Ex-presidente do Brasil reitera a necessidade de uma nova ONU renovada e com novas regras para agregar mais nações. “É hora de investir nos países mais pobres”

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, durante reunião do Grupo de Puebla, que a Organização das Nações Unidas precisa mudar e agregar mais países. Ele disse que o mundo hoje é completamente distinto daquele momento em que as Nações Unidas foram criadas: “É preciso, desde já, começar a pensar em uma nova governança global, que não gaste trilhões com guerras inúteis e que invista nos países mais pobres”.

“Precisamos nos unir inclusive para falar sobre uma nova governança no mundo. Uma nova governança mundial. A ONU já não representa o que ela representava quando foi criada. A geografia política é outra, mais países precisam entrar”, lembrou o ex-presidente. “A ONU precisa voltar a ter autoridade para decidir algumas coisas que são importantes. Uma nova governança que tenha coragem de evitar guerras, que pense na construção de um mundo mais justo, mais humano, que pense em acabar com a fome”.

Ele avaliou que a América Latina deve apostar no modelo de integração da União Européia porque é um patrimônio da democracia. “Procuram construir um modelo que integre e una os povos. Temos que seguir esse ensino na América Latina ”, destacou.

Lula afirmou que é preciso reconstruir a unidade na América do Sul, na América Latina e no Caribe. “Os países sozinhos têm poucas chances de negociar com as grandes potências, mas juntos a gente pode negociar em pé de igualdade com a China, a gente pode ter mais força para negociar com os Estados Unidos e a gente pode ter acordos mais favoráveis com a União Europeia”, declarou.

Durante sua participação no encontro, Lula também afirmou que é preciso pensar no futuro pós-pandemia e que é preciso resgatar a esperança na América Latina. “Uma grande parte das pessoas na América Latina já não tem mais esperança, uma grande parte já nem procura mais emprego. Como será o mundo do trabalho no pós-pandemia? Como será tratada a questão ambiental? Como será tratada a questão da economia no mundo? ”, indagou.

Por fim, o ex-presidente disse que a esquerda não pode iniciar o século 21 discutindo as mesmas coisas do século 20 e afirmou, ainda, que não existe o “novo normal”. “O novo normal para muitos países é discutir o velho normal, porque no Brasil a fome voltou maior do que quando eu assumi a Presidência, o desemprego voltou… O novo normal é a gente brigar pela sobrevivência outra vez”, declarou.

Lula fez um apelo para que o Grupo de Puebla ganhe força como organismo representativo das forças progressistas internacional. “É preciso que o grupo seja um protagonista internacional, tenha força fora das nossas reuniões”, disse na ocasião. Essa aliança é o que há de mais representativo nos países da América do Sul, Central e Caribe. •

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