O ano de 2021 começou com jeito de continuidade de 2020. A pandemia de Covid-19 segue devastadora, assim como seus efeitos na saúde e para a sobrevivência econômica da população brasileira. Nas periferias agrava-se o quadro de desemprego e fome, sendo essa realidade vivida
principalmente pelas mulheres negras, que muitas vezes ainda têm de lidar com a necessidade de cuidar das crianças e idosos da família.

Por parte do governo federal, segue a política de negação da realidade e da ciência, questionando a eficácia das vacinas e tornando moroso e descoordenado seu processo de aplicação em todo país. Além disso, a continuidade do auxílio emergencial é cotidianamente contestada por Bolsonaro, tendo seu valor diminuído consideravelmente, sem apresentar nenhuma outra política emergencial. Assim, a população mais pobre e que não tem acesso a planos de saúde, moradora de localidades distantes dos centros das grandes cidades e capitais, fica jogada à própria sorte, seja para cuidar de sua saúde, seja para garantir sua sobrevivência.

Neste ano será necessário, portanto, ainda mais luta das periferias, dos trabalhadores e trabalhadoras, para resistir a esse quadro e impedir novos retrocessos.

A primeira edição de 2021 da Revista Reconexão Periferias apresenta uma análise e uma projeção das lutas para o ano que se inicia. O artigo de Sheila e Bartolina, por exemplo, analisa os efeitos da Covid-19 em um país como o Brasil, com enormes desigualdades sociais, políticas e econômicas, e traz as perspectivas do coletivo de atuação das autoras – Grupo Tez – frente a esse cenário.

Uma nova seção da Revista também está sendo inaugurada: “quando novos atores entram em cena”, que trará mensalmente perguntas e respostas de novas/os parlamentares eleitas/os que tenham em sua trajetória presença nas lutas periféricas. Esta edição foi feita com Moara Sabóia, 30 anos, negra, oriunda do movimento negro e estudantil, eleita vereadora em Contagem (MG). Em sua entrevista, Moara afirma a necessidade de democratizar a política, com mais jovens, negros e negras nos espaços de poder.

Na seção perfil, apresentaremos coletivos que fazem parte do mapeamento do Projeto Reconexão Periferias. Dessa forma, nesta edição trazemos a história e perspectivas de lutas da Associação Cultural Afro Brasileira Pai Luiz de Aruanda, localizada na Barra, Fortaleza (CE), que atua no tema da segurança alimentar e sua importância na preservação da saúde.

Na entrevista do mês conversamos com Salete Araujo, enfermeira em São Paulo, sobre a dura jornada que as/os trabalhadoras/es da saúde vêm enfrentando em seus locais de trabalho, motivados por muito amor à profissão, e as necessidades de suporte psicológico e estrutural que estes profissionais merecem e precisariam ter atendidas.

Na seção de arte apresentamos o trabalho de Fátima Regina Gomes Farias, natural de Bagé (RS), atualmente moradora da capital gaúcha. Fátima é escritora, participa de atividades culturais na Comunidade Bom Jesus Zona Leste e acredita na história do povo negro contada de forma verdadeira pelo próprio povo negro.

Esperamos que estejamos todas e todos fortalecidos para a luta em 2021! Nos encontraremos nelas!
Boa leitura!