O universo das periferias do Brasil foi destaque no Jornal PT Brasil desta quinta-feira (30). O coordenador do projeto Reconexão Periferias, Paulo Ramos, detalhou a construção do maior banco de dados com o mapeamento de coletivos e movimentos sociais das periferias de todo o país, lançado nesta quarta-feira (29), pela Fundação Perseu Abramo (FPA).

Ramos explicou que o trabalho, realizado em cinco anos, foi construído em conjunto com intelectuais, militantes do PT e da academia, movimentos sociais, acadêmicos negros, periféricos e com as universidades do Brasil.

“Mais de 900 organizações periféricas fazem parte da nossa rede, de todo o Brasil”, enfatizou Ramos. “Esse painel chega para demonstrar a conclusão de um ciclo de cinco anos da Fundação Perseu Abramo, que tem construído, tem desenvolvido, tem produzido muito conhecimento sobre as periferias do Brasil. Tem feito muitos diálogos com esses movimentos, com lideranças tanto do PT quanto de outras forças políticas que estão preocupadas em dar visibilidade e fortalecer as políticas das periferias”.

O coordenador do Reconexão Periferias destacou que o banco de dados está dividido em três áreas: cultura, trabalho e violência. “Na área de cultura, a gente optou por falar de cultura política, qual é a cultura política das periferias, como que as periferias se organizam politicamente, quais são as bandeiras políticas das periferias, quais são as linguagens políticas, as dinâmicas que as organizações periféricas empreendem no seu cotidiano, quantas pessoas se mobilizam”.

Chacinas

O eixo sobre violência foca conflitos, contextos e atores envolvidos em dinâmicas violentas no Brasil, com uma abordagem interseccional. “Nessa área, a gente tem um olhar específico para a ocorrência de chacinas no Brasil. São dez anos de chacinas no país, de 2011 a 2020. Em nível brasileiro, ninguém tem esse levantamento, tanto sobre cultura política nas periferias quanto sobre chacinas no Brasil. Ninguém tem esses dados. Só a Fundação Perseu Abramos conseguiu produzir isso”, afirmou.

Trabalho

Sobre a temática trabalho, Ramos explica que o projeto escolheu falar sobre o “trabalho por conta própria”. “Que vai desde um trabalhador que vende pipoca à manicure ou até ao trabalhador liberal, advogado, médico”.

No eixo trabalho, o painel aborda as desigualdades de classe, racismo e patriarcado como elementos estruturantes da sociedade brasileira. Com pesquisas como “Uma agenda para fortalecer e transformar o trabalho por conta própria” e “Trajetórias da informalidade no Brasil contemporâneo”, o projeto busca potencializar processos de economia solidária e popular nas periferias.

Questões ambientais

O Painel de Dados também aborda cultura política e territoriais ligadas a questões ambientais, segundo o coordenador do projeto. Ramos exemplifica a relação ambiental está nos bastidores de ocorrências de alguma chacina, por exemplo, de várias regiões do país. “Na região Norte, Nordeste, na questão ambiental, ela aparece muito, na questão da cultura política, ela aparece muito com uma bandeira de luta como tema de atuação das organizações periféricas.

Aprofundar e democratizar

O objetivo principal do banco de dados é aprofundar e democratizar o conhecimento e interpretação das realidades vivenciadas e coletivamente construídas nessas regiões.

O painel de dados é uma ferramenta de fácil navegação que simplifica a compreensão dos resultados das pesquisas. Ele oferece um mapa georreferenciado, que amplia a localização das experiências retratadas e facilita o diálogo entre elas.

No portal, é possível visualizar as desigualdades de raça, de gênero e de região no Brasil. Ele afirma que com essas informações, o Estado brasileiro pode detectar necessidades e promover políticas públicas, por exemplo.

“O Estado pode tomar as decisões em favor das populações periféricas. Ali a gente tem um retrato dos problemas, dos potenciais e das propostas de reprises políticas que as populações periféricas estão envolvendo. Então, o portal é importante porque ele visibiliza problemas e caminhos a seguir, e o governo é importante porque ele dá base para a tomada de decisão e elaboração das políticas públicas”.

O banco de dados disponibiliza ainda as pesquisas em publicações abrangentes, como livros e relatórios.

Assista a entrevista completa: