Por Pai Ricardo de Xangô e Mãe Bia de Pombagira

Iemanjá não tem o nome de santa, mas, como Nossa Senhora, padece sobre nossas cabeças, ajudando a ter discernimento durante a nossa existência, e por isso tem uma importância sobre as nossas vidas. Como patrimônio imaterial alcançado em 2015, a festa representa muito mais que apenas uma comemoração. É uma luta de preservação da memória dos povos de terreiro.

A Associação Pai Luiz de Aruanda, com a direção de Pai Ricardo de Xangô  e Mãe Bia de Pombagira, defende a grande importância da homenagem à rainha das águas, valorizando a simbologia, a transmissão e a prática de tradições fundamentais para a identidade da comunidade. E lutou para que a festa alcançasse outras regiões, saindo da Praia do Futuro e migrando parcialmente para o aterro de Iracema, resgatando também uma grande parte de terreiros que não participavam mais da festa por conta da logística de segurança que assombrava a comemoração. Essa migração não apenas deixou a festa mais notória como também trouxe nossas práticas religiosas para perto de outras comunidades, demonstrando na prática a nossa fé e cultura.

A festa de Iemanjá não apenas se tornou uma festa tradicional, mas, como uma forma de resistência pela nossa ancestralidade, traz para um polo de turismo cearense uma comunicação pacífica sobre o que são as práticas da religião umbandista. Com essas conquistas, a Associação Pai Luiz de Aruanda constrói tradições que serão perpetuadas para a construção de memórias e saberes que abrangem toda a comunidade umbandista, trazendo identidade e importância para as nossas celebrações.

Há mais de trinta anos, pai Ricardo de Xangô e Mãe Bia de Pombagira abraçaram a missão de ter um centro espírita de umbanda, com a determinação de que a doutrina umbandista ultrapassasse as barreiras do terreiro e chegasse a todos. Com muita dedicação e fé, em 2012 ajudaram a reconstruir a Festa de Iemanjá, alterando e expandindo a tradição para o aterro da Praia de Iracema. A Associação Pai Luiz de Aruanda não apenas ajuda na fomentação de diretrizes para os povos de terreiro, como é um ícone de resistência contra a intolerância religiosa.