Sem grandes surpresas nas pesquisas da Quaest e PoderData, Bolsonaro luta para levar a disputa contra o petista para o segundo turno. A situação para o líder da direita melhorou, mas ainda é insuficiente para uma arrancada que permita assegurar a reeleição

 

As mais recentes pesquisas dos institutos Quaest e PoderData, divulgadas na última semana, reforçam a dianteira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial, com recuperação de Jair Bolsonaro (PL) em alguns segmentos do eleitorado brasileiro. Neste artigo, a análise do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, sobre o que apontam os dois levantamentos.

De acordo com a pesquisa da Quaest, feita em parceria com a Genial Investimentos entre 28 e 31 de julho, com 2 mil entrevistas presenciais, Lula lidera a corrida com 44% das intenções de voto, 1 ponto percentual a menos que o levantamento anterior. Bolsonaro tem 32% — 1 ponto a mais —, enquanto Ciro Gomes  (PDT) marca 5% — recuo de 1 ponto a menos.

André Janones (Avante) e Simone Tebet (PDT) aparecem empatados com 2%, cada — sem variação. Considerando a margem de erro de 2 pontos, o quadro permanece inalterado e não houve variação significativa. Lula mantém-se no mesmo patamar de janeiro deste ano, quando tinha 45% das intenções de voto. Já Bolsonaro cresceu 9 pontos, mas, nos últimos quatro meses, cresceu 3 pontos, dentro da margem de erro.

O levantamento do PoderData, feito entre 31 de julho e 2 de agosto com 3,5 mil entrevistas telefônicas (por operador automático), traz Lula com 43% das intenções de voto. É o mesmo  patamar da pesquisa anterior, realizado há três semanas. Bolsonaro está com 35% — queda de 2 pontos —, Ciro aparece com 7% — oscilação de 1 ponto para cima. Tebet está com 4% e Janones, 2%.

Na simulação de segundo turno, segundo a Quaest, Lula tem 51% contra 37% de Bolsonaro. Houve aqui um estreitamento da vantagem, que era de 19 pontos e agora é de 14 pontos. No PoderData, Lula tem 50% contra 40% do atual presidente.

Os dados da Quaest dialogam com os resultados do Datafolha divulgado há 15 dias. O crescimento expressivo de Bolsonaro entre as mulheres no Datafolha não foi visto na Quaest – o atual presidente subiu somente um ponto percentual desde o levantamento anterior.

No entanto, os patamares são semelhantes em ambos os levantamentos: 46% para Lula e 28% para Bolsonaro na Quaest. E 46% a 27%, no Datafolha. No Nordeste, Lula tem 61% contra 20% de Bolsonaro – sem tendência de crescimento do atual presidente na região, como trouxe o Datafolha.

Nas outras regiões, a disputa está mais apertada. Ambos empatam no Sudeste, com 37% (cada). Lula tem 41% contra 32% de Bolsonaro, no Sul. E 40% contra 35%, no Centro Oeste. Na região Norte, Lula tem 40% contra 37%. Na base da pirâmide social, o petista alcança 52% contra 25% de Bolsonaro.

Lula vai a 42% no segmento com renda de 2 a 5 salários mínimos., enquanto o atual presidente está com 33% Entre os evangélicos, Bolsonaro tem 48% contra 29% do petista. O instituto aponta uma queda nas intenções de voto de Lula entre os beneficiários do Auxílio Brasil, na ordem de 10 pontos. Agora, ele tem 52% contra 29% do líder da extrema-direita.

O avanço de Bolsonaro em alguns segmentos pode estar calcado em uma ligeira reversão das expectativas acerca da economia:. Caiu na ordem de 4 pontos o percentual de brasileiros que consideram a economia o principal problema do Brasil — agora são 40%.

No entanto, houve um aumento da preocupação dos brasileiros com questões sociais, como a fome — 16% dos brasileiros, 3 pontos mais que o levantamento anterior. Houve ainda queda no percentual de brasileiros que consideram que a economia piorou nos últimos meses – agora são 56%, um recuo de 8 pontos. Para 53% dos entrevistados, houve piora na capacidade de pagar contas.

Neste momento, a estratégia do governo parece ser a de conseguir, por meio da liberação de benefícios às vésperas das eleições, levar a disputa para o segundo turno. A 60 dias das eleições, não é possível afirmar se o ritmo de melhora da imagem do governo e do presidente da República será suficiente para emplacar uma reeleição. Enquanto isso, a disputa pode se afunilar: pouco antes do fechamento deste artigo, o pré-candidato André Janones (na foto com o petista), que tem 2% nas pesquisas, anunciou a retirada de sua candidatura em apoio ao ex-presidente Lula. •

`