O Brasil protesta contra o nefasto
No primeiro ato realizado pelas esquerdas e movimentos populares, mais de 420 mil brasileiros tomam as ruas para gritar um basta a Bolsonaro. O próximo protesto acontece em 19 de junho
As manifestações de 29 de maio pelo “Fora Bolsonaro” foram enormes. É possível até dizer que os atos foram gigantescos. Afinal, em meio a uma grave pandemia que já provocou a morte de mais de 470 mil brasileiros, milhares foram às ruas em 213 cidades dos 26 estados e do Distrito Federal. Além disso, fora do Brasil, ocorreram atos em 14 cidades no mundo. Os próximos atos ocorrerão em 19 de junho e também prometem mobilizar milhares de pessoas indignadas com a gestão da pandemia e a tragédia nacional.
O balanço divulgado pelos organizadores estimou que 420 mil pessoas protestaram nas ruas. Os maiores atos ocorreram nas capitais, principalmente na cidade de São Paulo. Mais de 80 mil pessoas estiveram presentes. Em capitais como Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba as manifestações tiveram a participação de mais de 10 mil manifestantes.
Os protestos foram organizados pela Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, em conjunto das organizações estudantis, centrais sindicais e outros coletivos independentes. A pauta, obviamente, era o impeachment de Jair Bolsonaro, mas o foco também foi a compra de mais vacinas e a ampliação do auxílio emergencial para R$ 600. Apesar do tamanho da mobilização, a maior parte dos mais tradicionais veículos da imprensa corporativa tratou as manifestações como algo sem grande importância, pelo menos no início.
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), participou do protesto na Avenida Paulista e criticou o governo federal. “Estamos aqui contra o governo da fome e morte. Estamos cansados desse momento que vive o Brasil. Quem está aqui não está errado, quem está errado é Bolsonaro que faz estarmos aqui. É o início de um movimento do Brasil pela vacina, pelo auxílio emergencial e, principalmente, para dizer que não queremos Bolsonaro”, disse.
Um dos organizadores dos atos, Guilherme Boulos, que integra a coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e a Frente Povo Sem Medo, celebrou as manifestações. “Chegou a hora de dar um basta e tirarmos o Bolsonaro do governo. Não vamos mais esperar até 2022, enquanto o nosso povo morre. Chegou a hora de semear um projeto de esperança e isso é só o começo. Viemos às ruas com responsabilidade e sem medo de lutar”, disse.
Muitos artistas também participaram dos protestos ou se mobilizaram através das redes. Imagens mostraram nas ruas atores como Paulo Betti, Renata Sorrah, Maria Ribeiro, Guta Stresser, Luísa Arraes, Samanta Schmutz, Fernanda Lima, Gregório Duvivier e Mônica Martelli, que homenageou o ator Paulo Gustavo, morto de Covid-19 no início de maio.
Muitos outros também estiveram nas ruas e houve aqueles que se manifestaram nas redes sociais, como Marcelo Adnet e a atriz Maria Bopp, conhecida pela personagem “Blogueirinha do fim do mundo”. Ela tuitou: “O presidente genocida também não acelera a vacinação porque ele tem medo disso aqui. Se hoje foi assim, imagina com todo mundo vacinado”.
Uma personalidade estrangeira que surpreendeu pelo apoio aos protestos foi o piloto inglês de Fórmula 1 Lewis Hamilton. Ele postou em sua conta no Instagram um vídeo das manifestações e declarou: “Meu coração está com vocês, Brasil”. O piloto é conhecido por seu engajamento em questões sociais e chegou a participar dos atos do “Black Lives Matters”.