Por Paulo Ramos

O Partido dos Trabalhadores, em sua carta de princípios, expressa que sua existência responde à necessidade que os trabalhadores sentem de um partido que se construa intimamente ligado com o processo de organização popular, nos locais de trabalho e de moradia.

Assim, o Projeto Reconexão Periferias, na Fundação Perseu Abramo, tem se dedicado a refletir sobre como o Partido dos Trabalhadores pode aprimorar sua relação com a sociedade, a partir da intensificação da relação com os movimentos sociais das periferias, na criação de parcerias Brasil afora, mirando o fortalecimento das pautas políticas das periferias.

Desde a redemocratização, a luta pela justiça social teve como principal instrumento político o Partido dos Trabalhadores, que, junto com outras organizações dos movimentos sociais, agregou-se aos milhões de brasileiros que atuavam no campo e na cidade para viabilizar uma Constituição democrática e a luta pela concretização de direitos. Passados 45 anos de muitas lutas e conquistas e também de muitas transformações, vimos que é necessário fazer o balanço de como essas estruturas organizacionais, programáticas e discursivas atuam para fazer valer os anseios por justiça social e emancipação popular.

Muito mais do que voltar para as bases, é preciso reforçar que as bases têm de estar na direção da política no Brasil. Multiplicam-se pelo território nacional coletivos, entidades, fóruns, redes etc. de organizações baseadas na defesa de direitos humanos, das mulheres, dos negros e jovens, de inclusão produtiva, de defesa do meio ambiente. A organização popular nunca parou de acontecer, e os anos de inclusão social promovidos pelos governos do PT ampliaram as possibilidades de organização do povo porque melhoraram as condições de vida entre os mais pobres, por um lado, como também, por outro, redefiniram os anseios, desejos e horizontes de direitos.

Nestes 45 anos de PT, a renovação programática e organizativa que o PT necessita efetuar será debatida durante o processo do Processo Eleitoral Direto (PED) e dos Encontros Municipais, Estaduais e o Nacional, e deve vir do diálogo com estes movimentos sociais que resistiram ao avanço do fascismo, ao vírus da pandemia e ao governo do verme. Nas periferias, o povo tem lutado todo dia e não é uma postura salvacionista que melhorará a relação do PT com o povo, mas sim deixar-se influenciar pelo que de novo os movimentos têm mostrado. Neste sentido, as secretarias e dirigentes ligados à Formação, Organização, Mobilização e Comunicação, em especial, precisam mergulhar nesta tarefa!

Por isso, iniciamos na revista Reconexão Periferias, uma série de artigos e entrevistas para aprofundar a reflexão e debate sobre esse tema estratégico e visceral para a necessária atualização programática e organizativa.