A Fundação Perseu Abramo, por meio dos projetos Reconexões Periferias e Brasil Que o Povo Quer, firmou parcerias com diversos coletivos culturais periféricos das cinco regiões do país para construírem juntos uma cena e iniciarem uma ampla discussão dos anseios e desejos de jovens na perspectiva de futuro pelo viés do poético.

Alinhado às questões políticas de esquerda e à cultura do poetry slam (campeonatos de poesia falada), foi inserido um formado pouco difundido no país, que são os slam em dupla. O primeiro evento foi realizado no Largo São Bento, um lugar sagrado para o movimento hip-hop, com mais de 30 inscrições de duplas de SP, RJ e MG. Duas duplas de SP se classificaram para a final em uma noite acirrada.

Em seguida, foram realizadas as etapas Nordeste e Centro-Oeste, onde o slam ainda é novidade. Este primeiro contato direto fortificou a aliança, criando horizontes para futuras ações em redes, além de ampliar possibilidades performáticas que esta forma de expressão pode oferecer aos participantes, sendo este evento o seu disparador.

Em Salvador, o evento foi realizado no auditório Abdias do Nascimento, no bairro de Sussuarana, espaço ocupado pelo coletivo Sarau da Onça. Estive lá acompanhado da poeta Patrícia Meira do coletivo Sarau Alcova da Deusa, que é uma referência para várias mulheres poetas de Salvador e tem em sua poética a voz das mulheres negras e LGBTs, o que gerou identificação e credibilidade.

Já em Brasília acompanhei Mariana Félix, uma sensação da internet, uma das slammers mais acessadas do Facebook, e muitas garotas foram até lá exclusivamente para vê-la recitar. Pessoas de longa caminhada no movimento hip-hop marcaram presença no evento, que foi coordenado pela ativista negra e poeta Meimei Bastos.

Em virtude de ser uma novidade esse formato de competição, a recepção nos territórios foi positiva. Também foi inédita a modalidade em dupla e a tradução em libras. O evento contribuiu para a ampliação da positividade que o slam pode ter e valorização de suas atividades regionais, haja vista que fomos os primeiros a ir até eles com a estrutura adequada.

Isso marca um elo de aproximação político e cultural com proposta de estender os contatos para pensar em novas ações que deem visibilidade à cultura periférica brasileira e um espaço de escuta para as demandas que buscam um futuro menos sombrio para o nosso país.