O país segue sem rumo e a política de Guedes mostra o resultado. Com economia em recessão, índice acumulado em 12 meses já se aproxima de 11%. Número oficial medido pelo IBGE é o maior para novembro em seis anos. Quem sofre são os pobres e os trabalhadores

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, jura que o país vai bem, mas a pressão inflacionária continua descontrolada, graças à política de dolarização dos preços da Petrobrás, instituída por Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro. Este é o fator decisivo do aumento da carestia no país.

Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,95%. É a maior taxa para o mês desde 2015. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice acumula alta de 9,26% no ano e de 10,74% em 12 meses. Guedes conseguiu um novo feito: o país tem a taxa mais alta desde novembro de 2003, quando a inflação chegou a 11,02%.

A gasolina subiu 7,38% em novembro e acumula aumento de 50,78% em 12 meses. Ela é o grande vilão da inflação, contribuindo com quase metade do resultado: 0,46 ponto percentual. Os outros combustíveis também subiram. Etanol teve alta de 10,53% e 69,40%, em 12 meses. O óleo diesel subiu 7,48% e já acumula 49,56%. E o gás veicular, 4,30%. O grupo transportes subiu 3,35% em novembro.

A maior variação (3,35%) e o maior impacto (0,72 ponto percentual) vieram justamente do grupo transportes, que individualmente corresponde a 76% do IPCA do mês. Mas sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em novembro.

Em habitação, o segundo maior impacto, os custos foram novamente pressionados pela energia elétrica (1,24%) e pela alta de 2,12% no gás de cozinha, que já subiu 38,88% nos últimos 12 meses. Desde setembro, permanece em vigor a bandeira tarifária da escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

Pressionado pela queda do consumo, o grupo alimentação e bebidas registrou deflação (-0,04%). Segundo o IBGE, o resultado deve-se ao custo da alimentação fora do domicílio (-0,25%), cujo resultado foi influenciado pelo subitem lanche (-3,37%). A refeição (1,10%), por sua vez, acelerou em relação ao mês anterior (0,74%).

“A Black Friday ajuda a explicar a queda tanto no lanche quanto nos itens de higiene pessoal”, aponta o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. “Nós observamos várias promoções de lanches, principalmente nas redes de fast food no período”, acrescentou.

Calculado pelo IBGE desde 1979 para medir a inflação das famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos — R$ 1,1 mil a R$ 5,5 mil —, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) variou 0,84%. O indicador, utilizado como referência em negociações salariais e no cálculo de benefícios do INSS, soma 9,36% no ano e 10,96% no acumulado em 12 meses. Todas as áreas pesquisadas registraram variações positivas em novembro.

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