Lula estará reunido nos próximos dias com alguns dos principais líderes europeus. Ex-presidente quer retomar o diálogo com chefes de Estado, depois do fiasco da passagem de Bolsonaro pelo G20

 

A comparação é inevitável. Enquanto Jair Bolsonaro protagonizou no encontro do G20, realizado em Roma, há duas semanas, algumas das mais vergonhosas cenas com chefes de Estado na Europa — com direito a pisar no pé da chanceler alemã Angela Merkel, reforçando a percepção do isolamento político absoluto do Brasil. Pois a situação agora é absolutamente diversa. O ex-presidente  Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Berlim na quarta-feira, 10, e já abriu o diálogo com alguns dos mais importantes líderes políticos.

Na sexta-feira, 12, Lula se reuniu com o vencedor das eleições alemãs de setembro, Olaf Scholz, do SPD (partido social-democrata alemão), que está em processo de formação da aliança que irá substituir o governo da chanceler Angela Merkel. “Falamos sobre o processo político alemão e sobre a importância de fortalecer a cooperação Brasil e Alemanha”, disse.

O ex-presidente estará nos próximos dias na Bélgica, França e Espanha. Entre os compromissos, destacam-se eventos em Bruxelas e em Paris. Nesta segunda-feira, 15, ele participa de uma Reunião de Alto Nível no plenário do Parlamento Europeu. O bloco social democrata do Parlamento reunirá em Bruxelas líderes da Europa e da América Latina, para discutir uma agenda progressista para os desafios no mundo pós-pandemia.

Além de Lula, que fará o discurso de encerramento do evento, participam da reunião Josep Borrel, vice-presidente da União Europeia; José Luis Rodríguez Zapatero, ex-primeiro-ministro da Espanha; Claudia Sheinbaum Pardo, governadora da Cidade do México; Claudia Nayibe López Hernández, prefeita de Bogotá (Colômbia) e o líder do bloco social democrata, Iratxe García Pérez.

Na Alemanha

O encontro com Scholz é prova do respeito político do líder alemão e do prestígio do ex-presidente. O novo chanceler negocia com o Partido Verde e o Partido Liberal alemão a formação do seu governo como primeiro-ministro. O encontro com Lula durou uma hora e os dois líderes políticos trataram de reforçar os laços entre Brasil e Alemanha.

Ainda na sexta-feira, Lula também se encontrou com o presidente da Fundação Friedrich Ebert, o ex-presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, e as deputadas do SPD Yasmin Fahimi e Isabel Cadermatori, eleitas na última eleição. “A mais recente vitória da democracia no mundo aconteceu aqui na Alemanha”, lembrou o ex-presidente do Brasil. Ele estava acompanhado do presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista Aloizio Mercadante.

“Agradeço a solidariedade que tiveram comigo e com o povo brasileiro nos últimos anos”. Martin esteve com Lula no Brasil, há dois anos, quando Lula permanecia preso na PF. “Sou grato por ter feito questão dele ir até o Brasil me visitar em Curitiba”, comentou.

“É uma felicidade e uma honra vê-lo aqui hoje, com saúde e sua vontade de lutar pela democracia no Brasil”, comentou Yasmin Fahimi, que tem grande diálogo com o país. Lula esteve com Fahimi no Brasil e na Alemanha, em 2014 e 2015, e ela passou por Curitiba em 2019, quando protestou contra a prisão ilegal que Lula sofria naquele momento, promovida pelo então juiz Sérgio Moro, e que ajudou a eleger Bolsonaro ao tirar o ex-presidente das eleições de 2018.

 

Na última quinta, Lula se encontrou com sindicalistas alemães. Ele esteve reunido com Reiner Hoffmann, presidente da Confederação Alemã de Sindicatos; Michael Vassiliadis, presidente do Sindicato de Minas, Química e Energia; Frank Werneke, presidente do Sindicato Unido de Serviços, e Christiane Bonner, do Sindicato dos Metalúrgicos da Alemanha.

Em Paris, na terça-feira, 16, Lula dará uma palestra durante a conferência sobre o Brasil no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). O colóquio “Qual o lugar do Brasil no mundo de amanhã?” marca os dez anos do título de Doutor Honoris Causa que Lula recebeu da Sciences Po. O ex-presidente foi o primeiro líder latino-americano a receber esse título de uma das instituição mais respeitadas do mundo na área de ciência política e social.

Ele também receberá o prêmio Coragem Política 2021, concedido pela revista Politique Internationale por sua gestão “marcada pelo desejo de promover a igualdade” na Presidência. A premiação é concedida apenas em ocasiões extraordinárias e entregue quando o conselho da publicação, uma das principais do mundo em relações internacionais, reconhece a personalidade que se destaca globalmente por ação na política. Em Paris, Lula ainda vai se reunir com a prefeita Anne Hidalgo.

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