Nos governos do PT, apesar da grita da mídia e dos adversários, a inflação permaneceu dentro da meta. Sob Fernando Henrique, a média da taxa de inflação foi superior à verificada no primeiro governo Lula, 6,4%; no segundo, 5,1%; e com Dilma, 6,2%

 

 

Neste décimo oitavo texto da série de artigos organizada para oferecer fatos e números que desconstroem as mentiras circulantes, segundo as quais a política econômica do PT teria “quebrado o Brasil”, abordamos como a inflação permaneceu sob controle nos governos Lula e Dilma.

Mostramos agora que, durante os governos petistas, a taxa de inflação não esteve “fora do controle”. Ao contrário, permaneceu controlada e preservou a tendência de queda durante os governos Lula, apresentando ligeira alta no primeiro governo Dilma, mas ainda dentro das metas estabelecidas. A média da taxa de inflação entre 1995-98 (9,7%) e 1998-2002 (8,8%) foi superior à verificada entre 2003-2006 (6,4%), 2007-2010 (5,1%) e 2011-2014 (6,2%) — como mostra o gráfico 1.

Nas análises anteriores, demonstramos a falsidade da narrativa de que o país quebrou com o PT, apresentando o comportamento de diversos indicadores econômicos. Mostramos que um dos grandes legados dos governos petistas foi reduzir drasticamente a vulnerabilidade externa. Houve queda substancial na dívida externa bruta. Além disso, as reservas cambiais aumentaram mais de 20 vezes. E a dívida externa líquida passou a ser negativa a partir de 2007. Por fim, o governo central foi fortalecido contra as pressões do mercado, pois foi possível praticamente zerar o peso dos títulos indexados ao câmbio no total da dívida e reduzir pela metade a proporção de títulos indexados à Selic.

A melhoria dos fundamentos macroeconômicos também é atestada pela queda constatada em vários indicadores: dívida pública; taxa de juros básicos; despesas com juros, como proporção da arrecadação tributária federal; e despesas com pessoal e encargos, como proporção do PIB.

 

Houve expressiva geração de superávits primários, durante os governos petistas, e o Brasil voltou a crescer e a redistribuir os frutos desse crescimento, sobretudo pela expansão do investimento, do crédito fornecido pelos bancos públicos e do mercado interno de consumo assalariado, formado a partir de políticas de distribuição de renda e de expansão e formalização do emprego, que ampliaram a renda das famílias e as vendas no varejo.

Analisando a evolução anual da taxa de inflação, nota-se que ela caiu, de 12,5% (2002) para um patamar abaixo de 6,5% entre 2005 e 2014, sempre inferior à banda superior da meta (gráfico 2), próximo do verificado em outras economias emergentes no período.

Em diversos momentos, algumas pressões inflacionárias de custos foram controladas pelo governo. A maioria não decorreu de problemas de excesso de demanda incentivada pelo gasto público, como a narrativa liberal nos quer fazer crer.

As pressões naquele momento decorreram da prolongada seca, que aumentou o custo de produção de energia. Além disso, efeitos prolongados da crise financeira internacional de 2008-2009 pressionaram o câmbio – o que seria inevitável, em um cenário de deterioração da balança comercial e das estruturas produtivas.

Havia também pressão advinda do mercado de trabalho, graças ao ganho salarial dos trabalhadores acima da inflação. Essa pressão, juntamente com o aumento da formalização do trabalho, não deveria ser vista de forma negativa, pois melhora a distribuição pessoal e funcional da renda, aumentando a qualidade de vida da população trabalhadora. Mesmo em um cenário próximo ao pleno emprego, os governos do PT lograram manter a inflação na meta.

 

O aumento da taxa de inflação em 2015 (10,5%) reflete o movimento mais geral de deterioração das condições da economia internacional; do agravamento da crise política – posto que a oposição passou a apostar na instabilidade institucional, e a forçar que se impusessem limites legislativos à condução da política econômica. O aumento da inflação reflete também os efeitos disruptivos da operação Lava Jato e da mudança de rumos na política econômica a partir do mandato de Joaquim Levy, marcado pela contração fiscal.

O objetivo do ajuste implantado era enfrentar, de uma só vez, os desequilíbrios da economia brasileira, promovendo uma imediata desvalorização cambial e um aumento coordenado de um conjunto de preços administrados, o que gerou pressão inflacionária e recessiva em uma economia que já se encontrava em fase de desaceleração do crescimento

Os impactos dessa mudança se expressam, dentre outros sinais, nas variações, em termos de médias anuais, da taxa de câmbio (+50%) e da SELIC (+22,4%). Os mesmos impactos refletem-se também no expressivo aumento dos preços monitorados (de 5,2% em 2014, para 16,8% em 2015).

Portanto, também no caso da taxa de inflação, não se sustenta a afirmação de que a “crise”, que teria sido gerada pelos governos do PT, teria sido “fundamentalmente crise de irresponsabilidade fiscal”, como o arbítrio mais delirante nunca se cansa de repetir.  •

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