Operação investiga esquema na estatal comandada por afilhado do Centrão e apreende R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo. Bolsonaro agora admite que podem encontrar alguma falcatrua no governo

 

 

Faltando pouco mais de dois meses para a eleição, o governo Jair Bolsonaro virou alvo na quinta-feira, 21, de uma nova operação de combate à corrupção, desta vez com foco em fraudes e desvios de recursos públicos na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

A empresa estatal está nas mãos do Centrão e o presidente é Marcelo Moreira, engenheiro baiano e ex-funcionário da Odebrecht, indicado em 2019 pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), com respaldo do então ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, hoje chefe da Casa Civil.

Ainda na quinta, o presidente admitiu a apoiadores que “se procurar, vai achar alguma coisa”, fazendo referência à possíveis casos de corrupção no seu governo. “Quer ver uma coisa? Ministério do Desenvolvimento Regional tem mais de 20 mil obras, será que está tudo certinho? Vai achar alguma coisa”, disse.

Antes, Bolsonaro costumava negar que exista corrupção em seu governo. No mês passado, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso sob a suspeita de irregularidades na liberação de verbas da pasta.

No caso da Codevasf, a estatal recebeu bilhões de reais em emendas parlamentares nos últimos anos e passou a atuar não apenas em projetos de irrigação no Nordeste, mas também obras de pavimentação e entrega de maquinário. A empresa passou a atuar em regiões fora do vale do rio São Francisco.

Ao todo, a PF cumpriu, em diferentes cidades do Maranhão, 16 mandados de busca e um de prisão, que teve como alvo o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como “Imperador” e apontado como “líder” do grupo criminoso. Segundo os investigadores, foram apreendidos mais de R$ 1,3 milhão em dinheiro vivo na residência do empresário.

Costa tem ligação com a construtora maranhense Construservice. A empresa, segundo denúncia da Folha de S.Paulo é vice-líder em licitações na Codevasf. Desde 2019, o governo já destinou à empreiteira ao menos R$ 140 milhões.

Em nota, a Polícia Federal disse que a investigação constatou a existência de um “engenhoso esquema” de lavagem de dinheiro, a partir do desvio de verbas de licitações fraudadas. A Polícia Federal também apontou que Costa, além de colocar as suas empresas e bens em nome de terceiros, ainda possui contas bancárias vinculadas a CPFs falsos, •

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