As organizações são entrevistadas em sua maioria pelo telefone e respondem a um questionário de 47 perguntas sobre objetivos, localização, ano de criação, temas de atuação, atividades realizadas, cerceamentos enfrentados, número de participantes, espaço utilizado, público prioritário, territórios prioritários, formas de participação e articulação, meios de divulgação e bandeiras de luta.
O levantamento teve início em 2018, quando a equipe do Projeto realizou uma busca inicial de organizações estratégicas para o início do mapeamento, baseado nas experiências de campo das pesquisadoras. Estas organizações foram qualificadas como as “sementes” que possibilitaram a ampliação dos contatos, gerando os “frutos” (contatos de novas organizações para novas rodadas). O levantamento das sementes teve como ponto de partida as três áreas do Projeto Reconexão Periferias: cultura, trabalho e violência. Foi apresentada pelo menos uma semente por unidade da federação para cada uma das três áreas. Algumas sementes, embora tomadas como estratégicas, não responderam ao contato inicial. Dentre as 79 sementes pré-selecionadas, 51 foram mapeadas e geraram 137 frutos para a segunda rodada. Este método foi aplicado sucessivamente e hoje a grande maioria das organizações mapeadas são fruto desse processo.
No decorrer dos trabalhos, em momentos de esgotamento da bola de neve, algumas organizações entraram para o mapeamento sem terem sido indicadas nas rodadas anteriores, como uma nova geração de sementes. Em 2019, o Reconexão Periferias percorreu o Brasil em fóruns regionais que contaram com a presença de centenas de organizações das periferias. A maioria das entidades presentes já estavam mapeadas, mas as que compareceram aos fóruns e não faziam parte do nosso cadastro, foram mapeadas posteriormente em uma nova rodada. Também realizamos um impulsionamento direcionado do link do automapeamento para regiões e temas que ainda tinham pouca representação.
O mapeamento segue sendo realizado de forma contínua, principalmente para a ampliação da base de organizações, segmentos e regiões mapeadas. Como é característico da metodologia bola de neve, esse mapeamento não pretende funcionar como uma amostragem representativa ou aleatória desses grupos. Porém, para o controle de critérios mínimos de representação, estabelecemos desde o início metas de mapeados por unidade da federação, levando em conta dados populacionais e metas de eixos temáticos, buscando garantir ao menos diversidade regional e temática de entidades. Essas metas iniciais já foram alcançadas.
O Mapeamento de Coletivos e Movimentos Sociais das Periferias Brasileiras foi iniciado em meio a um cenário de retrocessos democráticos. Uma parte das organizações entrevistadas, preocupada com possíveis repressões ou ameaças, além de incertas do que estaria por vir nos anos seguintes, nos pediu para que seus dados mais informativos (das organizações e das pessoas entrevistadas) não fossem divulgados. Por isso, o painel do mapeamento apresenta apenas 30 das 47 questões do questionário, deixando de fora o nome das entidades mapeadas, seus endereços, objetivos de atuação que poderiam ajudar a identificá-las, o nome dos parceiros com os quais atuam e outras informações. Apesar da relativa perda qualitativa na não divulgação desses dados, isto não compromete a visão geral, por um lado, e por outro, há um ganho relevante, tendo em vista que a maioria das questões divulgadas são fechadas, permitindo uma melhor visualização das respostas, além de filtros e cruzamentos mais específicos. De qualquer modo, os dados divulgados permitem visualizar e compreender melhor as diversas formas de atuação de coletivos e organizações das periferias de todo o país, que frequentemente ficam fora de outras bases de dados relevantes.
Os resultados da pesquisa permitem uma compreensão ainda mais aprofundada sobre uma amostra das organizações mapeadas. Foram selecionadas 80 entidades entre as 812 organizações cadastradas até então no Mapeamento. O estudo levantou os elementos disparadores à criação das organizações periféricas, seus campos de atuação, tipos de atividades realizadas, públicos mobilizados, financiamento, experiências de sociabilidade promovidas e/ou identificadas no território, formas de participação da população, relação com a política institucional, conflitos de interesse nos territórios, comunicação comunitária, as condições, estratégias e as perspectivas de atuação durante e após a pandemia, bem como o efeito dessa pandemia em seus territórios.
Ficha técnica da equipe
Coordenação Geral: Paulo César Ramos
Pesquisadora Responsável pelo Mapeamento: Victoria Lustosa Braga
Responsáveis pela formulação do questionário: Jaqueline Lima Santos, Danilo Cardoso, Matheus Toledo, Vilma Bokany, Paulo César Ramos, Juliana Borges e Léa Marques
Responsáveis pela coleta de mapeamentos: Ruan Bernardo, Victoria Lustosa Braga e Marcos Vinicius Rocha
Responsáveis pelo treinamento da/dos estagiária/os: Matheus Toledo e Vilma Bokany
Agradecimentos à equipe que trabalhou/têm trabalhado direta ou indiretamente com o banco: Artur Henrique, Jaqueline Lima Santos, Paulo César Ramos, Matheus Tancredo, Vilma Bokany, Sofia Toledo, Juliana Borges, Léa Marques, Isaías Dalle, Rose Silva, David da Silva.
Informações de contato
E-mail: [email protected]
Fone: 11 5573-3338