O último boletim do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, consolida os resultados de levantamentos divulgados nos últimos 45 dias, buscando traçar tendências entre os dados de diversos institutos de pesquisas de opinião pública. A íntegra do boletim está no site da FPA.

Os institutos demonstram que o governo Jair Bolsonaro bate recordes de reprovação, beirando os 60% em parte considerável dos levantamentos. São números maiores que os vistos entre maio e junho de 2020, quando o governo teve outro pico de reprovação. E isso afeta diretamente suas chances nas eleições de 2022. Todas as pesquisas apontam vantagem de Lula (PT).

A rejeição ao presidente é um problema grave para o Palácio do Planalto. Entre a parcela mais pobre entrevistada pelas pesquisas, a aprovação a Bolsonaro já é menor que um quinto do total. Mulheres, jovens e residentes da região Nordeste são, mais uma vez, os segmentos que lideram índices de reprovação ao governo federal.

O mencionado pico de reprovação no primeiro semestre de 2020 marcou o início da pandemia de Covid-19 e da política desastrosa de contenção da doença por parte do governo. Hoje, é a situação econômica que ganha força como principal problema do país para a população.

Segundo o Datafolha, 53% dos brasileiros relatam piora na situação econômica pessoal. E 69% sentem a piora na situação econômica do país. Em outro levantamento, realizado pelo Ipespe, 64% acreditam que a economia brasileira está no caminho errado.

De acordo com levantamento da Quaest, o principal problema do país é a economia para 44% da população. Houve aumento de 12 pontos percentuais nesse número desde agosto. No mesmo período, as menções à saúde/pandemia diminuíram de 36% para 24%. E 62% dos entrevistados esperam piora da inflação, com Bolsonaro considerado o maior responsável pela situação econômica para 54%.

Na pesquisa Datafolha, 75% veem responsabilidade do presidente da República na alta da inflação, e 85% relatam redução do consumo de algum produto alimentício. Há expectativa de aumento da inflação nos próximos meses para 69% dos entrevistados.

Os cenários eleitorais parecem ter relação direta com a baixa popularidade do governo Bolsonaro. Todas as pesquisas apontam vantagem de Lula (PT) nos cenários de 1º turno, e no momento Bolsonaro parece ter estacionado no patamar entre 25% e 30% das intenções de voto. Ainda, as pesquisas frustram entusiastas da intitulada ‘terceira via’ e apontam uma possível vitória de Lula no primeiro turno.

Segundo a pesquisa Quaest, Lula é considerado o melhor candidato para resolver os problemas vinculados à saúde e pandemia (37%), à criminalidade e à segurança (29%), à corrupção (28%), ao controle da economia (44%) e para acabar com brigas políticas (35%).

O instituto já havia indicado em levantamento anterior que o apoio a Lula acontece pelas qualidades próprias do ex-presidente, como capacidade de gestão da economia e pelo legado de seu governo. Isso pesa mais do que um anti-bolsonarismo.

Na base da pirâmide social, Lula tem seu melhor desempenho – 38 pontos de vantagem segundo a pesquisa do IPEC. No Nordeste, o petista alcança mais de 60% das intenções de voto nos cenários de primeiro turno.

Na faixa com renda de 2 a 5 salários, há diferenças substanciais entre as pesquisas: nas realizadas pelo Datafolha e pelo IPEC, de forma presencial, Lula tem vantagem contra Bolsonaro no primeiro turno, enquanto na pesquisa Atlas, realizada online, é o atual presidente que aparece na frente. A mesma diferença é vista quando se trata da região Sudeste: as pesquisas presenciais trazem Lula à frente do atual presidente no Sudeste, enquanto que no levantamento do Atlas Político Jair Bolsonaro estaria à frente.

Lula amplia sua vantagem contra Bolsonaro em simulações de segundo turno, e as pesquisas reforçam que o ex-presidente da República não é dependente de um antagonismo com o líder da extrema-direita, visto que tem vantagem semelhante ou até maior contra outros concorrentes. Segundo o Datafolha, por exemplo, Lula teria vantagem de 32 pontos percentuais contra João Doria e 22 contra Ciro Gomes.

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