O Brasil vive um dos maiores ataques de sua história no que diz respeito à agenda de meio ambiente. São incontáveis os retrocessos e os crimes cometidos nesse tema, praticados, ou ao menos incentivados, pelo governo Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. No mês em que o mundo celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, a Revista Reconexão Periferias traz essa pauta para refletir coletivamente sobre o fato de que as lutas das periferias por melhores condições de vida, trabalho, moradia, saúde e lazer estão completamente relacionadas às lutas ambientais. Disponível neste link.

As periferias estão nessa luta mostrando que seus modos de organização, produção e comercialização podem representar um avanço na defesa do meio ambiente, e é sobre isso que trata a entrevista de Adriana Ramos, conselheira do Instituto Socioambiental (ISA), uma das mais importantes ONGs brasileiras do setor. Do mesmo modo, o artigo de Marina Domingues, Jorge Silva e Dayane Calçado mostra como uma experiência da Feira de Economia Solidária, em Assis (SP) é capaz de estabelecer suas forças junto das trabalhadoras e trabalhadores organizados coletivamente em busca da emancipação do sujeito a partir do trabalho, articulação política e comercialização. Clédisson Júnior, antropólogo, trata em seu artigo da injustiça e do racismo ambiental, a partir de acontecimentos em Belo Horizonte (MG), argumentando como os danos ambientais causados pelo “desenvolvimento” recaem sempre em populações de baixa renda e grupos raciais historicamente marginalizados. Nilto Tatto, ambientalista e deputado federal pelo PT-SP, afirma que a destruição ambiental é também uma expressão da violência, pois assola e brutaliza as relações sociais e comunitárias ao induzir todos os outros tipos de violência e exclusão. Tatto fala ainda sobre a atualidade da luta por meio ambiente nas periferias, especialmente por movimentos protagonizados pela juventude, destacando que as periferias estão resistindo e avançando em consciência ambiental. E, para ajudar a enfrentar os desafios na educação ambiental, Alexandre Queiroz, Coordenador de Educação no Centro de Estudos Rio Terra, escreve sobre o processo realizado de educação não formal em mais de doze municípios do estado de Rondônia, junto a comunidades ligadas à agricultura familiar e demais populações tradicionais residentes em reservas extrativistas. O coletivo do qual traçamos o perfil nesta edição da Revista é o Fórum Permanente de Hip Hop do Rio Grande do Sul, que atua para muito além da diversão e da arte, resgatando a vida dos jovens periféricos. Na seção de arte, apresentamos Maria Zenaide, natural da zona rural de Tarauacá (AC), cantora, compositora e integra a banda Águas do Juruá, onde canta samba brega; e Priscila Magela (MG), cantadeira, compositora e poeta da beira do Velho Chico, como é conhecido popularmente o Rio São Francisco, em Minas Gerais.