Entrevista Fátima Bezerra – “Bolsonaro não tem respeito pela Constituição”
À frente do governo do Rio Grande do Norte, que pegou quebrado, a professora e líder sindical diz que o momento é de superação da crise e agora luta pela reeleição com o estado retomando a capacidade de investir. Ela prevê que Lula ganhará o terceiro mandato ainda no primeiro turno e colocará o país de volta no rumo do desenvolvimento com justiça social
Governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra é uma das líderes que mantêm vivas no Nordeste as ideias de que é possível se viver melhor e com mais dignidade. Em meio ao caos implementado pelo governo Bolsonaro, que fez e faz de tudo para desorganizar as instituições e desassistir quem precisa do Estado, ela conseguiu criar programas e políticas públicas que criam condições para que as pessoas tenham a oportunidade de viver com mais dignidade.
Durante a pandemia, enquanto Bolsonaro deixou o povo à própria sorte, Fátima e outros governadores do Nordeste criaram formas de tentar enfrentar o problema da fome que voltou a atingir o Brasil com força. Ela conta orgulhosa sobre a realização da 1ª Feira Nordestina da Agricultura Familiar. Iniciativas que vão na contra mão do que prega o governo federal. “Bolsonaro incita o ódio e o desamor”, denuncia.
Ao mesmo tempo, enquanto o presidente da República tenta destruir as universidades federais e os institutos federais de ensino profissionalizante, o estado do Rio Grande do Norte criou o Programa Nova Escola Potiguar, que instala escolas técnicas baseadas nos institutos federais. No estado, cinco estão sendo construídas. Cada uma poderá atender entre 1.200 e 1.500 alunos.
Apesar de Bolsonaro, a governadora se mostra otimista com o presente e o futuro. Ela espera continuar a governar o estado, mas com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. O respeito pelo pacto federativo e a parceria com os governadores poderão acelerar o desenvolvimento social e a garantia de direitos, segundo a governadora. A seguir, leia trechos da entrevista à Focus Brasil:
Focus Brasil — A senhora é pedagoga. Como recebe a informação sobre o escândalo no MEC que resultou na prisão do ex-ministro Milton Ribeiro?
Fátima Bezerra — O sentimento, primeiro, é de muita revolta, de muita indignação. Uma pasta como a da Educação que é uma estrutura do Estado brasileiro com um papel tão estratégico, tão estruturante para um projeto de desenvolvimento nacional e, hoje, literalmente virar caso de polícia, é um horror isso. É um horror. O MEC, no tempo dos governos do PT, foi uma das pastas que promoveu o maior período de inclusão social na história contemporânea do Brasil. Eu me refiro à implementação de políticas públicas de caráter estruturante como o Fundeb. Eu fui, inclusive, a relatora em 2006 na Câmara dos Deputados. O Fundeb foi e continua sendo a mais importante política de financiamento voltada para a educação básica nesse país. O piso salarial nacional do magistério, uma política muito assertiva para promover a valorização dos funcionários da educação, o Prouni que possibilitou a entrada de muitos jovens pobres de periferia, negros, por esse Brasil afora. A expansão das nossas universidades através do Reuni, através das escolas técnicas. Esse era o MEC dos governos do PT. E mesmo em governos anteriores aos nossos, como por exemplo, no governo FHC, eu tenho que reconhecer que o Fundef nasceu lá.
E, agora, como se não bastasse o processo de desmonte de todas essas políticas, chegamos ao ponto de cortes orçamentários tão brutais em universidades e escolas técnicas que já começa a faltar dinheiro para o custeio. Tem universidade ameaçada de parar as aulas porque falta dinheiro para pagar a conta de luz. Ou seja, além da descontinuidade, agora o MEC está no centro de escândalos de corrupção. E isso ocorre, justamente, num governo que batia no peito para dizer que não tinha corrupção.
— A senhora pegou um governo praticamente falido. Faltou solidariedade de Bolsonaro com o Rio Grande do Norte? Porque sabemos que ele não é muito afeito ao pacto federativo.
— Faltou e está faltando. E não é só ao Rio Grande do Norte, é ao Brasil. Bolsonaro não sabe o que é solidariedade, o que é cooperação federativa. Ele não tem o mínimo de respeito. A prova foi o momento mais dramático que o nosso povo tem vivenciado que é o enfrentamento da pandemia. O que a maior autoridade do país fez naquele momento é um caso a ser estudado. Nem diante daquela que está considerada como a maior crise sanitária da história contemporânea do mundo, nem diante de uma realidade tão dramática como essa, ele teve o mínimo de compaixão ou de discernimento, um pouquinho que fosse, para deixar as divergências ideológicas ou partidárias de lado e assumir o papel que cabe ao governo nacional de coordenar as iniciativas para que, junto com estados e municípios, a gente pudesse mitigar os impactos da pandemia. Pelo contrário. Para nossa vergonha e revolta, ele assumiu o papel de negacionista-mor do mundo. O negacionismo com que ele tratou a pandemia custou a vida de muitos brasileiros e brasileiras. Desde a lentidão na aquisição da compra de vacinas, que ele nunca acreditou, tanto que não tomou até hoje. O quanto ele desdenhou das medidas sanitárias necessárias. A postura dele no enfrentamento à pandemia é um verdadeiro horror.
Aquela coisa de dizer que era uma gripezinha, que ele não podia salvar todo mundo… Eu estou dando aqui um exemplo que é para deixar claro o quanto o governo que aí está não tem o mínimo senso de responsabilidade com a federação, com os estados brasileiros. A Constituição para ele não vale nada. Aliás, ele faz ataques sistemáticos à nossa Constituição. O presidente Lula tem toda razão. É uma coisa inimaginável isso. Como alguém quer ser presidente da República e não tem a menor capacidade de fazer um diálogo com os governadores, com os prefeitos e prefeitas? É mais um aspecto que mostra o desastre que é o governo Bolsonaro. E não é um aspecto qualquer. Nós temos que entender que na vida pública o nosso compromisso é com a sociedade, com o povo, tanto com aqueles que votaram na gente e com os que não votaram também. Evidentemente que, do ponto de vista programático, a gente tem as nossas prioridades, como no caso dos governos do PT, é o olhar para as pessoas mais simples que são os que mais precisam do papel do Estado. Governar para todos é algo que não existe na cartilha do Bolsonaro. É um retrocesso imenso. Ele não tem o menor respeito pelo que está na Constituição. O que ele sabe é proteger amigo e perseguir a quem ele acha que são os adversários.
— Qual é a importância para o Brasil que Bolsonaro seja derrotado e, ao mesmo tempo, o que significaria num possível segundo mandato da senhora, ter Lula como presidente? O quanto essa mudança pode acelerar o desenvolvimento?
— Primeiro, a derrota do Bolsonaro é importante porque isso se tornou um imperativo. Aqueles que têm zelo pela democracia, que têm compromisso com a democracia, têm o dever de se unir para interromper esse ciclo de desgraça, de destruição que tomou conta do Brasil com a chegada do Bolsonaro. Claro que isso já germinava naquele contexto do Golpe de 2016 com o impeachment fraudulento que arrancou o mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff. Mas o processo de destruição mesmo toma fôlego a partir da chegada do Bolsonaro. Aí é a destruição mesmo da democracia. E dentro dessa destruição vêm os ataques aos direitos civilizatórios, humanos, sociais e por aí vai. Eu concordo inteiramente com o alerta daqueles que dizem que o Brasil não suporta mais quatro anos de Bolsonaro de maneira nenhuma. Porque a democracia não vai suportar, nem a soberania do nosso país. Alguns historiadores dizem que o Brasil avançou 50 anos em cinco com o governo Juscelino [Kubistchek]. No caso de Bolsonaro, está sendo o contrário. A gente está regredindo muitos anos em apenas quatro. Imagina se ele passar mais tempo. Então, a questão é a defesa da democracia.
Por isso, eu quero fazer um parêntese para mais uma vez expressar a minha concordância com o movimento que o presidente Lula lidera. Construímos uma frente mais ampla para que a gente possa derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Esse movimento se mostrou necessário e acertado. A vinda do governador Geraldo Alckmin na condição de vice do Lula trouxe essa simbologia. É aquilo o que o Lula ressalta quando traz Paulo Freire para nossa reflexão. Lá atrás, Paulo Freire dizia que é preciso unir os divergentes para enfrentar os antagônicos. É isso o que nós estamos fazendo nesse momento. A união dos que têm compromisso com a democracia para derrotar o obscurantismo, o conservadorismo, o fascismo que está tomando conta do país através do Bolsonaro.
Com Lula presidente, é evidente que, para o Brasil e para o Rio Grande do Norte, um outro horizonte se abre. Imagine ter a oportunidade, e eu tenho muita confiança, com humildade, mas estou com muita esperança de que o povo do Rio Grane do Norte, no momento oportuno, vai se posicionar e a maioria vai nos dar a oportunidade de passar mais quatro anos à frente do governo do estado, tendo Lula presidente da República. Porque o povo do Rio Grande do Norte já teve a oportunidade de vivenciar o governo Lula, de ver na pele, sentir dentro da sua casa o quanto a sua vida melhorou quando Lula era presidente deste país. Os benefícios chegaram ao Rio Grande do Norte, inclusive no campo da Educação, onde tive papel protagonista. Não tenho nenhuma dúvida de que a maioria do povo do Rio Grande do Norte, que tem muita sabedoria, muita sensibilidade, sabe que eu governadora com Lula presidente vamos poder fazer muito mais pelo povo deste estado, promovendo direitos, cidadania e dignidade.
— A senhora foi a única governadora eleita em 2018. São 26 homens e a senhora. Como a senhora vê o papel de protagonismo que as mulheres devem vir a assumir a partir desse novo processo eleitoral? Lula tem quase o dobro das intenções de voto de Bolsonaro entre as mulheres. Isso seria por conta da sensibilidade das mulheres diante dos problemas que o país enfrenta?
— Eu tenho muita esperança que nós possamos avançar com relação à participação das mulheres na política. As eleições que se avizinham são uma excelente oportunidade. Afinal, teremos eleição para presidente, mas teremos eleição muito importante para os governos estaduais e, não nos esqueçamos, da eleição para o Legislativo, que é fundamental. A gente tem que ter muita sabedoria na hora de escolher em quem a gente vai votar para o Parlamento tanto no nível estadual quanto no nacional.
As mulheres ainda precisam avançar muito nesse terreno. É claro que quando a gente vai olhar a história é óbvio que nós mulheres obtivemos muitas conquistas, fruto de muita luta. Lutas de caráter histórico de muita importância para as gerações passadas e do presente, mas o mundo em que vivemos atualmente ainda é muito proibido para as mulheres. Proibido no sentido da nossa sub-representação. No Parlamento, entre 513 parlamentares, nós representamos cerca de 15% apenas. Na esfera do Judiciário é muito pequena a representação feminina. Assim como é pequeno o número de prefeitas eleitas e nos Executivos estaduais. Entre 27 governadores, apenas uma mulher. Hoje temos três, mas apenas uma foi de fato eleita como cabeça de chapa. Hoje temos a companheira Regina [de Souza (PT)], no Piauí, e a companheira Izolda [Cela (PDT)], no Ceará.
Isso leva a uma reflexão porque acaba tendo uma coincidência histórica. Eu sou a única governadora e em um estado que tem um pioneirismo nessa questão. Afinal de contas, estamos falando da terra de Nísia Floresta. Há mais de 200 anos, Nísia foi uma mulher com posições muito pioneiras, corajosas, de vanguarda. Naquela época, ela ousou lutar pela igualdade de direitos para as mulheres. E deixou um legado muito importante que, aliás, precisa ser mais reconhecido, mais visibilizado. Mas estou falando também de Celina Guimarães. Foi do Rio Grande do Norte que saiu o primeiro voto de mulher no Brasil. Também foi aqui que tivemos a primeira mulher da América Latina a ser eleita prefeita, que foi Alzira Soriano. Passados esses anos todos, eu me pergunto: novamente, do Rio Grande do Norte, sai a única mulher eleita governadora nesse país? Fica aí essa reflexão.
Ao mesmo tempo em que eu comemoro de fato, em que me dá um orgulho imenso do meu estado, das mulheres do meu estado, eu sempre chamo essa reflexão porque não acho que seja saudável para a democracia ou desejável esse déficit de participação de mulheres na política. Vou até dizer algo mais preciso, acho que isso não é nem normal para a democracia. E não me venham com aquela de que é falta de capacidade das mulheres. Muito pelo contrário. Pesquisas e estudos mostram que as mulheres desenvolvem uma aptidão até maior para o exercício da política. Agora, precisa ter oportunidade. Não basta a mulher dizer que quer ser candidata. Ela tem que ter meios e ferramentas vivendo nesse contexto em que a gente vive, presas ainda que nós somos a toda essa cultura do machismo, do patriarcado. Isso afeta e muito a condição de vida de nós mulheres. Nós é que sabemos o preço que a gente paga ainda desse machismo estrutural. Mas também quero deixar essa mensagem de esperança porque eu acho que a mulherada está levantando a cabeça.
Estamos vendo aí os ataques histéricos de misoginia começando a serem repreendidos, a serem punidos. Estamos começando a ver isso de maneira um pouco mais crescente. É algo que se deve à mobilização das mulheres, dos movimentos sociais, dos movimentos de mulheres que estão cada vez mais acesos. Acho, inclusive, que a preferência da maioria das mulheres, hoje, pela candidatura do presidente Lula traduz muito isso porque as mulheres estão vendo quanto o governo que aí está é inimigo das mulheres. E não é só porque desmontou o Ministério das Mulheres. Ele cortou as verbas destinadas ao combate à violência, ao feminicídio, mas não é só pelo desmonte, mas porque que o governo dele estimula, incita o ódio, o desamor, a discriminação e o preconceito.
Ao enxergar na candidatura de Lula a perspectiva mais concreta de vitória e, ao mesmo tempo, constatar que foi nos governos do PT que mais a gente avançou do ponto de vista de estruturação do Estado brasileiro em políticas voltadas para promoção, proteção dos direitos das mulheres, isso explica e me dá uma esperança “danada” do porque a maioria da mulherada está com Lula e vai botar o Bolsonaro para correr.
— Voltando ao Legislativo que a senhora já mencionou, Lula tem falado bastante sobre a importância de eleger deputados e senadores que concordem com o programa de governo da chapa . E, por isso, eu gostaria de saber da senhora que ocupou cargos no Legislativo por vários mandatos, qual é a importância dessa eleição para o Legislativo? A senhora acredita que teremos a capacidade de eleger um número maior de parlamentares?
— Eu estou com esperança, sim. Em 2002, aquele momento bem emblemático quando a gente consegue chegar à Presidência do país e naquele momento eu me elejo deputada federal, até então o Rio Grande do Norte não tinha conseguido eleger para a Câmara – e são apenas oito vagas que o RN tem direito – uma representação com perfil e origem social diferente. Até então, os representantes daqui vinham das oligarquias, das famílias tradicionais ou então daqueles que tinham grande poder econômico. Eu quebrei essa barreira, mas isso só ocorreu em 2002. Estou dizendo isso porque foi exatamente naquele ano que a esquerda elegeu uma representação para o Legislativo de maneira mais representativa, mais intensa. Foi a maior bancada do PT até então. E isso ocorreu juntamente com outros partidos do campo democrático. Mas com o passar do tempo, infelizmente, houve involução e nessas duas últimas eleições as involuções foram até maiores.
Pelo que eu estou acompanhando, inclusive, a partir do meu estado, acredito que a nossa federação tenha condições aqui de fazer três vagas. Eu acho que tenderemos a avançar no campo da representação do Legislativo, com mais qualidade, mais pluralidade… Outra coisa que estou vendo é, por exemplo, a presença da comunidade afrodescendente. Você vê hoje esse movimento da Coalizão Negra por Direitos pelo país afora. Está presente em quase todos os estados da federação e aqui nós também temos. Temos candidaturas oriundas do movimento negro e com chances de chegar lá. Eu vejo também a questão da pauta LGBTQIA+ com muitas candidaturas. O próprio Lula tem feito um chamamento sobre a importância da gente ter bastante critério, sabedoria na hora de fazer a escolha para o Parlamento. Além do mais, diante da tarefa que vai estar colocada no nível nacional de reconstrução desse país. Eu não estou pessimista. Acho que a mulherada esta à frente disso tudo aí. Estou com esperança de que a gente vai ter um resultado bom. Vamos evoluir.
— A senhora mencionou o projeto do Lula que sempre diz que é candidato de um movimento e não apenas de um partido. E fez a mesma coisa no Rio Grade Norte. A aliança que está construindo é muito mais ampla do que na sua primeira eleição para governadora.
— É fato que a gente aqui, conectados com o projeto no nível nacional, fizemos esse movimento mais amplo que, a exemplo do plano nacional, se fazia necessário. Mas ele se faz necessário a partir, primeiro, da compreensão que eu e o meu partido devemos ter de que não dá para brincar com a conjuntura nacional. Não dá. Eu costumo dizer que essa eleição de 2022 é tão emblemática para a nossa geração – eu já estou acima dos 60 anos, com muita alegria e quero viver muitos anos ainda, se Deus quiser. Assim como Lula, estou com muito tesão – que a depender do resultado que nós venhamos a ter, essa pode ser, sem dúvida, a última eleição do período democrático para nós. Eu não tenho nenhuma dúvida disso. Bolsonaro não esconde isso. Pelo contrário. Ele já deu demonstrações cotidianas da vocação que ele tem para a ditadura, para o autoritarismo. Não dá para brincar com isso. Nossa geração não tem o direito de se omitir. Foi a partir dessa compreensão, do que significa a democracia para a vida do povo, e a vida do povo mais sofrido porque afinal de contas é por ele e com ele, principalmente, que nós estamos nessa luta. É para isso, exatamente, que o PT nasceu, para olhar principalmente para os oprimidos, para os mais sofridos, para os que mais precisam… É nesse contexto que eu não tive dúvida em me associar ao movimento que o presidente Lula fez de convidar o Alckmin.
Quero aqui dizer de público, mais uma vez, a admiração pelo Lula porque como ele consegue ter um coração tão grande? Um homem que já passou pelo que passou na vida, inclusive, recentemente, passar mais de 500 dias na prisão de uma forma tão injusta, aquela perseguição toda que ele sofreu e esse homem, de repente, não guardar rancor, não guardar raiva dentro do seu coração. É porque o amor que ele tem pelo povo brasileiro fala mais alto. Isso é muito bonito. Isso é de uma grandeza humana imensa. Eu fiz essa preleção para dizer que o movimento aqui, primeiro, se insere dentro dessa lógica. Por exemplo, trazer o MDB aqui no Rio Grande do Norte, ao mesmo tempo fortalecer o movimento do MDB em todo o Nordeste já apoiando o Lula no primeiro turno. Tem esse sentido. Depois, trouxemos o PDT para a vaga ao Senado. Isso dentro de um movimento para a gente ter uma conjuntura no nível estadual mais favorável para também não por em risco o projeto no nível estadual. Depois de pegar o Rio Grande do Norte como a gente pegou, destroçado, colapsado… Só eu sei o que enfrentei ao longo desses quatro anos. Em 2019, sequer existia calendário de pagamento. Ainda tinha 13º de 2017 que não tinha sido pago. As políticas sociais colapsadas, o caos na segurança pública, o colapso na saúde… Enfim, o descontrole generalizado e ainda por cima com uma conjuntura no nível nacional como essa, um governo perseguidor, inimigo dos estados como é o governo de Bolsonaro.
Não foi fácil, não foi simples. Mas nós fomos à luta. Com uma equipe boa, uma equipe competente, preparada, a gente arrumou a casa. Estamos recuperando a capacidade de investimento, projetando o Rio Grande do Norte para um projeto de desenvolvimento para um futuro que já começou. Você imagine com Lula presidente… É essa equação que eu quero fechar e assim que eu… Me permitam dizer aqui sem nenhum arroubo, sem nenhuma arrogância, mas meu contato com a população que sempre foi muito permanente, eu nunca fui uma política de gabinete, gosto mais da atividade presencial e eu nunca mudei. Sou professora e nunca me esqueci das minhas origens de menina pobre, migrante, que saiu da Paraíba para o Rio Grande do Norte, sobrevivente da seca, que passou por muitas dificuldades na vida… Estou na atividade política, estou no PT por acreditar que esse é um caminho para a gente realizar os sonhos das pessoas por uma vida com dignidade, com direito, com cidadania. E é nesse convívio diário direto com a população que vou confessar uma coisa aqui para vocês: percebo demais o desejo da maioria da população aqui de eleger Lula. Não tem para ninguém. E o Datafolha acaba de divulgar uma pesquisa mostrando que o Lula tem possibilidade concreta de ganhar no primeiro turno. Isso é história, é o reconhecimento da maioria do povo pela trajetória de um homem que soube, melhor do que ninguém, ser fiel ao povo e compreender a alma do brasileiro.
Ao mesmo tempo em que a maioria da população deseja de forma muito intensa ver Lula novamente na Presidência, e eu sinto isso quanto mais se aproximam as eleições, mais as pessoas se aproximam de mim e o fazem como se estivessem se aproximando do Lula. É natural que aqui no Rio Grande do Norte as pessoas vejam em mim aquela pessoa mais parecida com o Lula, até pelas afinidades que a gente tem. Não só partidárias ou do movimento social, sindical ou do movimento político. Mas afinidade de vida, as origens de vida da gente são muito parecidas e eles sabem do imenso carinho que o presidente Lula tem por mim assim como eu tenho por ele. Então, as pessoas se aproximam muito de mim e querem me dar um abraço como se estivessem dando um abraço no Lula. E ao mesmo tempo, expressando que em o Brasil tendo Lula como presidente, o melhor para o Rio Grande do Norte é ter Fátima como governadora, de novo. •