Dados do próprio governo escancaram mentiras de Bolsonaro e Guedes. Caged mostra que Brasil não criou empregos formais em 2020, como o governo repetiu durante o ano inteiro. A verdade é que foram destruídas mais de 191 mil vagas

 

Na fantasia do ministro Paulo Guedes, o Brasil vai bem. O problema é a realidade. O Ministério do Trabalho e da Previdência Social desmentiu o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, apresentando números que desmascaram o discurso de que a economia brasileira estava se recuperando, como Guedes insiste em mentir nos últimos dois anos.

Na terça-feira, 30, o ministério anunciou uma revisão dos dados de 2020 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Resultado. O número de empregos que teriam sido criados no país em 2020 não existe. A nova análise mostra na verdade que, em vez de criar, o Brasil destruiu empregos no ano passado. Foram 191,5 mil vagas formais que desapareceram.

Os dados do Caged de 2020 foram divulgados pela primeira em janeiro deste ano. Na época, o governo disse que, graças a um aumento do número de vagas no fim do ano, o Brasil teria criado 142.690 empregos. Imediatamente, Guedes e Bolsonaro passaram a dizer que esta era uma prova indiscutível de que a economia havia se recuperado.

A mentira tem perna curta. No início de novembro, uma primeira revisão no cadastro abaixou o número de empregos formais para 75.883 vagas. E, agora, a segunda revisão escancara a realidade. O governo Bolsonaro não criou empregos em 2020. Na verdade a política ultraliberal de Paulo Guedes conseguiu esfacelar o mercado de trabalho.

Na avaliação do economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto Lula, os novos dados representam uma vergonha para o Ministério da Economia e para a equipe técnica que validou o novo Caged. “A segunda revisão metodológica realizada indicou mais erros, reduzindo ainda mais a quantidade de empregos criados em 2020. O saldo de emprego que era positivo, tornou-se agora negativo”, resume.

Pochmann chamou a atenção ainda para outro dado, também divulgado na terça-feira, que mostra a incompetência de Bolsonaro e Guedes para proteger o emprego e a renda dos brasileiros. Segundo o IBGE, a renda média dos trabalhadores caiu 4% no terceiro trimestre deste ano. É a quarta queda trimestral consecutiva, informa o Valor Econômico.

No quarto trimestre de 2020 e nos dois primeiros deste ano, as quedas foram, respectivamente, de 4%, 0,8% e 2,8%. Com a nova queda anunciada, o ganho médio do trabalhador brasileiro caiu para R$ 2.459.  “É o mesmo valor de 2012”, compara. “Onde estão aqueles que defendiam que o custo menor de contratação do trabalhador estimularia o empregador a contratar mais?”, indagou.

A verdade é que os ataques aos direitos trabalhistas realizados após o golpe contra Dilma Rousseff não ajudaram a criar empregos. Desde 2016, o desemprego aumentou 70%, mostra o IBGE. E, neste ano, a recuperação anunciada também não vem. Outubro registrou nova queda no número de vagas criadas, anunciou o Ministério do Trabalho. •

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