Em meio aos mais graves ataques promovidos pelo governo contra os povos indígenas, Brasília assistiu na sexta-feira, 10, a 2ª Marcha das Mulheres Indígenas, reunindo 5 mil mulheres de 172 povos indígenas e de todos os biomas do país. Com dança, música, rituais e protestos as indígenas percorreram as avenidas da capital.

“A gente luta pelo nosso território e pelo nosso corpo. A gente luta pelas parentas, contra a violência que tem crescido bastante, o feminicídio das mulheres indígenas”, disse Marinete Almeida, do povo Tukano, do Amazonas. “Precisamos ecoar nossas vozes, dizer que estamos aqui, os originários estão aqui nessas terras, estão lutando por elas, porque se a gente não lutar hoje não terá terra, não terá floresta”.

“Precisamos que demarquem nossas terras, que respeitem nossa cultura, nossa vida, que preservem as florestas, que olhem para nós mulheres com respeito”, destacou. Ela está acampada em Brasília desde 7 de Setembro.

Durante a Marcha, as mulheres indígenas se mantiveram mobilizadas para acompanhar o julgamento da tese ruralista do Marco Temporal, no Supremo Tribunal Federal, que deve retomar na próxima semana. A ação tenta alterar a política de demarcação de terras indígenas.

O ministro-relator, Luiz Edson Fachin, votou pelo arquivamento da ação. Em decisão festejada por milhares de indígenas que acompanham o julgamento há mais de três semanas, Fachin rejeitou a tese jurídica do marco temporal, segundo a qual só podem ser demarcadas terras indígenas ocupadas até 5 de outubro de 1988.

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