Entrevista Alexandre Kalil – “A REELEIÇÃO DE BOLSONARO SERIA UMA INSANIDADE”
Ex-prefeito de Belo Horizonte, reeleito no primeiro turno em 2020, agora sonha com o governo de Minas. Aliado de Lula, desdenha dos ataques do atual presidente e faz uma avaliação demolidora do adversário Romeu Zema: “Ele não fez nada. O Zema pegou o dinheiro da Vale, aquele dinheiro manchado de sangue com 270 pessoas enterradas e não consegue gastar. É pior do que o Bolsonaro“
A eleição em Minas Gerais deve ser polarizada entre Alexandre Kalil (PSD), aliado de Luiz Inácio Lula da Silva, e Romeu Zema (Novo), que foi próximo de Jair Bolsonaro em 2018 e ensaia uma reaproximação com o atual presidente. São vários os estados que devem reproduzir a polarização nacional nos pleitos regionais. No caso de Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país, Kalil e Zema são lideranças recentes. Enquanto o atual governador tem um mandato desorganizado e sem resultados expressivos, Kalil carrega na bagagem uma reeleição inédita. Ele teve mais de 70% dos votos para ser reconduzido ao cargo de prefeito da capital mineira, Belo Horizonte, em 2020.
Kalil acredita que Minas Gerais esteja vivendo uma reprodução do quadro nacional. Enquanto Bolsonaro e Zema são aventureiros que só causaram prejuízos e caos em seus mandatos, Lula e ele têm legado para apresentar. “Ninguém aguenta mais aventura neste país”, afirma. A falta de projeto, de planejamento e o uso do dinheiro público em benefício próprio são os fatores que assemelham Bolsonaro e Zema, na opinião de Kalil.
Para o político mineiro, falta pouco para que Lula possa vencer a eleição e ele acredita na vitória em primeiro turno. O discurso golpista de Bolsonaro não passa de bravata, na opinião do ex-prefeito, que conviveu com a pressão de bolsonaristas durante o pleito que levou a sua reeleição. Para ele, o bolsonarismo vai ficar muito diluído na sociedade após os primeiros feitos do futuro governo de Lula. “Eles não ser nem 4% da sociedade”, avalia. A seguir, leia trechos da entrevista à revista Focus Brasil:
Focus Brasil — Gostaria de começar perguntando sobre a realidade. Qual é a sua avaliação do atual do governo e por quê o senhor considera importante a volta de Lula?
Alexandre Kalil — O problema é o seguinte… O país tem, segundo o último dado, mais de 150 milhões de pessoas que não sabem se vão se alimentar amanhã… Nós temos 33 milhões de pessoas que, com certeza, não vão comer amanhã. Desses 30 milhões, 10 milhões são crianças. Reeleger um governo desse, só por isso, já seria uma insanidade. Não vamos nem falar de inflação, de descontrole, de entregar o país para uma economia completamente demagógica e irresponsável que vai fazer com que Lula “pague um preço” quando assumir a Presidência. A partir de janeiro do ano que vem, todo mundo vai pagar o preço dessa demagogia econômica irresponsável. Os homens que disseram que iriam salvar o país o embargaram completamente. Deve ser para andar em carro com placa de ministro e motorista. Eu resumo tudo no seguinte: é uma insanidade completa num país que tem esse número de famintos, que se fale em reeleição. Só isso bastaria, então não vamos nem entrar em outro ponto.
E o presidente Lula representa uma esperança. Representa o que já foi feito. Representa que não tem promessa, que não tem roleta, que não tem jogo de azar nessa parada. O que tem é o que já foi feito e temos que mostrar isso. O país não aguenta mais aventura. Ninguém aguenta mais aventura num país deste tamanho. O que representa para todos os brasileiros é bem simples: a certeza e a esperança de que tudo pode voltar a ser como era.
— Quando o Zema foi eleito governador e o Bolsonaro, presidente, um amigo mineiro falou: “Se ao final de quatro anos esse Zema e Bolsonaro derem certo, ou o mundo está de ponta cabeça ou a gente não entende nada de política. Porque a chance de dar certo é quase zero”. Agora, existe uma expectativa grande com sua candidatura. Não existe eleição ganha, mas a situação para o senhor é boa…
— Temos uma vantagem, mostrar o que foi feito. Minas Gerais está no mesmo trilho do presidente Lula, que é o Brasil. O que eu estou levando e tentando mostrar para Minas Gerais é o que foi feito em Belo Horizonte. Eu não sou uma aventura. Eu me elegi prefeito e fui reeleito com a maior votação da história dessa cidade em primeiro turno. Quer dizer, devo ter uma boa marca. Uma cidade de quase 3 milhões de habitantes não reelege um prefeito em 1º turno se não houver trabalho, entrega. O que eu tenho em comum com o presidente Lula além da esperança, do coração, da empatia, do cuidado com gente, é que temos coisa para mostrar. Nós não precisamos dizer “vamos fazer isso, isso e aquilo”. Ou prometer o que quer que seja. De promessa o povo já está de saco cheio, ninguém aguenta mais. O que queremos mostrar é o que já fiz e que sei fazer. O que Lula está falando para a população do Brasil, em resumo, é: “Está aqui, foi feito. Ninguém vai entrar numa aventura, não é assim que eu faço”. E isso eu tenho em comum com ele. Nós não podemos enfiar Minas Gerais e o Brasil em outra aventura.
Quando fui eleito pela primeira vez, tive que dizer o que dava para fazer. E não é fácil ser eleito assim. Mas depois que você faz, aí tudo certo. Por isso que a reeleição foi tão fácil. Então, não adianta o PIB de Minas querer derrubar uma candidatura, como tentaram na minha reeleição, primeiro, porque PIB não elege ninguém, quem elege é povo. Segundo, tem legado. Eu brinco aqui: “desmanchar o que eu fiz em Minas com notícia de rádio e televisão, não vai dar. Mas se pegar uma marreta e uma escavadeira aí eles podem querer derrubar os centros de saúde que foram feitos um a cada dois meses na minha gestão, pode tirar os 375 leitos do hospital de alta complexidade, pode tomar 6 milhões de cestas básicas que eu distribuí na pandemia, pode também fazer o povo esquecer 15 milhões de refeições que distribuí na pandemia, dos quase 500 mil kits que distribuí porque o povo não tem nem água, sabão e álcool para limpar a mão na pandemia…” E tem mais, recapeamento, coleta de lixo, obras contra enchentes… Nós temos entrega. Não tem jeito de tirar isso, não. O povo vê. Pobre é pobre e burro é burro. Pobreza não é sinônimo de burrice. Se tem um povo sofrido, é o povo brasileiro. Mas se tem um povo que reconhece e lembra do que é feito para ele, também é o povo brasileiro.
— Qual é a sua opinião sobre o futuro do bolsonarismo? Já ouvimos de outros entrevistados que a derrota de Bolsonaro está longe de significar o fim do bolsonarismo. Para isso, seria necessário um sucesso muito grande do futuro governo Lula… O senhor também entende que o bolsonarismo vai continuar?
— Não. Não vai, não. Esse mal vai ser esquecido. Quando buzinavam por 40 minutos, uma hora e meia em frente da minha casa – eu era candidato à reeleição –, eu dizia o seguinte: “eles são muito barulhentos, mas são muito poucos”. Eu não acho que tem que se cobrar nada de ninguém, principalmente, do presidente Lula que vai pegar um país estraçalhado… Que ele faça muito bem feito… Mas não é nada disso. Temos que saber que estamos entregues em boas mãos. Se for assim, alguma coisa boa vai acontecer. Então, quando buzinavam na porta da minha casa faltando poucos dias para a eleição, sentia que era muito barulho para pouca gente. Temer o mal não faz parte do bem. Eu não temo o mal. Eu não tenho medo de bolsonarista, de rede social, de atentado… Eles, simplesmente, vão fazer o seguinte, vão perder a eleição, pegar a buzina, guardar em casa e ficar todo mundo como dantes no quartel de Abrantes. Porque nós acharmos que o que aconteceu na última eleição foi o bolsonarismo é um absurdo absoluto. Estamos falando em 20 e poucos por cento, talvez menos até de bolsonaristas radicais. E na hora que o governo chegar, se apresentar e mostrar a que veio, eles vão todos ficar em casa e eu tenho certeza que boa parte desses derrotados, que serão derrotados, irremediavelmente derrotados, vão ver o erro que cometeram. Temos que dar uma chance no Brasil para os que erraram. Eles não vão ter daqui quatro ou cinco anos nem 4% da população brasileira. Na hora que esse país voltar para o trilho, e vai voltar, eles vão ver o erro que cometeram.
Eu não tenho medo, acho que não tem bolsonarismo, que não vai ter… Não é essa a oposição, se for essa a oposição, ela vai ser ótima para o presidente Lula porque é uma oposição que fala em arma, em devastar a Amazônia, todo o tipo de absurdos… Ou seja, seria uma oposição que não se leva a sério. Essa é a melhor oposição do mundo. O que eu espero, no meu governo, se eu vier a ser eleito, como espero do governo do presidente Lula é gente séria fazendo oposição, o que é absolutamente legítimo e necessário. Agora, esse pessoal de tiro, bomba e arma não vai fazer mal a ninguém e nem nunca fez. Foram derrotados, não se reelege. Estão aí os EUA provando. E nesse quadro atual, dessa barbaridade social e econômica que esse país vive, nós vamos, com tranquilidade, esquecer esse bolsonarismo. Foi um traço que passou na sociedade brasileira e vai ser colocado no seu devido lugar, é só deixar o presidente Lula governar. E vai mostrar o que é Zema e Bolsonaro, não sei se é a mesma coisa, nem eles mesmos sabem, então, é só ter calma.
— O senhor falou sobre um erro cometido por muitas pessoas nos últimos anos, que é necessário deixar que elas se arrependam, essas pessoas foram iludidas por Sergio Moro, Deltan Dallagnol, pelo que eles fizeram com a Lava Jato?
— Puxa vida, eu queria falar de tanta coisa, até do Bolsonaro, mas do Sergio Moro, você me poupe. Do Sergio Moro, você me poupe. Eu vou te falar o que eu acho, eu tenho amigos que apoiam o Bolsonaro e não vou me tornar inimigo deles por causa disso. Eu converso com eles sobre futebol, outros assuntos… Enfim, discordamos. Eu acho que o meu time é melhor do que o dele, ele acha que o dele é melhor do que o meu e a gente senta e conversa. Agora, sobre Sergio Moro e Deltan Dallagnol eu não vou conversar. Eles fizeram um mal para o Brasil que nem o Bolsonaro fez. Bolsonaro pelo menos foi eleito dentro da legalidade, na urna eletrônica como deve ser, tomou posse como deve ser, e não fizeram esse papel absolutamente abominável, asqueroso que essa turma fez para o Brasil. Isso, na minha opinião, sei que estou falando para a Fundação Perseu Abramo, é muito mais abominável do que um presidente que foi eleito, que eu discordo dele, que é responsável por um atraso na compra de vacinas que custou a vida de pelo menos 200 mil brasileiros, que levou esse país a essa crise profunda, que não se importa com 158 milhões de desalentados, com 30 milhões de famintos… O povo foi lá e escolheu ele, errado ou não. Agora, esses que você falou aí nunca tiveram voto, não tiveram o direito de fazer o que fizeram, é o que eu entendo como sendo o que mais abominável já teve nesse país, tanto que está tendo o fim que estamos vendo aí… O fim dele é praticamente melancólico. Ele conseguiu trair a mulher e a amante. É um caso inédito.
— Sua candidatura é muito forte no eixo metropolitano onde existe uma influência muito grande do Brasil. Minas é um microcosmo do Brasil, o que acontece aí tem reflexo no Brasil. Como está sua aliança política, ela é ampla como a que o Lula construiu até aqui?
— A aliança do Zema foi feita exatamente como “antigamente futebol clube”. Foram entregues empresas e cargos. Os partidos ocuparam o Estado com empresas estatais completas entregues e cargos milionários entregues. Então, vamos começar por aí, o que eu não faço na prefeitura e eu nunca fiz. Eu dou um exemplo clássico para todo mundo. Quem cuidou da assistência social do meu governo durante cinco anos e oitenta e quatro dias foi uma militante do PT. Agora, ela foi escolhida não porque era do PT. Foi escolhida porque era uma técnica capacitada e professora de ação social. Depois que eu soube que era filiada do PT, sendo que o PT foi meu adversário nas duas eleições. Eu não tenho o menor constrangimento de falar. Nunca pedi ao PT para votar nada e o PT também nunca me pediu, diga-se de passagem.
Aliança é feita com credibilidade. Aliança é quando o cara senta com você e fala “eu quero apoiar porque o outro não tem credibilidade, ele mente”. Eu demoro a fechar aliança, o próprio Partido dos Trabalhadores é prova disso. É que apertar a mão é coisa muito séria. Dar palavra é coisa muito séria e isso nos levou a essa demora. Eu queria que fosse antes, o próprio presidente falou que deveria ter sido antes. Mas está tudo bem, foi tudo a tempo e a hora. O que nós temos que fazer é transpirar credibilidade. Fazer política boa e política legal é credibilidade. O que eu tenho e ele não tem é credibilidade. O que eu falo, eu cumpro. Então, eu tenho muito cuidado para falar com o mundo político porque eu sei que eu vou ter que cumprir lá na frente. Eu falo assim, “vocês querem participar de uma coisa nova lá em Minas Gerais, de um novo governo, um governo legal?”, “Queremos”. “Então, vamos fechar uma aliança porque eu preciso de todo mundo”. E é isso o que está acontecendo aqui.
– Todas as candidaturas devem ser respeitadas, isso é a democracia. Mas pelo momento que o Brasil vive, o senhor acredita que todas as forças políticas deveriam fazer esse gesto de declarar apoio a Lula já no primeiro turno e eliminar antes qualquer tentativa maluca do Bolsonaro de fazer qualquer coisa contra a democracia?
— Não vai fazer nada. Vai fazer bosta nenhuma. Não faz nada. Grita em microfone e no cercadinho e faz cara feia. Vai fazer bosta nenhuma. Tentou fazer em 7 de setembro e deu com os burros n’água e guardou a viola no saco. Vai fazer nada. Nós temos que parar de pôr medo nesse povo. Nós vamos ganhar a eleição com voto, com urna eletrônica, com urna elétrica, com urna à válvula, com papel, com sinal de fumaça… A eleição já acabou, o Lula está eleito. É só o povo ir para a rua e votar. É isso que nós precisamos, chamar o povo e votar. Eu sou muito franco, eu não tiro o direito de ninguém de querer disputar. Eu acho que esse gesto tem que partir do Lula. Ninguém vai chegar lá e entregar para o presidente Lula. Como eu sou muito franco nas minhas coisas, acho que sim, que o Lula tinha que começar a se movimentar para fazer um movimento porque o rio está correndo para o mar como sempre. Então, ele tem que aproveitar essa corredeira, ir atrás desses candidatos e mostrar o projeto de país que ele tem. Ele está muito acima, ele é muito líder. Ele está acima, todo mundo sabe disso. Se ele tocar nesse assunto comigo, vou dizer: “Presidente, o grande tem que correr atrás”. Eu costumo dizer o seguinte, “o líder não vai na frente dos liderados, ele empurra os liderados”. Mas eu não quero dizer que isso tem que ser um gesto.
Vamos “dar nome aos bois”. Eu não me acho capaz de aconselhar o Ciro Gomes a alguma coisa ou a Simone Tebet, até porque eu sou muito menor do que eles. Eles são gente consolidada na política nacional, muito mais conhecidos, então eu não queria me colocar nessa situação. Seria bom? Seria ótimo. Eu quero? Claro que eu quero e eu desejo. Mas eu não tenho nem tamanho para opinar sobre isso e acho que o presidente Lula, sim, deve ir atrás dos seus liderados porque na frente ele já está.
— Recentemente, houve uma tensão entre Zema e a polícia porque ele faz acordos que não cumpriu. Como o senhor encara a segurança pública, um tema muito cobrado pela população de Minas Gerais?
— A Polícia Militar de Minas tem a tradição de ser a melhor polícia militar do Brasil. Ela é muito respeitada por nós aqui. Muito mesmo. Quem botou fogo nessa fogueira, quem botou gasolina, quem botou 60 mil pessoas na rua em Belo Horizonte, e eu era o prefeito e fiquei desesperado com uma passeata de 60 mil pessoas que podem, inclusive, andar armados e graças a Deus não houve nenhum problema, nem um arranhão, quem colocou gasolina nesse fogo foi o governador. É um governo que acha que pode prometer para daqui a X anos… Eu, quando fui prefeito falei “ó, eu não prometo nenhum reajuste pra quando quer que seja, vamos dar o que pode”. Num país igual ao Brasil de hoje, quem planejar com mais de seis meses é burro. Nada pode ser planejado com mais de seis meses nesse Brasil que vivemos hoje. O que foi feito ali não foi nem uma promessa, foi um acordo que foi levado para a Assembleia Legislativa depois de partir do Executivo. A assembleia aprovou e depois de tudo certo, o governador “colocou a mãozinha na cintura” e falou “nós não podemos dar mais”. Ora, que país é este?
Eu acho que funcionalismo público tem que ser tratado com importância e responsabilidade. Como disse, não vamos prometer. Em Belo Horizonte, abríamos os números da prefeitura e mostrávamos o quanto podia ser dado. Negociava mostrando os números da prefeitura. Foi assim durante os meus dois mandatos. Não ignoramos servidores de nenhuma área durante a pandemia, diferente do que o governo estadual fez. E esses servidores viram que os milionários que não tinham vaga nem especialidade tiveram que correr para o serviço público porque é lá que tem vacina e atendimento.
— Gostaria que o senhor apontasse setores estratégicos que têm sido ignorados ou até prejudicados pelo atual governador e que precisam de atenção.
— Com essa alta da arrecadação pelo ICMS em função do preço dos combustíveis, Minas Gerais arrecadou R$ 90 bilhões a mais do que o governo anterior. O único governador da história de Minas Gerais que nunca pagou um “vintém” para o governo federal é o atual. Não fez a recuperação fiscal porque não sentou e não dialogou. E ele vai largar o estado devendo R$ 50 bilhões a mais. Eu estou resumindo o que é o governo atual. Nós temos a maior malha viária desse país, são 27 mil quilômetros. Desses, 5 mil [quilômetros] estão intransitáveis, 10 mil [quilômetros estão] precários. Ou seja, só temos 15 mil [quilômetros]. O melhor amigo do Zema não conseguiu trazer um convênio ou um dinheiro do governo federal para uma BR [rodovia federal] em Minas Gerais. Foram todas abandonadas pelo amigo íntimo dele que segundo o próprio Bolsonaro falou aqui era igual “marido e mulher”. Então, o que faltou? Faltou tudo. É abandono.
Quando você é muito competente, muito foda, você acerta 70% e erra 30%. Quando você é muito ruim, você acerta 30% e erra 70%. Mas o abandono, ninguém resiste. O erro é 100%. Estamos falando de um estado abandonado que não fez um hospital. Ele fez política na televisão em frente a um hospital regional da Zona da Mata e Juiz de Fora. E fez a campanha de 2018 em frente ao hospital chamando de imoralidade que estava atrás dele. Vai lá hoje, quatro anos depois. Está exatamente do mesmo jeito. O problema é a cretinice. O problema é a cara-de-pau. Eu não prometo porque eu tenho vergonha. Se eu faço isso na frente do hospital, nem se for pra eu ir lá rebocar eu mesmo, mas eu não vou deixar do jeito que estava quando eu quis esculhambar o hospital. O que falta é verdade, é vergonha. Ele disse que não andaria de avião, mas está pendurado em avião a jato com dinheiro público e fazendo campanha há dois anos. Está pior do que o Bolsonaro. Aliás, ele aprendeu com o Bolsonaro. O Zema não entregou um metro de nada. Para quem não sabe no Brasil, os prefeitos de cidades pequenas estão pegando balde com terra para tapar buraco em estrada vicinal. Ele não fez foi nada. O Zema pegou o dinheiro da Vale, aquele dinheiro manchado de sangue com 270 pessoas enterradas e não consegue gastar. Não tem estrutura, não tem planejamento, não tem projeto. Ele não sabe fazer projeto. Esse governo é isso. R$ 32 bilhões são dois anos de orçamento da prefeitura e ele não consegue fazer uma estrada, um galinheiro. Este é o resumo.
— E o que o senhor considera como prioridade para o governo estadual fazer a partir de janeiro de 2023?
— Governo não dá emprego, quem gera emprego é desenvolvimento social, igualdade, infraestrutura… O que o nosso estado precisa e que está no foco do meu plano de governo que está sendo elaborado é: saúde, que é um negócio muito sério, e infraestrutura. Porque se você vai trazer uma fábrica e o cara colocar o olho no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, Minas não vai ganhar a fábrica porque não tem estrada para andar. Tirando as grandes artérias federais, não temos estrada para andar. E nas artérias federais as empresas já ocuparam espaço. Temos que recuperar a infraestrutura porque a malha viária é um patrimônio incalculável. Fazer uma estrada hoje é dinheiro demais. Deixar essa estrada ir embora sem manutenção, sem recuperação é crime. Então, temos que recuperar a infraestrutura e focar na saúde que está completamente abandonada. Recentemente, o governador fez um acordo dividindo para todas as cidades em 96 pagamentos, um acordo de R$ 8 bilhões. R$ 4 bilhões e 300 milhões são dele, é dívida dele que tinha que ter sido repassado para os municípios. E é isso o que ninguém está sabendo. De certa forma, eu me pareço com ele. Eu penso no meu pai todos os dias da minha vida que eu acordo. E ele pensa no ex-governador todos os dias da vida dele. Ele só pensa no ex-governador, ele não governa. Eu nem falo o nome do ex-prefeito porque não me interessa. Se ele fosse bom, tinha conseguido a eleição do candidato dele. Quer dizer, o ex-governador passou e ele vai passar. Ou ele está achando que eu vou governar falando o nome dele? É isso. •