Gustavo Petro vence as primárias com mais de 4 milhões de votos. As eleições presidenciais acontecem em maio. A direita liderada por Álvaro Uribe é a grande derrotada na disputa

 

No último domingo, 13, os colombianos votaram por um novo congresso e também nas primárias presidenciais para escolher os candidatos para a disputa presidencial de maio. O país realizou suas primeiras eleições desde o início da pandemia de coronavírus, há dois anos.

A coalizão Pacto Histórico, que reúne grande parte da esquerda na Colômbia, obteve 17 cadeiras no Senado e 25 na Câmara dos Deputados nas eleições legislativas, em dia de derrota para o partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, então a maior força política do país.

Como apontavam as pesquisas de opinião, o senador de esquerda Gustavo Petro emergiu como o atual líder na disputa pela Presidência. Com quase todos os votos apurados, ele venceu a primária do Pacto Histórico, coalizão de partidos de esquerda, com 80% dos mais de 5,4 milhões de votos dados.

A coalizão de grupos conservadores atraiu 3,9 milhões de eleitores para sua primária, vencida por Federico Gutierrez, ex-prefeito de Medellín. Ele é um crítico do acordo de paz de 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Um grupo de partidos centristas conhecido como Coalizão da Esperança obteve 2 milhões de eleitores em sua primária, vencida pelo matemático Sergio Fajardo, que também concorreu nas eleições presidenciais de 2018.

Os três competirão na eleição presidencial da Colômbia em 29 de maio, juntamente com vários outros candidatos escolhidos anteriormente por partidos menores. Se ninguém obtiver 50% dos votos, um segundo turno será realizado em junho entre os dois primeiros colocados.

“Parece que os candidatos do centro foram os grandes perdedores nesta eleição”, disse Sergio Guzman, analista de risco político em Bogotá. “Eles mostraram divisões durante a campanha e não foram eficazes em levar os eleitores às urnas”.

Petro obteve mais de 4 milhões de votos nas primárias de domingo, dobrando o número de votos recebidos por todos os cinco candidatos nas primárias do centro.

O senador, que pertencia a um grupo rebelde na década de 1980, procurou capitalizar a crescente frustração com o governo conservador da Colômbia, que resultou no aumento da pobreza durante a pandemia e, no ano passado, enfrentou grandes protestos por um plano de aumento de impostos, violência policial e aumento da desigualdade social.

Petro promete aumentar os impostos sobre corporações e grandes proprietários de terras, e sugeriu que, se vier a se tornar presidente, o governo comprará terras para distribuir aos camponeses. Ele também disse que suspenderia os projetos de exploração de petróleo e faria com que o governo assumisse um papel maior na economia, inclusive garantindo renda anual aos colombianos.

“Ele fala das necessidades sociais que aumentaram durante a pandemia e se refletiram nos protestos”, disse Johan Caldas, professor de ciência política da Universidade de La Sabana, em Bogotá.

O Pacto Histórico do Petro também foi o mais votado na lista do Senado, com cerca de 15% do total de votos. Mas isso não dará ao movimento cadeiras suficientes para ter maioria no Congresso. A direita está fragmentada em seis partidos e seguirá sendo maioria.

Será necessária a formação de alianças com a coalizão Aliança Verde e Centro Esperança, que conta com 14 cadeiras no Senado. Os tradicionais partidos colombianos Conservador e Liberal emplacaram 15 senadores, cada um. O Centro Democrático obteve 14, a Mudança Radical 11, o Partido da U 10 e a Coalizão Mira-Colômbia Justa Livres conseguiu quatro.

As bandeiras do Pacto Histórico serão defendidas, entre outros, por congressistas como María José Pizarro, Alexander López, AidaAvella, Roy Barreras e Iván Cepeda, assim como por novos representantes, como a líder social Isabel Zuleta, a administradora Esmeralda Hernández ou a ativista María Fernanda Carrascal. •