Por SHEILA AZEVEDO PEREIRA E BARTOLINA RAMALHO CATANANTE
O artigo analisa desigualdades sociais, a política econômica do país e o aumento dos índices de pobreza da comunidade negra com o avanço da Covid-19. Também traz as perspectivas do Grupo Tez e as ações que o coletivo pretende desenvolver desigualdade social e racial existe desde o período colonial, quando ocorreu a mistura de raças ou “festival de cores”, citado pelo autor (Airmerd,1888) no livro Lé Brésil Noveau, referenciando a chegada dos europeus ao Brasil, povoado por indígenas que viviam em meio à natureza. Logo que os europeus se instalaram em solo brasileiro, trouxeram os negros dos diversos países do Continente Africano e aqui foram escravizados. A população brasileira foi constituída dessa “miscigenação”, popularizada pelo senso comum, em que todos teriam as mesmas oportunidades e que com essa mistura de raças teríamos o embranquecimento da população brasileira.
Tal fato é questionável ao constatarmos os dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020. Em sua grande maioria, a população brasileira afirma ser negra “56,10% é o percentual de pessoas que se declaram negras no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE. Dos 209,2 milhões de habitantes do país, 19,2 milhões se assumem como pretos, enquanto 89,7 milhões se declaram pardos”.
Nesse sentido, é necessário refletir sobre esses dados do IBGE, qual perfil ele traça da população brasileira frente à desigualdade social e
racial que o país apresenta e quais dificuldades essa população vem enfrentando diante da pandemia de Covid-19, com o aumento da pobreza, do desemprego e da fome.
A mudança de governo e a chegada da pandemia, com a perda de pessoas da família para o vírus, revelou o sofrimento, o medo e a falta de perspectivas de como seguir em frente.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) traz no seu caderno de estudo “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça” uma pesquisa feita para identificar a realidade social brasileira. Foi apontado que a desigualdade de gênero e raça é fator primordial para que isso ocorra.
O Ipea considera que essa desigualdade racial pode ocasionar diversos problemas sociais e produzir discriminações com a população negra.
As desigualdades de gênero e raça são estruturantes da desigualdade social brasileira. Não há, nesta afirmação, qualquer novidade ou qualquer conteúdo que já não tenha sido insistentemente evidenciado pela sociedade civil organizada e, em especial, pelos movimentos negro, feminista e de mulheres, ao longo das últimas décadas.
Inúmeras são as denúncias que apontam para as piores condições de vida de mulheres e negros, para as barreiras à participação igualitária em diversos campos da vida social e para as consequências que estas desigualdades e discriminações produzem não apenas para estes grupos específicos, mas para a sociedade como um todo. (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, p.7 2011)
Essa pesquisa vem comprovar que a população negra continua sendo a menos favorecida e a que mais sofre com o preconceito e o racismo estrutural, e a falta de políticas públicas que ajudem a reverter esse quadro colabora com os índices de criminalidade e violência que a mulher, o homem, a criança e o jovem negro sofrem diariamente no país.
Constantemente são noticiadas nos jornais, nos canais de televisão e nas redes sociais as tragédias que vêm ocorrendo com a população negra. No ano de 2020 essas notícias se intensificaram, com as inúmeras mortes por coronavírus e o aumento da violência. Tais fatores revelam que a população negra é a que mais sofre com esse período pandêmico que se instalou no mundo.
O Grupo Tez e suas projeções frente a pandemia
O Movimento Negro do Mato Grosso do Sul surgiu dos diferentes segmentos que existiam no final da década de 1970, várias ONGS que fomentavam as discussões no âmbito racial, cultural, social e político.
Segundo Ribeiro (2015), essas entidades atuavam em diferentes esferas e foram as primeiras a compor o Movimento Negro do MS.
O movimento negro de MS é composto de diversas entidades e atua em diferentes esferas. Estas entidades, na maioria ONGs, atuam com algum recorte racial, seja ele: social, cultural ou político, e também participa de articulações estaduais representativas do movimento negro, sendo eles: os Fóruns ou Conselhos temáticos estaduais e municipais, e ainda temos no âmbito estadual uma Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CPPIR-MS), e alguns municípios também possuem uma estância semelhante em âmbito municipal. (RIBEIRO,
p.85 2015)
Essas ONGs funcionavam como espaços de discussão das pautas raciais, políticas e interações com as entidades governamentais, o que fomentou o interesse em que outros grupos fossem formados e trouxessem no seu arcabouço as mudanças que ocorriam no país devido à redemocratização iniciada em 1984 com as Diretas Já. Com o desejo de que o país mudasse, Ben-Hur Ferreira, junto com outras pessoas, fundou o Grupo TEZ – Trabalho Estudos Zumbi no dia 18 de março de 1985, o primeiro grupo do Movimento Negro em Campo Grande (MS).
Ribeiro (2015) considera que o Grupo Tez foi “a primeira instituição a defender os direitos do negro em MS”, e isso fez com que pessoas dos diversos segmentos tivessem interesse em participar das suas reuniões, inclusive professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e alunos do curso de Direito da Universidade Católica Dom Bosco. Entre essas pessoas, Jorge Manhães, Paulo Roberto Paraguassú, Jaceguara Dantas da Silva Passos.
As reuniões do Grupo Tez serviam como grupo de estudo para discutir a situação política do país, questões raciais, a desigualdade que ocorria naquele período e ações políticas que o grupo organizava, durante mais de dez anos, aos sábados à tarde, funcionando como ponto de encontro de jovens universitários, trabalhadores, estudantes e professores que se encontravam para fomentar debates sobre as desigualdades políticas, social e econômica que ocorriam com a população negra.
Para além desse período histórico, o Grupo Tez se consolidou como espaço de luta e resistência. A partir da sua fundação surgiram outros agrupamentos do Movimento Negro constituídos com ex-integrantes do Grupo Tez, e isso foi importante para que se ampliasse a discussão das pautas raciais e se fortalecesse a luta junto aos órgãos públicos na criação de ações afirmativas e políticas públicas que pudessem atender a população negra e diminuísse os índices de desigualdades.
Em 2020, o Grupo Tez participou de várias manifestações contra o racismo estrutural e o movimento “Vidas Negras Importam”. Nesse sentido, foram feitas reuniões com os membros do coletivo para criar estratégias de segurança para que todos participassem sem risco de contrair o Coronavírus. Essas manifestações ocorreram devido aos inúmeros casos de violência e morte de pessoas negras, foram várias situações em que a população negra foi atingida e nada foi feito.
Por meio de várias ações o coletivo buscou arrecadar cestas básicas, materiais de aviamentos de costura para produção de máscaras de tecidos que foram entregues para as famílias
Ribeiro (2015) considera que o Grupo Tez foi “a primeira instituição a defender os direitos do negro em MS”, e isso fez com que pessoas dos diversos segmentos tivessem interesse em participar das suas reuniões, inclusive professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e alunos do curso de Direito da Universidade Católica Dom Bosco. Entre essas pessoas, Jorge Manhães, Paulo Roberto Paraguassú, Jaceguara Dantas da Silva Passos.
As reuniões do Grupo Tez serviam como grupo de estudo para discutir a situação política do país, questões raciais, a desigualdade que ocorria
naquele período e ações políticas que o grupo organizava, durante mais de dez anos, aos sábados à tarde, funcionando como ponto de encontro de jovens universitários, trabalhadores, estudantes e professores que se encontravam para fomentar debates sobre as desigualdades políticas, social e econômica que ocorriam com a população negra.
Para além desse período histórico, o Grupo Tez se consolidou como espaço de luta e resistência. A partir da sua fundação surgiram outros agrupamentos do Movimento Negro constituídos com ex-integrantes do Grupo Tez, e isso foi importante para que se ampliasse a discussão das pautas raciais e se fortalecesse a luta junto aos órgãos públicos na criação de ações afirmativas e políticas públicas que pudessem atender a população negra e diminuísse os índices de desigualdades.
Em 2020, o Grupo Tez participou de várias manifestações contra o racismo estrutural e o movimento “Vidas Negras Importam”. Nesse sentido, foram feitas reuniões com os membros do coletivo para criar estratégias de segurança para que todos participassem sem risco de contrair o Coronavírus. Essas manifestações ocorreram devido aos inúmeros casos de violência e morte de pessoas negras, foram várias situações em que a população negra foi atingida e nada foi feito. Por meio de várias ações o coletivo buscou arrecadar cestas básicas, materiais de aviamentos de costura para produção de máscaras de tecidos que foram entregues para as famílias