Rose Silva

O Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas teve origem em 1992 e se tornou a principal e mais atuante organização feminista local. Criado a partir da necessidade de um movimento autônomo que ampliasse a visibilidade das demandas das mulheres de Pelotas (RS), consolidou-se como uma referência na luta por direitos e contra todas as formas de violência de gênero. Desde sua fundação, tem sido um espaço de acolhimento, articulação política e resistência feminista na cidade.

Segundo a coordenadora e cofundadora do grupo, Eva Santos, foi a morte de duas mulheres que levou as feministas a se unirem, em uma época em que nem existiam as leis Maria da Penha e do feminicídio. “Houve um caso de feminicídio, que na época era chamado de crime contra a mulher, e no mês seguinte um segundo, por isso nos juntamos para denunciar”, lembra. Desde então, o Gamp tem atuado na defesa dos direitos, tanto nas políticas públicas quanto no sistema judiciário, assim como no fortalecimento das mulheres em seus processos de participação política.

Eva afirma que desde os 15 anos observou as diferenças entre homens e mulheres do ponto de vista dos direitos. “Nos últimos anos eu tenho me dedicado mais a pensar e a contribuir a partir de uma leitura do feminismo, entendendo que a pauta liberal não dá conta das disparidades no Brasil, sempre atuando na área das políticas públicas. E também atuado na comunicação popular, por meio de programas em rádio dedicados a conversar com mulheres, movimentos e organizações, principalmente de mulheres negras”, diz.

Em 2001, a partir de uma reformulação no estatuto, a organização incorporou as lutas anti-LGBT fóbicas e as pautas antirracista e anticapacitista. Desde o início, o grupo segue acompanhamento julgamentos nos casos de assassinatos de mulheres, atuou na criação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, faz processos formativos na cidade em parceria com as universidades e contribui na formulação e avaliação de políticas públicas. Tem ainda uma participação nos observatórios de segurança pública, além de promover seminários sobre a Lei Maria da Penha.