O Centro Sérgio Buarque de Holanda – Documentação e Memória Política da Fundação Perseu Abramo tem a satisfação de disponibilizar ao público esta singela homenagem à Flávio Jorge Rodrigues da Silva. A equipe do CSBH trabalhou para trazer diversidade de produções, conteúdos e informações de e sobre Flávio que estão presentes em nosso acervo histórico.

Dos materiais abaixo apresentados, disponibilizamos a entrevista que Flávio cedeu ao CSBH para o projeto de História Oral sobre a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo, realizada em parceria com Paulo Ramos; fizemos um dossiê de textos escritos por ele nos jornais de circulação nacional do PT e que trazem reflexões essenciais sobre a luta pelo combate ao racismo no PT; separamos outras publicações em que ele publica análises vigorosas; a equipe também fez uma vasta pesquisa no acervo físico e digital da SNCR presente no CSBH e disponibilizamos aqui alguns documentos que dão mostra da atuação e trajetória de Flávio no interior do PT; montamos uma galeria de fotos presentes em nosso acervo, e também enviadas pela família e amigos; e ainda, uma seleção de cartazes do Acervo Flávio Jorge: Coleção Cartazes em Movimento – Soweto Organização Negra.

Flávio Jorge Rodrigues da Silva possui uma trajetória de luta e militância inestimável. Seu legado estará para sempre marcado na história da esquerda, dos movimentos sociais, na luta política, pelo combate ao racismo, igualdade e justiça.  

Militante histórico do Partido dos Trabalhadores, natural de Paraguaçu Paulista, interior do estado de São Paulo, foi ativista político desde os anos de 1970, sendo uma importante liderança nas lutas do movimento negro, aguerrido combatente nas lutas contra a ditadura militar, na defesa dos trabalhadores e na construção da Democracia.

Sua atuação militante teve início no movimento estudantil na PUC-SP. Foi preso em 1977, por seu combate à ditadura militar brasileira (1964-1985). Em 1978, sob impacto do ato do Movimento Negro Unificado (MNU) nas escadarias do Theatro Municipal, decide militar no movimento negro, alargando seu ativismo político nas lutas antirracistas.

Filiou-se no PT desde sua fundação e em 1982 participou das discussões pela criação da primeira Comissão de Negros do partido, o que segundo ele, foi uma novidade na esquerda brasileira. Um grupo de negros debatendo raça, patrocinado ou produzido dentro de um partido político, oriundo do acúmulo que ele e outros militantes negros traziam para dentro do partido.

Em 1991, foi um dos fundadores da Soweto Organização Negra, fortalecendo suas mobilizações nas lutas antirracistas e pela defesa dos direitos da população negra.

No ano de 1996 tornou-se membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo (FPA), sendo eleito presidente deste Conselho no ano 2000. Em 2003, tomou posse na diretoria da FPA, sendo reeleito mais duas vezes, entre os anos de 2004 à 2008 e entre 2008 até 2012. No ano de 2013 retornou como membro do Conselho Curador desta instituição.

Deixamos aqui em memória à sua luta parte dessa militância nosso agradecimento. FLÁVIO JORGE RODRIGUES DA SILVA, PRESENTE! 

HISTÓRIA DE LUTA E MILITÂNCIA
Entrevista de história oral com Flávio Jorge Rodrigues da Silva

Galeria de Fotos

HISTÓRIA E MEMÓRIA
Documentos históricos de atuação na Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores

Dossiê de Textos

PUBLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES

Flávio Jorge escreveu o texto de Apresentação da edição “Faça a coisa certa! O combate ao racismo em movimento”, Encarte Especial da revista Teoria e Debate, nº 31, publicado em 1995. No contexto era Secretário Nacional de Combate ao Racismo, e discorreu sobre a importância do Tricentenário da Imortalidade de Zumbi dos Palmares. Este encarte foi organizado pela Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores (SNCR/PT), e também contou com textos de Hédio Silva Júnior, Lúcia M. M. de Andrade, Maria Aparecida Silva Bento, Sueli Chan Ferreira, Jorge Luiz Carneiro de Macedo e Arnaldo Xavier, além das ilustrações do artista plástico Samuel Santiago.
“Afro-Latino América: Versus”, organizado por Flávio Jorge Rodrigues da Silva e publicado pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com Soweto Organização Negra, em 2014. Este trabalho reúne fac-símiles das 20 edições originais da seção “Afro-Latino-América” do jornal “Versus”, durante o período de 1977 a 1979. Como destaca Flávio Jorge no texto de apresentação, a ideia desta publicação é resgatar a “memória da imprensa negra e socialista na segunda metade do século passado”.

Flavio Jorge, ao lado de Cida Abreu e Selma Rocha, foi o Coordenador Editorial do Caderno de formação política “Jornada Nacional de Formação para o Combate ao Racismo”, elaborado pela Escola Nacional de Formação Política do PT em parceria com a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo, em outubro de 2012, durante a gestão de Flavio Jorge na diretoria da Fundação Perseu Abramo. Neste trabalho são abordados os seguintes temas, “Capitalismo e escravidão”, “Uma perspectiva de esquerda na luta antirracista”, “O PT e a questão racial” e “A luta contra o racismo e a construção do socialismo democrático”.
Flávio Jorge organizou ao lado de Fernanda Papa a revista Ê Juventude! Juventude Negra do PT em Movimento. Foi publicada pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com a Fundação Friedrich Ebert e Juventude do PT, em 2008. Este trabalho reúne textos apresentados durante o seminário de formação política, que deu origem à criação da Juventude Negra do PT, o JN13. Assinam os textos: Flávio Jorge R. da SIlva, Fernanda de Carvalho Papa, Paulo Ramos, Maria Palmira da Silva, Monica Sacramento, Danilo Morais, Sonia Leite, Larissa Amorim Borges e Claudete Gomes Soares.

Flávio Jorge, companheiro do time dos imprescindíveis!

Valoroso militante da luta negra e antirracista em São Paulo, Flavio Jorge deixou sua marca na história da Fundação Perseu Abramo e em todos os lugares por onde passou, conforme podemos testemunhar nas inúmeras manifestações de solidariedade e homenagem a ele desde sua partida, no recente 6 de junho.

Sua luta pessoal e coletiva fortaleceu o movimento negro, com destaque para as batalhas pela igualdade num país colonizado e forjado por povos escravizados. Era raro não encontrá-lo nos atos, passeatas e manifestações de esquerda em São Paulo. Flavinho gostava das pessoas, de gente, dos encontros e prosas.

Com seu jeito calmo, atento, estimulou a formação de muitos de nós. Gostava dos livros, das pesquisas, dos debates, da Política, da História e da Memória. Fomos contemporâneos de sua dedicação na Fundação Perseu Abramo, desde o início dos anos 2000, a projetos de grande importância para a formação petista e do campo progressista. Foi nosso primeiro presidente do Conselho Curador e depois membro da diretoria executiva.

Acompanhamos seu empenho na formação da SEPPIR (a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), no primeiro governo Lula, escancarando a necessidade do Brasil tratar de um tema fundamental para o país.

Com Flavinho, nós participamos da edição do livro Racismo no Brasil (em 2005, fruto de pesquisa histórica da Fundação Perseu Abramo), do lançamento da periódica Revista Perseu (em 2007, sob a coordenação de Dainis Karepovs, à época no Centro Sérgio Buarque de Holanda), da edição fac-símile de Afro-Latino-América (em 2014, com textos publicados no jornal Versus), da vinda dos livros de Jacob Gorender para o catálogo da Perseu (O Escravismo Colonial A Escravidão Reabilitada, ambos em 2016), da edição de O Significado do Protesto Negro (em 2017, de autoria de Florestan Fernandes, em coedição com a Expressão Popular) e o audacioso projeto que culminou no livro Movimento Negro Unificado, intitulado MNU 40 Anos de Resistência nas Ruas de São Paulo (em 2020, coedição com a editora Sesc-SP e a Soweto Organização Negra, que ofereceu seu rico acervo iconográfico).

Flavinho tinha muita paciência para ouvir e afinada precisão para expor suas ideias e propostas. Ele fez muito, mas há outro tanto a ser feito. Do lado de cá, nós, na editora e na pesquisa da Fundação Perseu Abramo, continuaremos contribuindo para as bandeiras da emancipação, da liberdade e da igualdade se fortalecerem cada vez mais, honrando a memória desse companheiro Inesquecível.

Companheiro Flávio Jorge, presente!

Raquel Costa * Rogério Chaves * Jordana Pereira * Vilma Bokany * Matheus Toledo * Carlos Árabe

ACERVO FLÁVIO JORGE: COLEÇÃO CARTAZES EM MOVIMENTO – SOWETO ORGANIZAÇÃO NEGRA

O Centro Sérgio Buarque de Holanda – Documentação e Memória Política e a Soweto Organização Negra realizaram uma parceria em 2023 para digitalização e disponibilização ao público de aproximadamente oitocentos cartazes que pertencem ao acervo de documentos históricos da Soweto. O intermédio da parceria aconteceu por meio da iniciativa de Flávio Jorge Rodrigues da Silva, que, em contato com a equipe CSBH, levou todos à sede da Soweto para visita técnica. A equipe Soweto prontamente recebeu e carinhosamente acolheu todas e todos, rememorando a história de luta e militância da organização. A parceria nasce deste contato, em reconhecimento à importância da trajetória de luta e militância da Soweto. Deixamos nosso agradecimento à toda Soweto que nos permitiu disponibilizar parcela dos cartazes nesta página em homenagem à Flávio Jorge. O acervo de cartazes que em breve estará disponível na íntegra em nossa base de dados será “Acervo Flávio Jorge: Coleção Cartazes em Movimento – Soweto Organização Negra”.

DEPOIMENTOS
Entrevistas de História Oral

Recentemente o Centro de Memória e Documentação Política da FPA realizou um projeto de História Oral com militantes históricos da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo. As entrevistas fazem parte de um projeto maior, intitulado Marcos das lutas e das conquistas do combate ao racismo e pela igualdade racial no Brasil, na construção do Partido dos Trabalhadores (PT) e nas memórias da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo (SNCR/PT) que está disponível na página da FPA. Das entrevistas, realizadas em parceria com Paulo Ramos, felizmente, Flávio Jorge foi um dos companheiros que em 06 de março foi entrevistado, exatamente 2 meses antes do seu falecimento.
A equipe do CSBH, que esteve presente nas entrevistas de História Oral da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo, lembrou que diversos companheiros e companheiras que foram entrevistados mencionaram Flávio Jorge durante suas falas, de uma maneira ou de outra, lembrando dos momentos de luta ao seu lado. Flávio ser mencionado em diversas falas evidencia o quanto sua luta foi grande e possui legado enraizado na militância. 

Selecionamos aqui alguns trechos, clique no vídeo para assistir a entrevista na íntegra.

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