Um dos maiores especialistas em energia do país, o físico e engenheiro nuclear perdeu a vida na luta contra a Covid. Ex-presidente da Eletrobrás foi homenageado por Lula e Dilma

 

O Brasil perdeu na madrugada de quinta-feira, o físico e engenheiro nuclear Luiz Pinguelli Rosa, aos 80 anos, por complicações decorrentes da covid-19. Apontado como um dos maiores especialistas em energia do Brasil, Pinguelli foi presidente da Eletrobrás, no governo Lula, e por várias vezes foi diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal no Rio de Janeiro. Em nota, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff lamentaram a passagem do cientista.

“Pinguelli Rosa deu imensa contribuição para a evolução do sistema energético brasileiro, que hoje está sob ataque de entregadores do país”, declarou Lula. “O Brasil perde um dos seus mais renomados cientistas e especialistas em energia”, disse a ex-presidenta. “Pinguelli foi um homem à frente do seu tempo, um visionário defensor da ciência e do país”.

Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, o senador Jean-Paul Prates (PT-RN) também manifestou sua tristeza com a perda. Ele relembrou uma passagem com o professor na França, em 1990, em uma conferência mundial de economistas de energia onde Pinguelli foi aplaudido de pé. “Das primeiras turmas de alunos saíram muitos dos que dirigem o setor hoje. Luiz Pinguelli fará muita falta”, disse.

O atual diretor da Coppe/UFRJ, Romildo Toledo, lamentou a morte de Pinguelli e decretou luto de três dias. “Em meu nome e em nome da diretoria, da qual Pinguelli fazia parte, e de todo Corpo Social da Coppe, prestamos nossas sinceras condolências e solidariedade aos familiares e amigos”, anunciou.

Membro da Academia Brasileira de Ciências, eleito em 2003, o professor integrou o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC/ONU) e já recebeu o Forum Award da Sociedade Americana de Física, em 1992. No decorrer da carreira, recebeu a comenda com o grau de Chevalier de L’Ordre des Palmes Académiques, concedido em 1998 pelo Ministério da Educação da França. Também foi agraciado, em 2000, com o Prêmio Golfinho de Ouro, na categoria ciências, concedido pelo Conselho Estadual de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Ele também foi condecorado com e as medalhas da Ordem do Mérito dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, em 2003.

Com formação em engenharia nuclear, Pinguelli sempre esteve próximo ao segmento e participou do projeto da primeira usina nuclear brasileira, Angra 1, no Rio de Janeiro. Dilma lembrou do papel ativo dele na política e na defesa dos interesses nacionais. “Pinguelli foi um nacionalista que colocou o Brasil e os interesses do povo no centro de todo o seu trabalho intelectual e científico”, disse.

Graduado em Física pela UFRJ, mestre em Engenharia Nuclear pela Coppe/UFRJ e doutor em Física pela PUC-Rio, Pinguelli foi diretor da Coppe por quatro mandatos. Era também membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Também foi fundador da Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj), tendo sido seu primeiro presidente.

Suas áreas atuais de pesquisas se concentravam em planejamento energético, mudanças climáticas, além da epistemologia e história da ciência. As pesquisas de Pinguelli já se dedicaram à engenharia nuclear, física de reatores, física teórica e física de partículas. Ele foi pesquisador e professor visitante de diversas universidades mundo afora: Stanford (EUA), Pensilvânia (EUA), Grenoble Alpes (França), Cracóvia (Polônia), Centro Internacional de Pesquisa em Meio Ambiente e Desenvolvimento (França), Centro de Estudos Energéticos Enzo Tasselli (Itália), Agência Nacional de Energia Nuclear e Fontes Alternativas (Itália) e Fundação Bariloche (Argentina). •

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