“Reconstruir o Brasil”

Lula saúda a indicação de Geraldo Alckmin pelo PSB para compor a chapa presidencial que vai derrotar Bolsonaro e a extrema-direita nas urnas e retomar o caminho do desenvolvimento com justiça social. “A hora é de somar”

 

A grande frente democrática contra as forças do atraso e do neofascismo ultraliberal começou a se materializar na sexta-feira, 8 de abril. Na cerimônia de apresentação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin como nome do PSB para compor a vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, os dois aliados ressaltaram a necessidade histórica de união das forças progressistas para fazer frente ao momento político que o Brasil vive. Lula e Alckmin reforçaram o compromisso com a democracia e a reconstrução do Brasil.

Lula disse ter certeza que o nome do ex-governador será aprovado pelo PT e que a união dos dois líderes políticos é uma demonstração de que é possível projetos políticos diferentes, mas com os mesmos princípios, se unirem para o bem comum e o interesse na reconstrução do Brasil. “O selamento desse acordo, dessa proposta, é uma demonstração do esforço na perspectiva de construir o melhor da política brasileira para que a gente possa ganhar essas eleições de 2022”, saudou.

“Eu queria estabelecer um critério de relação com Alckmin. Daqui para frente você não me trata como ex-presidente e eu não te trato como ex-governador. Você me chama de companheiro Lula e eu chamo você de companheiro Alckmin”, brincou Lula. Ele agradeceu o PSB pela indicação. E acrescentou que, nos tempos em que estiveram em lados opostos, a disputa era civilizada e harmoniosa. Muito diferente da política feita por Jair Bolsonaro. “Hoje isso não é possível, porque não está estabelecida na disputa a polarização civilizada”, afirmou.

Assim que a chapa for formalizada, disse Lula, o PSB será convidado a ajudar a construir o plano de governo. O ex-presidente repetiu que, num eventual novo governo, vai administrar o Brasil para todos, mas priorizando os mais necessitados. “Nós vamos conversar com toda a sociedade brasileira, com grandes empresários, com médios, pequenos e microempresários, e com o povo trabalhador. Vamos tratar com o mesmo respeito o catador de papel que está na rua e o maior empresário desse país, o trabalhador sem-terra e os grandes fazendeiros. Queremos governar para todos, mas o nosso coração estará voltado para os que mais necessitam”, ressaltou.

Lula disse que, juntos, ele e Alckmin farão das experiências um instrumento para recuperar o Brasil e recuperar os direitos do povo. “O povo quer ter o direito de morar, o povo quer ter direito de estudar, o povo quer lazer, água limpa, usufruir daquilo que ele produz”, comentou. “É só ler a Constituição, a Bíblia e a Declaração Universal dos Direitos Humanos que vocês vão ver que tudo isso está garantido, mas o povo não tem”. Ele declarou que ganhar as eleições talvez seja mais fácil do que recuperar o país.

Alckmin agradeceu a confiança do PSB e disse que o momento não é de egoísmo, mas de grandeza política para a reconstrução do Brasil. Segundo o ex-governador de São Paulo, a política não é arte solitária, mas a soma de esforços pelo país. Alckmin disse que o atual governante hoje que ataca o próprio Estado de Direito. Ele alerta que o país vive uma autocracia cujo resultado é a maior crise das últimas décadas, com violência, fome e desemprego.

“Eu que entrei na vida pública, presidente Lula, como o senhor, para redemocratizar o Brasil, vemos hoje um governo que atenta contra a democracia e contra as instituições”, afirmou. Alckmin ressaltou que chega para somar esforços a fim de gerar emprego, renda, combater a carestia e trabalhar para que os brasileiros tenham dias melhores. “Chega de sofrimento para o povo do Brasil”, declarou. “É com esperança, com entusiasmo e com amor que vamos colocar nosso nome à disposição para que a gente trabalhe pelo Brasil. É com honra e entusiasmo”.

Na carta de apresentação do nome de Alckmin, endereçada à presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que o Brasil vive o momento mais difícil do período da redemocratização e que, para fazer frente às ameaças concretas e objetivas que o momento apresenta, se restabelece uma parceria antiga entre os dois partidos.

“Não temos qualquer dúvida de que é o companheiro Lula quem reúne as melhores condições para articular forças políticas amplas, capazes de dar à resistência democrática a envergadura que permitirá enfrentar e vencer o bolsonarismo. Para somar potência e amplitude à resistência contra o autoritarismo que será liderada pelo companheiro Lula, o PSB propõe para compor a chapa o nome do companheiro Alckmin”, diz Siqueira, na carta ao PT. “Suas qualidades são conhecidas e reconhecidas, dentre as quais cabe destacar uma vida pública longeva e honrada, a perseverança na defesa da democracia e das práticas que lhe correspondem, o equilíbrio daqueles que acreditam no diálogo entre diferentes, a tranquilidade dos que almejam o bem público”.

A presidenta do PT saudou a aliança: “Recebemos com alegria e carinho a indicação do PSB. Como disse Alckmin, quando se filiou ao partido, todos temos lealdade com o futuro do país. É isso que nos leva a esse movimento”. •