina e a ivermectina, e pelo atraso criminoso na compra de vacinas. Ele  retardou a chegada ao Brasil da única medida cientificamente comprovada para conter a pandemia. Para provar suas crenças, fundadas numa combinação fatal de ignorância e desconfiança, Bolsonaro lavou as mãos para as mortes que multiplicavam à velocidade assustadora.

No Ano 1 da Pandemia, diante da perplexidade mundial e de orientações contraditórias, o intervalo foi de cinco meses entre o paciente de número um e o centésimo milésimo. Em 2021, mesmo com esforços de profissionais de saúde dedicados, os marcos das centenas de milhares seguintes se sucederam em poucas semanas, fazendo os 200 mil em janeiro chegarem a 600 mil em outubro.

Isso tudo apesar de as vacinas estarem sendo desenvolvidas ou começando a chegar, mesmo com todas as tentativas de boicote, por parte do governo e do Ministério da Saúde, por ação direta ou omissão.

O luto e a dor por trás das estatísticas, no entanto, nem precisam ser lembrados em todos os detalhes, uma vez que os casos de covid registrados e notificados no Brasil até hoje são mais de 37 milhões — cerca de 17% da população total do país. Numa ilação razoável, isso permite dizer que só não sofreu com a pandemia quem estava de olhos vendados. Para quem esteve acordado e insone, e viu de perto a morte, ou para quem simplesmente estava atento e conserva um mínimo de empatia, esse foi um período de trevas.

Neste terceiro ano de pandemia, apesar de o ritmo de mortes ter desacelerado com a adesão da povo à imunização ainda há um longo caminho a percorrer. Dois pontos principais ainda preocupam o Ministério da Saúde: a baixa cobertura vacinal contra a covid em algumas faixas etárias, como crianças menores de 8 anos, e a  mortalidade até três vezes maior por covid em pessoas não vacinadas em comparação àquelas que receberam doses.

Fruto do negacionismo criminoso das ondas anti-vacina e das mentiras sobre efeitos colaterais propaladas nas redes sociais, a recusa em se vacinar ou a levar para vacinar crianças pequenas é o alvo principal de campanhas do governo e da sociedade civil para esclarecer e estimular a vacinação. •