O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro são os dois campeões em impopularidade nacional. Ambos têm mais de 60% da repulsa do eleitorado nacional, segundo a Quaest. À exceção de Lula, que lidera todos os cenários, os dois candidatos da direita enfrentam grandes dificuldades eleitorais

 

 

Neste artigo, trazemos as análises do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo sobre os dados das últimas pesquisas de opinião pública quanto à rejeição dos possíveis candidatos à Presidência nas eleições de 2022. Ainda há dados por raça/cor, de acordo com os levantamentos que permitem verificação sob este recorte. Os dados são desanimadores para os dois candidatos da direita: Jair Bolsonaro e Sérgio Moro.

Os levantamentos mais recentes trazem informações que permitem analisar o grau de rejeição eleitoral dos possíveis candidatos. De acordo com a última aferição da Quaest, dois em cada três brasileiros não votariam em Jair Bolsonaro. Sua rejeição é de 67%.

É quase o número que afirma o mesmo em relação ao ex-juiz Sérgio Moro (Podemos-PR). De acordo com o instituto, 61% dos brasileiros afirmam que conhecem e não votariam no ex-ministro da Justiça. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vem na sequência, com 58% de rejeição eleitoral. É quase o mesmo percentual do quarto colocado no ranking de rejeição: o pedetista Ciro Gomes (53%).

Somente em quinto lugar vem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com rejeição de 39% do eleitorado. Os últimos três colocados deste ranking são nomes pouco conhecidos: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM) — 36% de rejeição e 56% de desconhecimento — o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) — 29% de rejeição e 59% de desconhecimento — e o pré-candidato do Novo, Felipe Dávila — 20% de rejeição e 75% de desconhecimento.

Neste momento, à exceção de Lula, todos os nomes são rejeitados por mais de 50%, e os que não o são, são pouco conhecidos. Com esse cenário, é possível afirmar que a maioria dos brasileiros neste momento não querem Bolsonaro, nem Moro.

 

Entre o eleitorado negro e preto, maioria quer o ex-presidente Lula

O Noppe tem ressaltado, em seus últimos boletins, que o recorte raça/cor é importante para compreender a rejeição de Bolsonaro. E poucas pesquisas trazem tal recorte, um dado relevante para entender a opinião pública. Em razão do Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, trazemos os dados mais recentes. As duas últimas pesquisas que trouxeram esse recorte são de setembro de 2021, feitas pelos institutos IPEC, o antigo Ibope, e pelo Datafolha.

De acordo com os dois institutos, o segmento da sociedade brasileira que se declara de raça/cor preta ou negra está entre os que mais reprovam Bolsonaro. No levantamento do Datafolha, são 59%. No do IPEC, 56%. A aprovação em ambas as pesquisas já estava abaixo dos 20%, patamar observado no total geral da população somente entre outubro e novembro. Entre os brancos, segundo a IPEC, 25% consideram o governo ótimo/bom e 50% ruim/péssimo, números ligeiramente mais favoráveis ao presidente.

Isso se verifica nos dados de intenção de voto. O desempenho de Lula nas simulações de primeiro turno é um dos mais fortes entre todos os segmentos. O ex-presidente tem de 57% (Datafolha) a 52% (IPEC). Bolsonaro não passa dos 20% e os ditos nomes da chamada terceira via estão estagnados com um dígito nas mesmas pesquisas. Já entre os autodeclarados brancos, Bolsonaro tem 28% e Lula 43%, segundo o IPEC.

Os dados reforçam que o recorte por raça/cor é fundamental para entender a opinião pública brasileira. Há nítido contraste entre brancos e não-brancos, o que demonstra que a questão racial estrutural brasileira se reflete também no comportamento político e eleitoral dos brasileiros. Caberia a todos os institutos considerar essa questão essencial em seus relatórios de pesquisa.

`