E o clube militar apoia o golpismo
O país está maduro e as Forças Armadas sabem do seu papel. Cabe ao Congresso, detentor de todos os poderes outorgados pelo voto – e às demais lideranças políticas – encontrarem uma saída constitucional para esse impasse, antes que a tentativa de mudar o significado das palavras de ordem ouvidas na voz das ruas desague na democrática violência das massas injustiçadas”.
Assim termina um dos muitos artigos publicados na última edição da Revista do Clube Militar, que defendem e elogiam os movimentos bolsonaristas que não aceitaram o resultado das eleições de 2022. A denúncia é do repórter Bruno Fonseca, da Agência Pública.
Com o título de “A voz surda das ruas”, o texto do general Marco Aurélio Costa Vieira, presidente do conselho editorial do Instituto General Villas Bôas, chega ao ponto de defender que “o grito dos insatisfeitos com os acontecimentos hoje no Brasil, no sentido de uma quebra institucional, pode até parecer ilegal, mas é justo e justificado”. Na visão do militar aposentado, frente ao Congresso, Judiciário e imprensa, os cidadãos “não têm a quem apelar”.
Na reserva do Exército há mais de 11 anos, Vieira recebe um salário bruto mensal de mais de R$ 35 mil. Além disso, ganhou um cargo no início do governo Bolsonaro: foi secretário de Esporte durante quase quatro meses. Na época, era subordinado ao então ministro Osmar Terra (Cidadania).
O Instituto General Villas Bôas, é uma associação fundada em 2020 pelo próprio Villas Bôas e outros militares. E funciona como um difusor de ideias e projetos militares conservadores. Passaram pelo instituto para participar de eventos figuras bolsonaristas como os ex-ministros Ricardo Salles e Damares Alves, a deputada federal Carla Zambelli e o jornalista Alexandre Garcia. •