Em Aracruz, no Espírito Santo, adolescente mata quatro pessoas e fere outras 12 em duas escolas. Ele era filho de um PM e tinha uma suástica pintada na sua camiseta camuflada

<strong>O bolsonarismo mata</strong>
VIOLÊNCIA EXTREMA Jovem adolescente faz ataque mortal dentro de escola na cidade de Aracruz (ES)

Um ex-aluno armado com uma pistola semiautomática e um revólver matou quatro pessoas e feriu outras 12 em duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo. Ele tinha uma suástica presa ao colete e planejava os ataques há dois anos. Os tiroteios ocorreram na sexta-feira em uma escola pública com alunos do ensino fundamental e médio e uma escola particular, ambas localizadas na mesma rua na pequena cidade. Três professores e um aluno foram mortos. Cinco dos feridos permaneceram no hospital.

Cerca de quatro horas depois, o atirador, identificado como um jovem de 16 anos que estudava na escola pública, foi preso pela polícia. O anúncio foi feito pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). As autoridades policiais não divulgaram o nome do suspeito. O adolescente usava o carro da família para ir de uma escola a outra, e estava com a placa escondida.

Imagens de câmeras de segurança mostraram ele vestindo um colete à prova de balas, segundo o secretário de segurança pública do Espírito Santo, Márcio Celante. O atirador conseguiu acesso à sala dos professores da escola pública após quebrar uma fechadura. Casagrande disse que a arma semiautomática pertencia à Polícia Militar, enquanto o revólver era uma arma pessoal registrada em nome do pai do jovem, um policial militar.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a violência. “Com tristeza soube do ataque as escolas de Aracruz, Espírito Santo. Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia absurda”, disse. “E meu apoio ao governador Renato Casagrande na apuração do caso e amparo para as comunidades das duas escolas atingidas”.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também se disse chocado com o episódio. “Uma tragédia se abateu sobre o Espírito Santo hoje. Estamos à disposição das autoridades capixabas para auxiliar no que for preciso diante do ataque a tiros a alunos e professores em escolas de Aracruz. Minha solidariedade às famílias das vítimas. Os culpados não ficarão impunes”, disse.

O presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre o crime, que abalou o país e ganhou repercussão internacional, com despachos das agências de notícias chamando a atenção para a violência do caso envolvendo um adolescente e a posição do presidente Lula, que chamou atenção para a “tragédia absurda” que machuca o Brasil.

A Associated Press lembrou que ataques em escolas são incomuns no Brasil, mas têm ocorrido com frequência um pouco maior nos últimos anos. “Não muito longe de onde ocorreram os ataques de sexta-feira, na cidade de Vitória, um ex-aluno entrou em sua escola com explosivos caseiros e facas em agosto. Nenhum aluno ou professor ficou ferido”, destacou.

“Um mês depois, na Bahia, outro adolescente usou a arma do pai para atirar e matar um estudante em uma cadeira de rodas”, apontou a reportagem da AP. “Os dois agressores se conheceram online em grupos de bate-papo, concluiu a polícia posteriormente”.

Bolsonaro tem sido um defensor vocal dos direitos das armas. Especialistas dizem que nos últimos quatro anos mais de 40 decretos facilitaram a compra e o registro de armas pelos cidadãos. O Instituto Sou da Paz, organização da sociedade civil, disse em relatório em setembro que os brasileiros estão comprando mais de mil armas por dia.

“Isso mostra como a cultura da violência é uma realidade para algumas pessoas, principalmente para os jovens. Esse é um problema de saúde mental com o qual a sociedade tem que lidar hoje em dia”, disse Casagrande.

No início deste ano, um influenciador de extrema direita e apoiador de Bolsonaro disse em um podcast que um partido nazista deveria ser criado no Brasil, para que houvesse liberdade de expressão. Em 2021, Bolsonaro recebeu em seu gabinete e posou para fotos com a deputada alemã Beatrix von Storch, que é neta de um dos ministros de Adolf Hitler. •