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Presidente dos EUA condicionou financiamento à vitória da extrema direita; gesto mostra fragilidade do governo argentino

Durante um encontro com o presidente argentino Javier Milei na Casa Branca, nesta terça-feira (14), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que “se ele [Milei] perder as eleições, não seremos generosos com a Argentina”.

Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, o sociólogo argentino Pablo Semán avaliou que o gesto de Trump deve ter um efeito contrário ao desejado, agravando a instabilidade política e econômica do país.

“A intenção do Donald Trump talvez era fortalecer o governo de Javier Milei, mas a reação da população e dos investidores é, de alguma forma, contrária”, afirmou. Segundo Semán, o gesto do republicano, que condicionou o financiamento internacional à vitória da extrema direita nas eleições legislativas do próximo dia 26, foi visto como uma “intervenção descarada” na política argentina. O pleito é decisivo para definir se o governo Milei terá apoio no Congresso para aprovar reformas econômicas e políticas.

Para o pesquisador, o movimento evidencia a fraqueza do governo Milei. “A demonstração de fraqueza não faz mais do que aumentar a própria fraqueza do Milei”, disse. Ele acrescenta que a fala de Trump elevou a demanda por dólares e agravou a instabilidade financeira do país, em um contexto em que o Banco Central argentino “está queimando reservas” para tentar conter a desvalorização do peso.

Semán também relaciona o episódio à perda de credibilidade do presidente argentino diante da crise econômica e de escândalos recentes. “O governo vem sendo desprestigiado através do desprestígio das suas principais figuras públicas, além da situação econômica”, afirmou.

Nos últimos meses, a irmã e chefe de gabinete de Milei, Karina Milei, foi citada em denúncias de uso irregular de recursos de campanha, enquanto José Luis Espert, principal candidato do partido do presidente na província de Buenos Aires, foi acusado de envolvimento com o narcotráfico e renunciou após ser alvo de uma operação policial.

Na avaliação do sociólogo, o peronismo deve se recompor e chegar fortalecido às eleições presidenciais de 2027, impulsionado por lideranças como o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof. “Como o peronismo tem perspectivas de poder ganhar a eleição de 2027, isso vai acelerar o processo de recomposição”, concluiu.

Editado por: Maria Teresa Cruz