Lula lidera em cenário estável
Novas pesquisas mostram o ex-presidente muito à frente de Bolsonaro, que enfrenta alta rejeição e se mantém estável. Corrida vai começar para valer sem que terceira via se viabilize
As pesquisas mais recentes divulgadas pelos institutos de pesquisa — Ipespe, FSB Pesquisa e Datafolha — trazem um quadro de estabilidade na disputa presidencial a cerca de 60 dias do primeiro turno. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua na liderança, colocando mais de 18 pontos à frente de Jair Bolsonaro, de acordo com o Datafolha. Se a eleição fosse hoje, o petista seria eleito no primeiro turno, com 53%.
Segundo a pesquisa Ipespe, realizada entre 20 e 22 de julho, em parceria com a XP Investimentos, ouvindo 2 mil eleitores por telefone, Lula lidera a corrida presidencial com 44% das intenções de voto, no cenário de primeiro turno. Em seguida vem Bolsonaro, com 35% e Ciro Gomes com 9%. A candidata do MDB, Simone Tebet, tem 4% e André Janones (Avante), tem 2%. Os demais candidatos não ultrapassaram 1% dos votos.
Em comparação com a pesquisa anterior, realizada há mais de 40 dias, Lula oscilou 1 ponto percentual para baixo e Bolsonaro 1 ponto para cima — Ciro manteve seu patamar e tanto Tebet quanto Janones subiram 1 ponto, cada. Considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais, não houve mudança no cenário.
O levantamento da FSB Pesquisa, realizado entre 22 e 24 de julho com 2 mil entrevistas telefônicas, mostra Lula com 44% das intenções de voto em primeiro turno, seguido por Bolsonaro (31%), Ciro (9%), Tebet e Janones (2%, cada). Em comparação com a rodada anterior, realizada no início de julho, Lula subiu 3 pontos e Bolsonaro caiu 1 ponto; Ciro manteve seus 9%, Tebet caiu 2 pontos e Janones oscilou negativamente na ordem de 1 ponto percentual. Considerando a margem de erro de 3 pontos percentuais, não houve mudança no cenário.
Por fim, a pesquisa mais recente do Datafolha, realizada entre os 27 e 28 de julho com 2.566 entrevistas presenciais – realizadas em pontos de fluxo populacional — trouxe também um cenário estável: Lula manteve 47% das intenções de voto, Bolsonaro subiu 1 ponto e foi a 29%, Ciro manteve o patamar de 8%, e Tebet subiu 1 ponto percentual e alcançou 2% das intenções de voto. Os demais não ultrapassaram 1%.
Nos dados de segundo turno, segundo Ipespe, FSB e Datafolha, respectivamente, Lula teria uma vantagem de 17 pontos, 18 pontos e 20 pontos em cada um dos levantamentos – 55% a 35% no Datafolha, o que aponta maior vantagem para o ex-presidente.
Ao analisar os dados segmentados, a pesquisa Datafolha traz algumas novidades – apesar do quadro geral ser estável. Houve uma melhora de Bolsonaro entre as mulheres, na ordem de 6 pontos percentuais. Já Lula caiu 3 pontos, mas segue liderando o segmento em primeiro turno, com 46% a 27%.
Na base da pirâmide social, Lula caiu 2 pontos e tem 54% agora. Bolsonaro subiu 3 pontos, chegando a 23%. Entre os evangélicos, Lula caiu 2 pontos, tem 33%, e Bolsonaro subiu 3 pontos, chegando a 43%. No Nordeste, Lula subiu 2 pontos e foi a 59%, enquanto Bolsonaro subiu 5 pontos e foi a 24%
Já Lula avançou em outros segmentos. Entre os homens, subiu 4 pontos e chega a 48%, enquanto Bolsonaro caiu 4 pontos e foi a 32%. Entre o segmento com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos, Lula subiu 5 pontos e foi a 34%, contra 44% de Bolsonaro. Entre a população preta, Lula subiu 4 pontos percentuais e foi a 58%, enquanto Bolsonaro caiu 2 pontos e está agora com 20%.
Segundo o Datafolha, a única variação acima da margem de erro nos segmentos (nos dados segmentados, a margem de erro é maior do que a do total da pesquisa) foi entre as mulheres. O governo tem concentrado esforços em atingir este público e a base da pirâmide social como um todo com o pacote de auxílios e benefícios liberados pela PEC do Desespero, aprovada pelo Congresso sob a batuta de Arthur Lira (PP), aliado de Bolsonaro e presidente da Câmara. A campanha de Bolsonaro também tem tentado ampliar o espaço da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, nos palanques do presidente – numa tentativa de dialogar com as mulheres, em especial as mais religiosas e cristãs. •