Senadores e deputados do PT voltaram a alertar para a gravidade da situação da saúde pública no país, diante da omissão criminosa de Jair Bolsonaro. Na quarta-feira, 7, durante visita a Chapecó, em Santa Catarina, o presidente voltou a afastar a hipótese de o governo federal  vir a decretar o lockdown nacional como medida para conter a pandemia do Covid-19. No mesmo dia, o Instituto Butantan anunciou a suspensão da produção de vacinas, por causa da falta de insumos.

O líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), lembra que o governo Bolsonaro cortou recursos da área social, reduzindo investimentos em áreas vitais como saúde e educação. E, justamente no momento em que o país precisa recorrer aos cofres poúblicos para enfrentar uma catástrofe de ordem pública, o governo dá prioridade a outros gastos. “Agora, com a pandemia e um Orçamento reduzido em R$ 36 bilhões, a situação é ainda mais precária. Falta investimento e vacina, mas sobra incompetência do governo federal”, critica o parlamentar. O Senado tem a oportunidade agora de apurar as responsabilidades de Bolsonaro na condução da pandemia. Na quinta-feira, o ministro Luiz Roberto Barroso atendeu a pedido da oposição para a instalação de uma CPI da Pandemia.

“O Brasil segue desgovernado”, alerta o líder do PT, senador Paulo Rocha (PA). “O país pode enfrentar um apagão de vacinas contra a Covid”, lamenta. Como se não bastasse a falta de vacinas e o avanço da doença, o parlamentar alertou que a fome está se agravando nas regiões Norte e Nordeste. “Pela primeira vez em 17 anos, mais da metade da população não teve certeza se haveria comida suficiente em casa no dia seguinte, teve que diminuir a qualidade e a quantidade do consumo de alimentos e até passou fome”, adverte Paulo Rocha.

Para os petistas, é vital uma campanha de imunização em massa, como vem ocorrendo nos Estados Unidos. “Precisamos de vacinas urgente”, cobra o senador Jaques Wagner (PT-BA). “A condução errada da pandemia pelo governo brasileiro tem custado vidas e sofrimento para milhares de famílias. Não estaríamos nessa situação se tivéssemos entrado na fila da compra de vacinas”, lembrou o parlamentar. O Brasil ultrapassou na quinta-feira, 8, a marca de 345 mil mortos por Covid desde o início da pandemia.

A bancada do PT critica o governo por pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) a retirar da pauta de votações na quarta-feira o projeto de lei do senador Paulo Paim (PT-RS) que determina a quebra temporária das patentes de vacinas durante a pandemia, como forma de ampliar a produção de imunizantes no país. O líder Paulo Rocha diz que a medida é descabida e que o Senado não pode deixar de apreciar a matéria, porque as pessoas estão morrendo.

Os senadores do PT anunciaram ainda que vão lutar para derrubar o Projeto de Lei 948/2021, aprovado na terça pela Câmara dos Deputados, que permite a compra de vacinas contra a Covid-19 por empresas privadas. O senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde no governo Lula, chamou a proposta de “excludente e equivocada” e anunciou que vai trabalhar para derrubar o projeto. “Essa proposta cria o critério de vacina por renda, assim como já foi o voto no país. No que depender de mim e da nossa bancada, será derrubado no Senado. É algo inaceitável, é a institucionalização de um apartheid social”, alerta.

O projeto conta com o apoio do governo, que segue cometendo outros absurdos. Na quarta-feira, durante visita a Chapecó, Bolsonaro voltou a se colocar contra o lockdown, medida sugerida como urgente por médicos e cientistas para impedir a propagação do vírus. O presidente ressaltou que não tomará medidas mais duras de isolamento social para conter a pandemia, como recomendado por autoridades.

Como se não bastasse, há uma paralisação da produção de imunizantes pelo Butantan ocorre no pior momento da pandemia. O Butantan ainda vai seguir com a entrega de vacinas nesta semana, porque tem 2,5 milhões de doses já prontas aguardando o prazo do controle de qualidade. O instituto confirmou que cumprirá os prazos estabelecidos nos contratos com o Ministério da Saúde, apesar do atraso na chega de insumos. A instituição se comprometeu a entregar 46 milhões de doses até o final deste mês.

Epidemiologistas estimam que abril será o pior mês da pandemia. O país superou na última semana a marca diária de 4.249 mortes em 24 horas e a previsão é de que a pandemia piore nas próximas semanas. O neurocientista Miguel Nicolélis avalia que o Brasil pode quebrar o recorde e superar as 5 mil mortes diárias nas próximas semanas. Além da falta de imunizantes, os estoques de medicamentos estão acabando.

Mais de 1.000 cidades brasileiras passam por dificuldade com abastecimento de oxigênio no Brasil. Um levantamento do Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde (Conass) aponta que um dos problemas é a dependência de cilindros para armazenar o insumo, fundamental para a assistência médica de pacientes com Covid-19.

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