O brasileiro consumirá neste ano a menor quantidade de carne vermelha por pessoa em 25 anos, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o órgão, o cenário de crise dos últimos anos e a lenta recuperação pós-golpe, junto com a crise causada pela Covid-19 – vem derrubando o consumo total de carnes – bovina, suína e de frango – desde 2014. Isso significa que, desde a saída de Dilma Rousseff da Presidência, o povo está deixando de consumir proteína animal.

Menos o presidente da República. No início do mês, Jair Bolsonaro abriu as portas do Palácio da Alvorada a convidados para um farto churrasco, regado a muita cerveja. A estrela da festa, contudo, não foi Bolsonaro, mas uma picanha de boi da raça wagyu, de origem japonesa, vendida a R$ 1.799,99 o quilo. O preço do quilo da carne equivale a quase o dobro do salário mínimo de R$ 1.100.

Segundo a Conab, o comportamento de Bolsonaro é exceção ao perfil médio do consumidor brasileiro. Em 2013, quando o PT estava à frente do governo, o consumo per capita no Brasil de carne era de 96,7 quilos por ano. Neste ano, o consumo total deve ficar 5,3% abaixo do pico.

O menor consumo tem relação direta com o preço. O aumento da produção dos frigoríficos destinada às exportações, em um cenário de cotações internacionais já elevadas, encarece as carnes também no mercado do doméstico. A inflação do produto está em 35,7% no acumulado em 12 meses, segundo o IBGE.

Com a renda menor, as famílias compram menos carnes em geral e substituem as mais caras – em geral, a bovina – pelas mais baratas – como a de frango. A queda no consumo de cortes bovinos passa por um rearranjo na participação dos diferentes tipos de proteína na cesta de compras dos brasileiros.