Parteiras de Breves mantêm prática ancestral e lutam por reconhecimento e valorização
Por Rose Silva
A Associação das Parteiras Tradicionais do Município de Breves é uma organização fundada em 2010 que luta pelos reconhecimento e valorização do trabalho das parteiras da região, em sintonia com as políticas públicas de saúde.
À frente da instituição desde 2022, a técnica de enfermagem Maria Augusta da Cunha Borges acompanhava a avó desde criança, quando ela era chamada para assistir as mulheres em trabalho de parto no interior. E assim, durante uma complicação, teve a oportunidade de auxiliá-la e passou a ser formada para suceder a matriarca neste ofício. “Minha avó foi parteira das filhas, das noras, quando nasci, foi ela que me pegou. Na nossa cultura popular de parteira, é isso que acontece. O último parto que a minha avó fez foi o do meu primeiro filho, eu estava com dezenove anos e ela com 95”, lembra.
Quando foi afastada do trabalho por conta de um acidente, Maria continuou fazendo partos e começou a organizar o movimento das parteiras de Breves por meio da associação. “Foi quando veio para cá a Rede Mondó, que queria conhecer pessoas e projetos. Eu me aliei à instituição, fiz um levantamento aqui no município sobre as parteiras e comecei a trabalhar para organizar a primeira capacitação, que teve 94 participantes”, relata.
A batalha seguinte foi a legalização da Associação, que hoje tem CNPJ e está regularizada junto a Receita Federal. “Estamos com 104 parteiras cadastradas e já conseguimos também materiais que são utilizados durante o parto, como aparelho de pressão digital e também sonar. Avançamos cada vez mais no reconhecimento das parteiras tradicionais e queremos que sejam valorizadas”, afima.
As gestantes já perceberam que, em vez de esperar uma hora e meia na fila do hospital para que o coração do bebê seja auscultado, podem ir até uma parteira e ter atendimento imediato. Por isso a procura pelas parteiras tem aumentado bastante no município de Breves, principalmente na zona rural.
Além de orientar as gestantes e fazer partos domiciliares, as parteiras acompanham partos no hospital municipal. A associação sobrevive de doações e de parcerias com o município.