Em um domingo de fevereiro de 1980, ato no auditório do Colégio Sion, em São Paulo, com cerca de 1.200 militantes presentes, foi aprovado o Manifesto de Lançamento do Partido dos Trabalhadores. Reunindo sindicalistas, políticos de oposição, representantes de movimentos sociais e intelectuais, tinha sido dada a largada para a construção do PT, que viria a se tornar o maior partido de esquerda do Brasil.

O Brasil que viu o PT nascer desse entrecruzamento social peculiar era um país muito diferente do que é hoje. O país começava a se movimentar e organizar depois de anos sob uma Ditadura Militar, instaurada pelo Golpe em 1964. O último dos presidentes desse período de repressão política e censura, general João Batista Figueiredo, despachava de Brasília.

Ainda vigorava o sistema bipartidário imposto por um dos atos institucionais, no qual a situação era representada pela Arena (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). No entanto, as forças que apoiaram o golpe estavam ruindo por dentro, diante de um caso grave de crise econômica.

A resposta da sociedade civil veio em forma de greves operárias, particularmente as do ABC paulista, de reorganização de sindicatos, da recriação de movimentos populares e da reaglutinação das forças de esquerda que haviam sobrevivido e resistido à ditadura.

O encontro do Sion, 45 anos atrás, foi a culminação desse processo de negociação e enfrentamento — e com uma novidade essencial. Pela primeira vez na história do Brasil, eram as trabalhadoras e os trabalhadores que davam as letras, a bandeira e o símbolo, a estrela vermelha sob o fundo branco (ou a estrela branca sobre fundo vermelho, para quem preferir).

Para ajudar você a relembrar ou conhecer essa história de lutas e conquistas e se preparar para a festa, separamos três materiais de leitura e em formato audiovisual, que estão organizados de acordo com o tempo necessário para se dedicar a cada um deles.

ARTIGOS

Quatro dias depois da fundação, em 14 de fevereiro de 1980, seria publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, um artigo de Paul Singer, no qual o economista comentava o caráter inédito do PT: “A fundação, domingo último, do Partido dos Trabalhadores, foi um acontecimento inédito no cenário político nacional. Na verdade, a originalidade da proposta já vem de sua origem: o PT foi iniciado por líderes sindicais, ou seja, parte de figuras representativas da sociedade civil, enquanto os demais partidos em formação foram originados da área política.”

Este artigo e outros documentos, como o manifesto PT, você encontra clicando nesse link.https://revistaperseu.fpabramo.org.br/index.php/revista-perseu/article/view/142/109

ENTREVISTA

O Partido dos Trabalhadores nasceu e cresceu diverso, com vocação de se tornar um partido político nacional e, sobretudo, para ocupar cargos no poder Legislativo e Executivo. Por tudo isso, não constitui nenhuma surpresa que a assistente social Benedita da Silva seja uma das expressões mais nítidas do compromisso do PT de mostrar a cara do povo brasileiro como ele é. Bené é mulher, negra, nascida em comunidade no Rio e militante feminista e antirracista.

Foi a única mulher afrobrasileira eleita para o cargo de deputada federal constituinte pelo Rio de Janeiro. Bené deu um depoimento em que conta sua história de luta em um projeto da Fundação Perseu Abramo que você acessa clicando aqui.

FILME

Nos anos de 1970, o jovem operário Tião e a namorada Maria decidem se casar. No mesmo período, uma greve eclode e o pai de Tião, Otávio, líder sindicalista veterano, decide aderir ao movimento grevista, chegando a ser espancado e preso pela polícia. Já o filho, preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, decide furar a greve.

Dirigido por Leon Hirszman, “Eles Não Usam Black Tie” é uma adaptação de peça de teatro escrita pelo dramaturgo e ator Gianfrancesco Guarnieri. Além de Guarnieri, integram o elenco  Fernanda Montenegro (siM, ela mesmo, a Fernandona mãe da Fernanda Torres), Bete Mendes e Lélia Abramo (fundadoras do PT).

O filme está disponível nas plataformas de streaming Globoplay e Looke.

EXTRA! EXTRA!

Aposto que você nunca viu o primeiro programa de TV do Partido dos Trabalhadores, que foi ao ar para a campanha eleitoral de 1984. Apresentado pelo jornalista Chico Malfitani, foi gravado em São Bernardo – e mostra o então endereço de Lula. Quarenta anos atrás, já era preciso combater fake news, mesmo que ainda não se usasse esse nome para as inverdades e boatos que circulavam. Á época, os mais fortes se referiam ao Lula, sobre quem dizia-se que  havia deixado o sindicalismo para construir um partido político e se lançar candidato; outro referia-se ao endereço de Lula e Marisa Letícia.

Veja o vídeo abaixo para descobrir como o programa resolveu esse tema e apresentou o PT ao povo brasileiro.