O lançamento oficial do Painel de Dados do projeto Reconexão Periferias, da Fundação Perseu Abramo, reuniu em Brasília, no último dia 29 de novembro, representantes do governo federal, do PT, de movimentos sociais e de órgãos de pesquisa.

Apresentado como “o maior banco de dados sobre periferias do Brasil”, o Painel de Dados está disponível na página do Reconexão Periferias, inserido no portal da Fundação Perseu Abramo.

O vídeo do lançamento está disponível no Youtube da Fundação Perseu Abramo. Assista:


O diretor responsável pelo Reconexão Periferias, Artur Henrique, destacou a permanência ativista do projeto. O processo de pesquisas e coleta de dados que compõe o Painel, iniciado em 2018, ano de revés eleitoral para as forças democráticas brasileiras, atravessou todo o período de retrocessos que se seguiu e, depois da vitória de Lula em 2023, prepara-se para novas ações.

“É habitual que projetos sejam iniciados em determinadas conjunturas políticas e depois interrompidos. O Reconexão permanece, porque a Perseu Abramo tem entendido o papel estratégico de olharmos para a realidade das periferias a partir da visão que elas mesmas têm”, disse Artur.

Paulo César Ramos, coordenador do Reconexão Periferias, lembrou que os dados e saberes condensados no Painel têm sido construídos em diálogo com movimentos sociais e coletivos que vivem e interpretam a realidade desses territórios, assim como pesquisadores, acadêmicos, universidades e lideranças políticas.

Ramos destacou a importância da presença de representantes de diferentes ministérios no lançamento, porque, em sua opinião, as pesquisas reunidas no Painel de Dados podem ajudar na elaboração de políticas públicas para as periferias.

“O Estado pode tomar as decisões em favor das populações periféricas. Aqui temos gente, tem um retrato dos problemas, dos potenciais e das propostas de reprises políticas que as populações periféricas estão envolvendo”, afirmou.

Secretária de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, do Ministério da Igualdade Racial, Iêda Leal se mostrou impactada especialmente pelos dados recolhidos pelo eixo Violência para o Painel de Dados. “A juventude negra e periférica, sabemos, tem sido vítima da morte. Creio que os futuros gestores das cidades, palco de eleições no ano que vem, precisam se imbuir de um pacto, de um projeto profundo de defesa da vida”.

Josué Medeiros, da Secretaria Nacional de Periferias, do Ministério das Cidades, elogiou a construção das pesquisas do Painel de Dados, que, segundo ele, segue uma lógica “de baixo para cima”. Ele crê que este deve ser o espírito do governo na aplicação de projetos. “Nosso objetivo é ter esse olhar na implementação dos projetos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) nas periferias”, disse. Medeiros afirmou que o processo de escuta pode evitar projetos que fragmentem ou destruam vivências que são caras às periferias.

Ronald Sorriso, secretário nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República, elogiou o trabalho do Reconexão e disse que o Painel de Dados deve ser uma referência importante na construção das políticas públicas. “São informações essenciais tanto para quem faz ativismo quando para quem está pensando a gestão”.

“Essas informações são muito importantes, pois além de utilizarem dados de bases clássicas, como o IBGE, trazem informações novas sobre o comportamento social, cultural e político das populações que vivem nas periferias, um olhar daqueles que são os que mais precisam de mudanças nas políticas públicas e de justiça social”, afirmou André Calixtre, que atua no Gabinete de Informações do presidente Lula.

Denise Motta Dau, secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, do Ministério das Mulheres, destacou a importância das pesquisas feitas pelo Reconexão na área de mercado de trabalho. “A autonomia das mulheres, incluindo a liberdade de romper com todas as formas de violência, passa necessariamente, também, pela construção de autonomia econômica. As pesquisas do Reconexão têm um olhar muito atento para a realidade das mulheres periféricas, no âmbito de suas vidas privadas e públicas, no mercado de trabalho e no cuidado com familiares e filhos”.

Compareceram ao lançamento outras representações do governo federal, como da Secretaria de Relações Institucionais, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e do Ministério da Justiça e Segurança Pública.