Departamento de Estado dos EUA diz que sistema eleitoral brasileiro é ‘modelo para nações’ e rechaça as insinuações do Palácio do Planalto. Embaixada britânica também repudia

 

Não caiu bem em Washington o circo armado por Jair Bolsonaro no início da semana para atacar o sistema eletrônico de votação brasileiro diante de representantes da comunidade internacional. Na quarta-feira, 20, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA), Ned Price, disse que o sistema eleitoral brasileiro é “modelo” para outras nações.

“Eleições vêm sendo realizadas pelo capacitado e já testado sistema eleitoral brasileiro e pelas instituições democráticas com sucesso por muitos anos. Então, é um modelo para nações não apenas neste hemisfério, mas além”, disse Price.

No dia anterior, a Embaixada dos Estados Unidos divulgou nota à imprensa apontando que o processo eleitoral no país é exemplo a ser seguido e que as eleições brasileiras “servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.

O presidente não gostou. Assessores palacianos reclamaram que a nota acabou sendo uma “descortesia” com Bolsonaro. Ao mesmo tempo, reconheceram que a posição do governo Joe Biden sobre o sistema eleitoral brasileiro é amplamente conhecida – e contrária às investidas de Bolsonaro no tema.

Price acrescentou que os EUA são um “parceiro democrático do Brasil” e acompanharão as eleições brasileiras em outubro “com grande interesse”. A expectativa, destacou o porta-voz, é de que  as eleições “serão conduzidas de maneira livre, justa e confiável, com todas as instituições relevantes agindo sob a regra constitucional”. Em junho, segundo divulgado pela imprensa, o próprio presidente norte-americano, Joe Biden, disse a Bolsonaro que confia nas instituições eleitorais brasileiras.

Na terça-feira, 19, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) protocolou um requerimento para a convocação do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, para prestar esclarecimentos sobre a reunião. A convocação, explicou o senador, é “para que ele esclareça se é o chanceler do país ou um animador de plateia golpista: o ministro tem sérias explicações para dar aos brasileiros após o circo de Bolsonaro na reunião com embaixadores”.

Na quinta-feira, a Embaixada do Reino Unido reafirmou a confiança no sistema eleitoral brasileiro e na “força da democracia” do país. No comunicado, a instituição diz que o sistema e as urnas se mostraram seguras em eleições passadas e têm reconhecimento internacional “por sua celeridade e eficiência”. E concluiu: “Quem for escolhido pela nação brasileira poderá contar com o governo britânico para fortalecer as relações bilaterais e a amizade entre os dois povos”.

No início de julho, seis deputados democratas apresentaram emenda à lei de orçamento de Defesa de 2023 que exige uma investigação sobre a suposta interferência das Forças Armadas brasileiras nas eleições de outubro e a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil. A proposta pede que no máximo em 30 dias, em caso de aprovação da emenda, o Secretário de Estado apresente ao Congresso um relatório “sobre todas as ações tomadas pelas Forças Armadas do Brasil, com relação às eleições presidenciais marcadas para outubro de 2022. •

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